Especial Santa Tecla | O empreendedor Cristiano Muller

Especial Santa Tecla | O empreendedor Cristiano Muller
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Retrato do construtor Cristiano Muller e da esposa, Maria. Imagem: Reprodução

O Giro de Gravataí inicia hoje (16/2) o Especial Santa Tecla, composto por seis reportagens, que serão publicadas até 23 de março. A série abordará temas sobre a história e cultura do distrito, além de curiosidades sobre famílias da região.

Cada bairro tem suas lideranças, pessoas que lutam por melhorias para a comunidade, pelo desenvolvimento econômico e social, cidadãos que deixam legado às próximas gerações. Na história da Santa Tecla, um desses personagens foi o construtor e carpinteiro Cristiano Muller, descendente de alemães responsável por várias contribuições para o progresso da região. Famílias de descendência alemã, aliás, foram fundamentais para a expansão desse distrito gravataiense. Hoje em dia, no entanto, são poucas as que permanecem no local.

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Morador da Santa Tecla, o historiador Nelson Bitelo estima que apenas cinco famílias de imigrantes alemães ainda morem na região. “Muitos venderam as propriedades e foram embora. Alguns locais se transformaram em sítios de lazer”, comenta. Contudo, entre os descendentes que seguem em Gravataí, há os que ainda preservam tradições com toque germânico. É o caso da Família Muller, proprietária do mais antigo alambique da cidade.

Cristiano Muller impulsionou a economia local ao fundar o alambique em 1892. Por muitos anos, a produção de cachaça artesanal foi o negócio da família e referência no município e estado. Filhos e netos deram continuidade ao trabalho, mas o bisneto Eloi Muller, atual responsável, revela que agora a fabricação se restringe aos familiares e amigos e não há perspectivas de retomada da comercialização. Ele conta que ninguém mais se interessou por aprender o ofício, o que deve representar o fim da produção de aguardente.

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O bisavô de Eloi também foi engajado na construção de espaços importantes para a população da Santa Tecla. Cristiano colaborou para a fundação da igreja católica e primeira escola da localidade. No caso da paróquia, antes mesmo da construção, ele intermediou a vinda de padres para realização de missas em sua propriedade.

O historiador explica que o construtor e carpinteiro era respeitado e influente no estado, o que foi crucial na mobilização junto aos governantes para criar a Escola Rural Mista Quebra-Dente, em 1906. As aulas eram realizadas em um imóvel de Teobaldo Bayer. A instituição de ensino deu origem à Escola Estadual de Ensino Fundamental Santa Tecla. De acordo com Nelson, antigamente era comum conversações em alemão, inclusive na escola, porém, com o passar do tempo, o costume entrou em desuso.

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Residência onde funcionou a Escola Rural Mista Quebra-Dente. Foto: Giro de Gravataí/Especial
Escola Estadual Santa Tecla. Foto: Giro de Gravataí/Especial

A simpatia dos Muller é tipicamente alemã!

Uma das casas mais antigas da Santa Tecla guarda lembranças e muitas histórias. A equipe do Giro de Gravataí esteve na residência de Alzira Muller, neta do fundador do alambique. Dinha, como é conhecida na região, tem cinco filhos, mora com um deles, Eloi, e a neta Carem. Cozinheira de mão cheia, a moradora fala com orgulho do lugar, onde a família – que esbanja simpatia, diga-se de passagem –, se reúne para confraternizações tipicamente alemãs: com mesa farta, muita alegria e bom humor.

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A residência, próxima ao alambique, pertencia a um casal com 13 filhos, mas foi adquirida por Dinha após o casamento. Com valor histórico e sentimental, o imóvel dispõe de peças que levam a uma viagem no tempo, como, por exemplo, os roupeiros, o criado-mudo e a penteadeira em madeira, que teriam sido confeccionados pelo avô dela, em 1900, e ainda se encontram em excelente estado de conservação. Planos de vender a casa? De jeito nenhum. “Já tentaram me comprar até os móveis, que são originais da casa, mas eu não vendo por nada!”, ressalta Dona Alzira.

Alzira Muller, mais conhecida como Dinha, é neta de Cristiano. Foto: Giro de Gravataí/Especial

Na sala e em outros cômodos é possível perceber que os Muller fazem questão de preservar a história. Há vários retratos da família, incluindo o de Cristiano Muller e da esposa, Maria. No dia a dia, eles também se dedicam a atividades comuns entre os descendentes de alemães residentes na área rural, como cuidar da horta, jardim e animais. Por motivos de saúde, Dinha está tendo que diminuir o ritmo, mas a medida do possível, ela gosta de preparar pães, cucas, roscas, bolachas amanteigadas, entre outros doces.

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Casa dos Muller, proprietários do primeiro alambique da região. Foto: Giro de Gravataí/Especial

 

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