- Esporte
- 6 de junho de 2021
Giro Colorado | Projeto precisa ser revisto com urgência ou o vexame poderá ser histórico
Não sou profeta, também não acredito que pessoas tenham poderes de prever o futuro, mas vou dizer algo que provavelmente vai acontecer. Quando acabar o Campeonato Brasileiro, o campeão terá vencido o Sport em sua casa e terá, no mínimo, empatado com o Fortaleza fora. Não é difícil fazer esta projeção. Embora seja normal ver os times da ponta cometendo um ou outro deslize, o vencedor costuma vencer os times mais fracos em seus domínios e dificilmente é derrotado por essas adversários quando viaja.
Bom, então estou dizendo que o Inter não será campeão? Não, mesmo não acreditando no título. O que quero dizer é que o projeto em andamento no Beira-Rio precisa ser revisado com urgência. O plano de Alessandro Barcellos e seu grupo tem muitos pontos positivos. Além do aproveitamento da base, a proposta de ter um mesmo pensamento desde a formação dos jogadores até o time principal me parece excelente. A ideia de enxugar as despesas não pode nem ser discutida, é uma necessidade.
O ponto que precisa ser repensado é a estratégia para tornar o Inter protagonista. Existe o entendimento na Padre Cacique que para ser protagonista, um time precisa ser propositivo. Não vejo isso como uma verdade absoluta, mas se o desejo é ver um Colorado Campeão e atacando os adversários, me serve.
Entretanto, o Jogo de Posição, tão pregado por alguns, não é o único modo de ser propositivo. O Flamengo do Jorge Jesus, melhor time das Américas na década, não jogava assim. O Santos mágico de 2011, também não. Podemos ser agressivos sem a necessidade desta filosofia de jogo tão revolucionária.
Enquanto escrevia a última linha, tomávamos gol de Wellington Paulista. O quinto da derrota vergonhosa para o Fortaleza. Talvez, quando alguns estiverem lendo este texto, Miguel Ángel Ramírez não seja mais o treinador colorado. Pois bem, não adiantará trocar o treinador sem mudar este projeto. O aclamado futebol de posição demanda tempo para a adaptação. Talvez a nossa diretoria não tenha percebido, não temos tempo.
Já perdemos o Estadual, estamos na Libertadores, na Copa do Brasil e no Campeonato Brasileiro. Precisamos reagir o mais rápido possível. Sem ser alarmista, quero lembrar que um quarto dos doze grandes do Brasil está na Série B neste momento. E não é absurdo acreditar que não voltem à elite no próximo ano. Ninguém quer ver o Inter tomar este caminho novamente, mas então, é preciso entender o que este grupo pode nos dar.
Quando falo do grupo, não acredito que seja um elenco fraco, mas precisamos entender as características de quem entra em campo com a camisa do Inter. O modo de jogar, precisa ser de acordo com o que os nossos atletas podem oferecer. Já mencionei aqui, os melhores momentos do Inter nos últimos cinco anos foram com Rodrigo Dourado, Edenílson e Patrick iniciando o meio.
“Ah, mas três volantes é muito reativo”, alguém poderá dizer. Quero lembrar que vencemos a América pela segunda vez com um meio que começava com Sandro, Guiñazu e Tinga. Aquele time jogava retrancado? Durante décadas, Abel Braga teve o rótulo de ser muito ofensivista. Pois bem, quando chegou ao Beira-Rio no ano passado, retomou o tripé lançado por Odair. Por quê? Teria Abel virado um retranqueiro? A mim, parece muito mais que ele entendeu as principais características do grupo que comandava.
Se o Inter não entender quais são as suas possibilidades, as características de seu time, derrotas como a de hoje farão parte da nossa rotina e a desgraça poderá ser ainda maior.