Especial Santa Tecla | Esporte, negócios e tradição no comércio

Especial Santa Tecla | Esporte, negócios e tradição no comércio
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Registro do time de futebol da Santa Tecla em 1942. Imagem: Reprodução

Na penúltima reportagem da série destacamos a prática esportiva e alguns dos estabelecimentos comerciais mais populares da região.

A paixão do brasileiro por futebol é reconhecida em todo o mundo. Toda família tem alguém que joga, que sonhou em ser jogador ou é torcedor fanático. Na Santa Tecla há vários exemplos disso. Hoje em dia não é tão comum ver a comunidade reunida para uma partida, mas no passado, o esporte era muito popular na região. O comerciante e juiz de paz Henrique Closs, uma das figuras mais importantes na história do distrito, no século passado, foi o fundador do Grêmio Esportivo Santa Tecla, cujas cores eram grená, verde e branca, as mesmas do Fluminense. Pelo menos até a década de 90, o clube manteve viva a tradição do futebol na localidade, no entanto, com o tempo, a prática esportiva foi perdendo adeptos.

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Nesta foto, os jogadores posaram ao lado da Rainha do Clube, Toni Muller. Imagem: Reprodução
Jogadores que formavam o time do final dos anos 40. Imagem: Reprodução

De acordo com a professora de História Carla Closs, neta de Henrique, a paixão da família pelo esporte continuou. Os descendentes adoram futebol e são orgulhosos do feito do Vô Ricus, como se referem ao idealizador do clube. Alguns jogavam futebol por hobby, outros tinham muita habilidade e sonhavam com uma carreira profissional. Relatos feitos à reportagem indicam que nos anos 80 um morador da Santa Tecla despontava como um atleta promissor. Contudo, os planos não se concretizaram.

“Eu tinha tudo para ser um bom jogador. E também sonhava em cursar Educação Física”, conta o historiador Nelson Bitelo, filho de Seu Nelinho e a professora Eva. Naquela época, os jogos eram regulares. Aos domingos, por exemplo, eram compromissos certos. Numa dessas partidas, Nelson sofreu uma grave lesão no joelho, precisando passar por cirurgia e realizar, posteriormente, muitas sessões de fisioterapia. “Tempos difíceis”, afirma. Recorda que o período de tratamento foi complicado e cansativo. Por falta de profissionais de Fisioterapia na cidade, na ocasião, tinha que ir para Porto Alegre. Todo o processo era desanimador, então o gravataiense se viu obrigado a abandonar o sonho de jogar profissionalmente. Acabou optando por cursar História, outra área pela qual se interessava muito e que lhe permite compartilhar o conhecimento através do trabalho como professor.

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Há cerca de 40 anos, Marco Antonio Pacheco Rosa também era um dos atletas da Santa Tecla que jamais desfalcava o time na tradicional partida de domingo. Ele lembra, especialmente, de jogos em campos situados nas propriedades dos Closs e dos Bitelo, mas ressalta que outros locais sediaram as disputas. A equipe participava de competições pela região e fora do Rio Grande do Sul. “E o nosso ponto de encontro para os jogos de domingo era o Bar do Tio Bruno”, comenta. Dificilmente, quem mora nesse distrito gravataiense desconhece o local. O Bar e Armazém de Bruno Wulff foi um dos mais populares da região e, embora pertença a outra família agora, ainda é citado como referência de localização. Nas conversas com moradores, o Giro de Gravataí ouviu frequentemente menções como “a praça em frente ao Armazém do Bruno Wulff” ou “passando o Bar do Seu Bruno”, mostrando que o comércio está na memória da população.

Atletas do clube na década de 50. Imagem: Reprodução
Equipe atuante nos anos 90. Imagem: Reprodução

Os armazéns e os famosos “caderninhos”

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Bruno Wulff, que faleceu em junho de 2000, aos 81 anos, foi um dos comerciantes mais conhecidos de Santa Tecla. Comandou o famoso bar e armazém por 48 anos. Ele produzia pães e doces que faziam muito sucesso na região. Em reportagens anteriores, o Giro mencionou que a receita da panelinha de coco, um dos produtos mais vendidos, é mantida em família até agora. Segundo a filha Vera Wulff, que ajudava no estabelecimento e assumiu a administração por um tempo, desde a morte do pai, o espaço é alugado, mas se mantém entre os mais populares do bairro.

Bruno Wulff e a esposa, Lony, eram os proprietários do bar e armazém mais lembrado pelos moradores durante a produção da série jornalística. Imagem: Reprodução

A simpatia e bom relacionamento de Bruno e da esposa, Lony, com a comunidade, certamente foram fundamentais para a longevidade do negócio. Na lembrança de muitos moradores está a confiança depositada pelos proprietários do armazém nos clientes. Muitas vezes, eles vendiam fiado! Ia tudo para o caderninho, para pagamento posterior. E, conforme depoimentos concedidos à reportagem, essa prática ainda existe em alguns comércios da Santa Tecla.

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Os donos do bar com o neto Luciano, em evento comemorativo do estabelecimento comercial. Imagem: Reprodução

Há vários bares no distrito e, grande parte deles, mantêm a administração na família. Quando o fundador falece ou se afasta do trabalho, comumente, é um filho ou neto que fica à frente do negócio.

Henrique Closs também teve um bar na região. Imagem: Reprodução

Lancherias de referência para visitantes

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Na década de 80, Marco Antonio Pacheco Rosa e o amigo Paulo Bitelo, o Paulinho (já falecido), decidiram empreender no ramo alimentício. Eles criaram a Lancheria Santa Tecla, ao lado do CTG Estância do Gravatá. O estabelecimento foi um dos primeiros a trabalhar com fast-food na região. “Fomos também o primeiro ponto de encontro dos trilheiros”, frisa Marco, acrescentando que o negócio foi gerenciado, posteriormente, por familiares e ficou conhecido como Lancheria das Gurias. Atualmente, o local também funciona como restaurante, sendo locado para Luiz Roberto Bitelo.

Registro atual da lancheria ao lado do CTG Estância do Gravatá. Foto: Divulgação

Hoje em dia a referência para os praticantes de mototrilha e mountain bike é a Lancheria Santa Tecla (O Point da Trilha) administrada há cerca de 18 anos pela Família Bayer. Segundo Cimône Bayer, que auxilia a mãe, Ceni Teresinha, e o irmão, Daniel, o espaço funciona aos fins de semana e feriados, dias nos quais trilheiros de Gravataí e de outras cidades visitam o distrito, que possui áreas propícias para essas modalidades esportivas.

“Não são muitos os locais para fazer trilhas de moto hoje em dia. Mas aqui, alguns donos das propriedades ainda permitem a organização de trilhas, que são abertas pelo meu irmão”, explica Cimône. A moradora salienta que os cenários percorridos pelos ciclistas e motociclistas são espetaculares. “Através dos trilheiros conhecemos os lugares mais bonitos de Santa Tecla. Tem locais sensacionais que nem o pessoal que mora aqui conhece”, diz.

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Cimône, Ceni e Daniel Bayer recepcionam os trilheiros que visitam a região. Foto: Divulgação

Empresas na região

O Giro de Gravataí apurou junto à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo (SMDET) informações sobre os ramos de atuação da maioria das empresas da Santa Tecla. Os dados fornecidos pela Prefeitura indicam que o distrito conta com 470 inscrições municipais ativas, sendo 367 de Pessoa Jurídica e 103 de Pessoa Física. O cadastro mais antigo de indústria, que segue em atividade, é da Embalagens Euzébio. O registro é de 26 de junho de 1970.

A SMDET revela que os segmentos da maioria das organizações presentes nessa região de Gravataí são: transporte de cargas, indústrias químicas, metalúrgicas, comércio de vestuário e alimentos, logísticas e armazéns gerais. Na atualidade, uma das maiores empresas é a Mineração Vera Cruz.

Trilheiros têm a oportunidade de conhecer as mais belas paisagens da região. Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Aventureiros e solidários

Se hoje Santa Tecla se mantém como um lugar acolhedor para os trilheiros, grande parcela da contribuição é dos Bayer, que não só gerenciam a lancheria onde os esportistas se reúnem como viabilizam as rotas. Daniel, tataraneto de Guilherme Bayer e bisneto de Lino Schuch – que fizeram parte da história inicial da região – foi o responsável por fazer cerca de 90% das trilhas que garantem a prática esportiva nessa área da cidade.

“Há mais ou menos 45 anos passam por aqui trilheiros de várias categorias. Ainda lembro que há uns 40 anos passavam rallys de carros e motos. Eu era fissurado! Há 22 anos, faço trilhas de moto e recordo que, quando comecei nas trilhas, as motos andavam basicamente em estradas abandonadas, atalhos que os moradores usavam para o deslocamento, entre outros locais. Atualmente, atravessamos banhados, riachos, campos e beira de roças, morros, pedreiras, barreiras e, principalmente, muitas matas”, relata.

Daniel fez a maioria das trilhas que são percorridas pelos motociclistas e ciclistas atualmente. Foto: Divulgação

Daniel ressalta que grandes eventos para motociclistas foram promovidos no distrito em 2008 e 2009. Cada edição reuniu mais de 300 participantes. “Não foi possível continuarmos, devido à desaprovação de alguns moradores, mas nem por isso o esporte parou! Fazemos ações sociais todos os anos aqui nas redondezas, ajudando algumas famílias com cestas básicas e outras necessidades. Grande parte dos trilheiros se une para doar presentes para a criançada no Natal, Dia das Crianças e Páscoa. Também entregamos roupas, calçados, materiais escolares”, comenta.

Um dos grupos que pratica mototrilha na Santa Tecla. Foto: Divulgação
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