- Esporte
- 27 de janeiro de 2020
Giovani de Oliveira | O futebol de D’Alessandro não se discute, se aplaude
Outro dia, dois dos nomes mais importantes da crônica esportiva gaúcha quase saíram no tapa ao vivo na Rádio GreNal. O motivo da discussão tem nome: D’Alessandro. Ano após ano comentaristas, repórteres e torcedores discutem. Há pelo menos cinco anos, sempre tem alguém para dizer que o jogador não tem mais condições para jogar no Internacional.
Discutir D’Alessandro é desperdiçar uma oportunidade de apreciar o futebol bem jogado. Provavelmente esta seja a última temporada do argentino no futebol profissional, quando parar vai fazer falta.
É muito bom quando temos jogadores diferenciados na dupla GreNal. Que apreciador de futebol não gosta de ver um lançamento como o do camisa 10 para Edenílson na vitória do Inter, ontem, sobre o Pelotas. Dale recuou para buscar a bola quase na linha divisória do gramado e deu um toque que atravessou o campo, certeiro, no pé do companheiro, de frente para o gol. É a definição de passe açucarado.
No segundo tempo, o meia marcou o dele, de falta. Se existe, em algum lugar, um manual sobre como cobrar uma falta, o texto deve descrever exatamente o que D’Alessandro fez ontem. Uma batida perfeita, do tipo que elimina qualquer esperança que o pobre homem colocado embaixo da trave adversária tenha de fazer a defesa.
O terceiro gol colorado também passou pelos pés de D’Alessandro, escanteio cobrado na cabeça de Paolo Guerrero, jogo resolvido. Aos 34 minutos do segundo tempo, o camisa 10 saiu de campo aplaudido pelo seu povo. Quatro minutos depois, o Pelotas ainda descontou, mas não dava tempo para mais nada. Na primeira partida do time titular do Inter em 2020, Dale resolveu a bronca para o Colorado.
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É claro que o adversário era frágil. Também não ignoro a idade do jogador. É óbvio que ele não tem mais a vitalidade de outros tempos, mas é impossível discutir a qualidade técnica que o meia acrescenta quando está em campo.
“Mas o futebol de hoje exige intensidade”, dirão alguns. É verdade, e talvez este seja o principal desafio do técnico Eduardo Coudet, que gosta de montar times muito intensos, com muita vitalidade. O comandante, que jogou ao lado do capitão colorado, precisa montar um time em que outros jogadores possam correr pelo meia, mas não pode abrir mão do craque.