- Especial
- 11 de junho de 2021
Há 16 anos, mãe e filho, moradores de Gravataí, desapareciam sem deixar rastros
O que aconteceu com Sirlene de Freitas Moraes, 42 anos, e com o seu filho Gabriel, de sete? Esta pergunta é recorrente entre familiares da comerciante, que ainda vivem em Gravataí. Além disso, o sumiço dos dois é também uma incógnita para o jornalista investigativo Carlos Wagner, que durante 33 anos, cobriu os mais variados casos de crimes que envolviam o desaparecimento de pessoas.
Mesmo aposentado, Wagner montou uma redação em casa, e frequentemente resgata o caso de Sirlene como um dos mais rumorosos e insolúveis do RS. Nesta sexta-feira (11), a história ganha mais uma marca, o décimo sexto ano de dor e sofrimento para aqueles que ainda tem esperança de localizá-los, vivos.
Foi por volta do meio dia que Sirlene se encontraria com um médico homeopata da Capital para que ele assumisse a paternidade de Gabriel, fruto da relação dos dois. A motivação para que Sirlene procurasse o médico foi por conta da revelação ao ex-companheiro de que o menino não era seu filho, confirmando também as informações que passaram a circular através da imprensa de que o médico e Sirlene tinham um relacionamento extraconjugal.
O Irmão de Sirlene foi quem levou os dois até um posto de gasolina na Avenida Baltazar de Oliveira. Do local, desapareceram sem deixar vestígios. O caso foi parar na 14ª Delegacia de Polícia (DP) de Porto Alegre. Durante o andamentos das investigações, o médico se tornou o principal suspeito da polícia, chegou a negar ter ido ao encontro de Sirlene, mas foi desmentido pelo rastreador de seu veículo, conforme apontou a polícia na época.
Investigações chegaram a avançar
Passados dias do desaparecimento, já descartando algum tipo de sequestro para extorsão, a polícia começou a seguir possíveis outras linhas. A essa altura os investigadores também haviam descoberto que Sirlene não havia marcado o encontro para revelar ao homeopata que Gabriel era seu filho, mas sim para acertar detalhes de um pensão mais alta, já que conforme o próprio médico na época, o valor repassado mensalmente a Sirlene era de R$ 200 e passaria a R$ 1.500, além da promessa de um apartamento para que mãe e filho pudessem viver a vida.
Interceptações telefônicas, com autorização judicial, comprovaram que Sirlene e Gabriel também estiveram em uma fazenda do médico, no interior de Cachoeirinha do Sul. Na escuta, policiais constataram que a esposa do médico sabia sobre o filho de seu companheiro e afirmou à polícia que orientou o marido a ajudar Sirlene.
Após outras incoerências em depoimentos e na dinâmica revelada, a polícia pediu a prisão do médico e o indiciou pelo crime de duplo homicídio qualificado, além da ocultação de cadáver. Ele ficou detido cerca de 58 dias, até apresentar alibis convincentes e ser solto por meio de um Habeas Corpus.
Buscas pelos corpos chegaram a ser feitas também na residência que médico possuía no Uruguai, mas nada foi encontrado. O caso se arrastou por mais alguns meses, até nenhum outro suspeito entrar na mira da polícia. Sem os corpos, que comprovariam o crime, o caso foi arquivado por falta de provas. Sirlene e Gabriel nunca mais foram localizados.