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- 17 de maio de 2022
Camelódromo de Gravataí é oficialmente desapropriado
Quem passa pela Avenida José Loureiro da Silva, na altura da esquina com a Ary Tubbs na manhã desta terça-feira (17) já consegue enxergar um cenário diferente daquele visto diariamente por quase quatro décadas. Mesmo que o comércio ainda não tenha aberto, o que ocorre por volta das 09h, é possível ver que as portas das bancas do camelódromo abertas. Em algumas delas pessoas fazem o desmonte.
Isso porque o local foi oficialmente desapropriado na noite de ontem (16). Segundo os comerciantes, um prazo final foi dado para a desocupação do terreno, que pertence ao governo do RS e que foi palco de disputas judiciais nos últimos anos. Além daquela área o Estado também é proprietário de outros 12.152 imóveis, tornando-o o maior proprietário deste tipo de negocio na região Sul do País.
A reintegração começou a tramitar em 2016. Dois anos depois, em 2018, uma liminar suspendeu a ação de despejo dos comerciantes, que vendiam os mais variados produtos nas bancas. Em 2021 o governo do RS negociou a área com a Construtora Verdi. O imóvel, avaliado em 1,8 milhões, seria utilizado como contrapartida para que empresa erguesse na Capital uma nova cadeia, que segundo o Estado trata-se de um Núcleo de Gestão Estratégica do Sistema Prisional (Nugesp).
Desapropriado, o comerciante Márcio Egídio, de 58 anos, aproveita para retirar o pouco que sobrou das estruturas do local. Em 1991 ele deixou o emprego na Dana para assumir o negócio que herdou do pai. “Meu pai vendia cebola e outras coisas aqui. Em 1991 eu assumi o negócio. Construi minha família nesses 31 anos e agora não sei o que faço.
O meu filho é catador e acho que vou ter que seguir nisso também. Eu tenho 58 anos, não vou conseguir voltar ao mercado de trabalho, a minha esposa é costureira, chegou a abrir uma loja, mas tivemos que fechar, não se sustentava. Então to aqui, tentando absorver essa nossa saída e tentar pensar em algo para sobreviver”, relatou ele.