- Na tela
- 11 de junho de 2021
Amon Costa | A história que se esconde atrás das fachadas de Gravataí
A primeira vista pode parecer uma propaganda da Loja Paquetá no centro de Gravataí, mas as novas gerações aficcionadas em cinema, pouco sabem da história deste prédio na Av José loureiro da Silva n 1433. A recente reforma desnudou a fachada original do Cine Metrópole, também conhecido como o cinema do Itamar Fonseca, inaugurado em 1948 e que fechou suas portas em meados dos anos 70.
Gravataí da década de 1950, com seus 30 mil habitantes, vivia uma fase de grandes transformações e urbanização. O pós-guerra ( II Guerra Mundial) lançou sobre o mundo ocidental uma forte influência cultural de Hollywood, o jeito de vestir, os penteados e modismos. Os olhares e a conversa fácil começavam na entrada do cinema, os guris na calçada do outro lado da rua faziam ponto de encontro para trocar figurinha e gibis.
“A piazada nem queria saber de filmes, queria mesmo era melhorar as coleções de gibis, o cinema era mais um ponto de encontro” lembra Julinho Barbosa. Os filmes nos anos 40-50-60 tinham intervalos para ir ao banheiro, comprar guloseimas e obviamente paquerar.
O charme maior do Cine Metrópole eram as apresentações do musical Danilo Pelizzoni e Antonio Zilmar Ramos, o Maninho, os mais famosos seresteiros da aldeia. As cadeiras não eram estofadas, o que não tirava a procura das sessões, a professora Tânia Loff ,frequentadora desde criança com seu pai, não perdia um filme da atriz italiana Sofia Loren.
Uma das memórias da professora Rosinha Kroeff de Farias, é estar no meio da sessão de cinema com o namorado e o seu pai ir buscá- la no meio do filme, em 1964 , para anunciar a piora do médico e amigo da família, Dr Luiz Bastos do Prado.
O filme de maior sucesso da história de Gravataí foi o filme “ Coração de Luto” do músico Teixeirinha, segundo a sobrinha do seu Iracildes Angela Fonseca as filas dobravam a esquina com todas as sessões absolutamente lotadas, “Uma tia fazia arroz de leite para vender nos intervalos, minha família chegou a ter bombonier no hall de entrada, vendendo as famosas balas gasosa e as tradicionais 7 belo.”
Com a chegada da televisão nos anos 60 e sua popularização nos anos 70, as salas de cinema entraram em declínio, sempre em locais privilegiados das cidades, a especulação imobiliária falou mais alto e o golpe de misericórdia das salas de cinema foram as videolocadoras nos anos 80.
O prédio onde hoje existe uma loja de calçados foi um importante espaço cultural que deve habitar a memória de muitos gravataienses, cinema é a arte de emocionar! Coloque aqui nos comentários se você viveu ou conhece alguma história do Cine Metrópole de Gravataí.