- Geral
- 21 de abril de 2020
Diretor do Becker afirma que imagens comprovarão que idoso não foi agredido
Na tarde de ontem (20), o Diretor técnico do Hospital Dom João Becker, o médico Marcelo Pasa concedeu uma entrevista ao vivo pelo Instagram do Giro de Gravataí e afirmou que o vigilante Everaldo da Silva Fonseca não foi vítima de violência física e nem de racismo na situação envolvendo o desaparecimento do celular de uma técnica de enfermagem.
“Não houve racismo, não existiu. Em nenhum dos depoimentos é possível identificar qualquer comportamento racista ou de injuria racial”, disse o médico. De acordo com Marcelo, a direção do hospital ouviu funcionários, familiares de outros pacientes, além de verificar o sistema de videomonitoramento.
Ele relatou que, de acordo com os depoimentos ouvidos, uma funcionária não encontrava o telefone, e uma colega fez uma ligação, para ajudar na procura. Neste momento, a filha de Everaldo estava ligando para o pai, fazendo com que seu telefone vibrasse, o que teria motivado a suspeita.
Ainda conforme a entrevista, o segurança do hospital, então, pediu que o idoso o acompanhasse a um outro corredor, longe do olhar dos outros pacientes e acompanhantes, e explicou a situação. Everaldo teria ficado ofendido e retirado os pertences de sua mochila por conta própria. “Ele (o segurança) ficou o tempo inteiro com as mãos nos bolsos”, contou, relatando o que viu nas imagens.
Marcelo também desmente a versão que Everaldo teria sido expulso do hospital. “Nós temos imagens de todos os movimentos dele no hospital, não foi expulso em momento algum, ele saiu espontaneamente porque estava a noite inteira acompanhando a esposa e foi procurar um lugar para ele se alimentar”.
Advogada contesta versão do hospital
Também na noite de ontem, a reportagem do Giro de Gravataí transmitiu uma entrevista com a advogada Eliane Chalmes, representante de Everaldo. Segundo os relatos que recebeu do cliente e da família, o idoso realmente sofreu racismo. “Disseram que ele não era gente, que negro não era gente. Estavam dizendo que negro não é cidadão, quando levaram ele para o corredor escuro onde não havia câmeras”, contou.
A advogada ainda disse que o telefone de Everaldo não tocou naquele momento e que pode ser periciado para confirmar a sua afirmação. Segundo ela, a suspeita se deu pela questão racial. “Falaram, foi o negro, foi o negro que pegou. E ele negou, afirmando ser trabalhador, já que estava com a roupa do trabalho.”
Sobre as agressões, o idoso foi submetido a exame de corpo delito no domingo (19), mas Eliane contou que a perícia foi realizada de forma parcial, já que faltava um dentista no plantão para examinar a dentição de Everaldo. Ela ainda reafirmou que as agressões ocorreram em um local sem testemunhas. “Precisamos esclarecer que ele foi agredido em um corredor escuro e que, sim, a esposa dele estava lúcida”.
Ainda assim, segundo Eliane, no quarto, os outros acompanhantes teriam presenciado as agressões verbais e questionado o motivo. “Não foi o Seu Everaldo que foi ofendido, ele foi ofendido por ser negro com aparência humilde. Pensaram: negro e pobre, foi ele que roubou o celular, deve ter escondido nas fraldas da esposa”, avaliou.
De acordo com a advogada, o idoso realmente foi expulso do hospital, e não sairia para comprar um lanche, já que sua condição financeira não permitiria e ele havia levado uma marmita, que teria sido atirada no chão durante as agressões.
Polícia Civil já requisitou as imagens do hospital
Ainda na noite de ontem, o delegado Márcio Zachello, da 1ª DP de Gravataí informou que já pediu as imagens do circuito interno do hospital. Na entrevista que nos concedeu, o diretor Marcelo Pasa confirmou que já havia recebido a solicitação e que a direção do hospital irá colaborar com as investigações.