Especial Santa Tecla | Das origens à atualidade, com olhos no futuro

Especial Santa Tecla | Das origens à atualidade, com olhos no futuro
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Registro feito na Santa Tecla, próximo à casa de Erna Wulff, há mais de 100 anos. Imagem: Reprodução

O Giro de Gravataí encerra a série de reportagens sobre a Santa Tecla nesta sexta-feira (24/3). A matéria destaca contribuições da Associação de Moradores e depoimentos de quem vive nessa terra repleta de histórias.

Nas últimas semanas, contamos um pouco da história do distrito de Santa Tecla, cujo povoamento iniciou no século XIX com a chegada das primeiras famílias, principalmente de origem alemã, à região. Aspectos culturais, econômicos e sociais tiveram destaque na série de reportagens, que traz hoje relatos de quem nasceu nesta localidade ou a escolheu para trilhar seu caminho. Também referenciamos a atuação da Associação de Moradores, que desempenhou papel importantíssimo no desenvolvimento do lugar.

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Conquistas provenientes do trabalho da ACOST

Em maio de 1987, os moradores deste distrito se reuniram com o objetivo de criar a Associação Comunitária da Santa Tecla (ACOST). O grupo teve, durante seus 13 anos de existência, presidentes como Ivo Pacheco, Nelson Bitelo e Júlio Closs. A entidade esteve focada, especialmente, em ações com a finalidade de fomentar o desenvolvimento econômico, sociocultural e a preservação ambiental.

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Morro do Paula foi beneficiado pela associação na luta para instalação da rede elétrica na região. Imagem: Reprodução

A Associação de Moradores foi responsável por diversas conquistas e eventos na Santa Tecla, como, por exemplo, o saneamento, a abertura de estradas, a implantação do posto da Brigada Militar, entre tantas outras. Uma vitória obtida pelas lideranças comunitárias, inclusive, foi a rede elétrica para o Morro do Paula, localizado na zona leste. “Lembro como era difícil para os moradores daquele morro viverem sem luz, tudo era manual… Até que a associação se reuniu e conseguimos realizar esse feito na região. Foi uma alegria para a comunidade local! Ao todo, 54 famílias foram beneficiadas, na época”, relembra o ex-presidente e historiador Nelson Bitelo.

No que se refere à preservação ambiental, uma das maiores lutas da ACOST foi o combate às práticas inadequadas da antiga pedreira que ficava situada no distrito. Após mobilização dos moradores contra essas más práticas ambientais da empresa, a comunidade ganhou na Justiça o direito a um hectare de terra na região, que posteriormente, na década de 90, foi doada ao Governo do Estado do Rio Grande do Sul para construção da Escola Santa Tecla.

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O desenvolvimento local por meio da comunicação também recebeu atenção especial da associação. Em 1988, a comunidade conseguiu fazer com que fosse instalado um posto dos Correios próximo à Igreja Católica e, em 1991, os moradores celebraram a inauguração do primeiro telefone rural da região.

Comunidade reunida na inauguração do posto dos Correios. Imagem: Reprodução

Além dessas conquistas, a Associação Comunitária da Santa Tecla também realizou muitos eventos, como bailes de Kerb, caminhadas cívicas e desfiles em datas comemorativas. Desde o ano 2000, a ACOST está inativa, mas de lá pra cá, as lembranças saudosas de todos os feitos em benefício da população não deixam morrer o desejo e a esperança de que a instituição volte a funcionar.

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Caminhadas cívicas e desfiles em datas comemorativas também eram ações da ACOST. Esta foto é dos anos 90. Imagem: Reprodução

Seis gerações de uma família que ama esta terra

Em conversa com o Giro de Gravataí, o motociclista Daniel Bayer, responsável por fazer a maioria das trilhas utilizadas pelos esportistas na região, afirmou que se sente privilegiado por fazer parte de uma família com tantas histórias e contribuições para a Santa Tecla. Ele é a quinta geração dos Bayer residentes no município – tataraneto de Guilherme, bisneto de Theobaldo, neto de Ermindo e filho de Erni. Por parte da mãe, é descendente dos Schuch (bisneto de Lino, neto de Zildo e filho de Ceni) e Bitelo (tataraneto de Jorge, bisneto de Joana, neto de Enilda).

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“Tenho uma ótima vida em um lugar tranquilo, seguro, abençoado e sadio. Uma vida em estilo colonial, em que todos os moradores se conhecem e que, de alguma forma, valorizam suas ancestralidades. Mas o que mais me orgulha é que resido em uma casa centenária, construída pelo meu tataravô Guilherme Bayer; tenho ao lado da residência o açougue que foi da Família Bayer e, após, dos Schuch, além da carpintaria e ferraria construída pelo meu bisavô Lino”, relata.

Daniel, Cristyan e Brayan Bayer em frente à casa construída pelos antepassados. Foto: Divulgação

A Família Bayer já está na sexta geração na Santa Tecla. Daniel tem dois filhos, Cristyan e Brayan Medeiros Bayer, de 16 e 6 anos. Ambos herdaram a paixão pela mototrilha. Tanto o mais velho, que está no Ensino Médio, como o caçula, aluno da primeira série, têm motos e demonstram que, futuramente, darão continuidade à prática esportiva que faz muito sucesso nessa parte da cidade.

Cristyan gosta muito de videogame e ciclismo, mas não se identifica tanto quanto o irmão com as atividades típicas da vida no campo. “O Brayan adora animais, às vezes tira leite das vacas aqui do sítio e agora quer que o avô construa uma carretinha. Ele quer participar das carreteadas junto com meu pai”, comenta o filho de Erni.

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O caçula da Família Bayer herdou o gosto pela lida campeira. Foto: Divulgação

Ponto de encontro dos Closs

Atualmente, três descendentes de Henrique Closs moram na Santa Tecla: as netas Carla e Cláudia e o bisneto Gabriel. Contudo, a residência construída pelo Vô Ricus e deixada de herança continua sendo o ponto de encontro da família. A casa fica cheia todo final de semana e em datas comemorativas. “Os aniversários de qualquer um da família são aqui. O amor nos une. Nossa maior felicidade é ter a família unida e feliz”, frisa Carla, que é professora de História aposentada.

O filho mais novo de Cláudia, Gabriel, de 33 anos, se mudou recentemente para a Santa Tecla. Técnico de informática, ele estava estudando Inglês no Canadá e ao retornar passou a morar no distrito. O irmão, Pedro Henrique, de 35 anos, reside em Novo Hamburgo, no entanto, visita os familiares em Gravataí com frequência, sempre trazendo o pequeno Gonzalo, de 4 anos, um menino carismático e que, segundo a tia Carla, adora brincar pela propriedade, em meio à natureza.

Família Closs costuma se reunir regularmente na casa construída por Henrique. Foto: Divulgação

A paixão por futebol também foi herdada pelas gerações mais novas dos Closs. Assim como Henrique, que foi o fundador do Grêmio Esportivo Santa Tecla, filhos, netos, bisnetos e o tataraneto adoram o esporte!

Um lugar, dois pontos de vista

Durante a produção do Especial Santa Tecla, o Giro de Gravataí ouviu muitos relatos de quem nasceu nessa terra e não pensa em abandoná-la, mesmo que haja dificuldades no dia a dia, como em qualquer outro lugar. Os entrevistados exaltaram aspectos positivos como a amizade entre os moradores; o trabalho árduo das famílias para o desenvolvimento da região; as lindas paisagens, que preservam “ares de cidade do interior”; a receptividade da comunidade; o respeito à ancestralidade.

Na percepção do patrão do CTG Estância do Gravatá, Maurício Bitelo, também são pontos positivos investimentos em infraestrutura e serviços. “Tivemos melhorias nas estradas, comércio local e diversos serviços que contribuíram para encurtar nossa distância dos centros urbanos”, comenta. Em contraponto ao que avalia como positivo na Santa Tecla, Maurício alerta que a especulação imobiliária é um assunto que exige maior atenção. “Estão picando terrenos e vendendo em pedaços sem infraestrutura nenhuma. Futuramente, isso vai trazer problemas para a região”, salienta.

A população também descreve outros problemas, como a insegurança no trânsito. A professora de História e neta de Henrique Closs menciona que a via que leva o nome de seu avô traz riscos para quem circula de carro ou a pé. “Nossa estrada é muito perigosa! Não tem um acostamento apropriado. Já tivemos muitos acidentes ali, inclusive com mortes”, lamenta Carla Closs. Outras dificuldades, conforme a moradora, são a poeira – situação que piora com o grande fluxo de caminhões – e o fato de que as reivindicações de melhorias demoram ou não são atendidas. “Nesse sentido, não somos bem servidos”, diz.

Um tema que divide opiniões é o ritmo do progresso na região. Alguns afirmam que gostam do perfil de simplicidade dos estabelecimentos comerciais, dos hábitos de quem “vive no campo”, do sossego que remete a “localidades pequenas”, todas situações comuns na Santa Tecla. Outros, todavia, acreditam que o distrito deveria estar mais desenvolvido, com negócios mais modernos e que fortalecessem os potenciais econômico e turístico do lugar.

Santa Tecla pelas lentes de um artista

O ator e professor Pablo Wulff é talentoso também na arte da fotografia. Morador da Santa Tecla, ele cedeu à reportagem alguns registros que exaltam a beleza e algumas particularidades dessa região de Gravataí.

Foto: Pablo Wulff
Foto: Pablo Wulff
Foto: Pablo Wulff

Leia as outras publicações da série especial:

  1. O empreendedor Cristiano Muller
  2. Memórias e legado das famílias
  3. Vida em comunidade
  4. Unidos pela fé e propósitos em comum
  5. Esporte, negócios e tradição no comércio
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