Amon Costa | Os dois Maestros

Amon Costa | Os dois Maestros
Continua Depois da Publicidade

A minha casa sempre foi musical, tenho parentes músicos e a musicalidade sempre esteve presente no cotidiano, afinal: a vida tem trilha sonora!

Continua Depois da Publicidade

Moro em uma rua especial, é a rua mais musical de toda Gravataí, sem exageros. A Rua João Carmelino da Silva faz conexão com a Rua Antônio Donga. Pois bem, no encontro dessas duas ruas e em suas calçadas repletas de exuberantes árvores, temos os gigantes da música Gravataiense, os professores responsáveis pela iniciação musical de boa parte das pessoas envolvidas com a música em nossa cidade: os saudosos Professor Alexius Follmann e o Maestro Agostinho Ruschel.

Agostinho Ruschel em 1990
Alexius Follmann em 1970

Vivo nesta rua desde 1988 e nas idas e vindas da escola e do trabalho, aqui sempre teve trilha sonora, os sons repetitivos de quem está começando e aprendendo, os sons líricos de quem já aprendeu; as pessoas passando com instrumentos musicais gigantescos nas mãos, jovens, muitos jovens, essa é a minha memória do professor de música e maestro da Banda Dom Feliciano, Alexius Folmann e do compositor, arranjador, organista e maestro Agostinho Ruschel.

Continua Depois da Publicidade

O vizinho e Maestro Agostinho Ruschel, dedicou sua vida e carreira à música, fundou vários Coros no estado, regeu o Coral ASERGHC (Hospital Conceição) por 43 ano, o Coral Municipal de Gravataí, Coral da ADC Pirelli, Coral São José, Coral Varig POA, o extinto Coral da Icotron de Gravataí. Em 1971, constituiu-se no primeiro Coral da Indústria no Sul do país, ainda publicou o livro Manual do Corista e suas turnês artísticas com o Coro Masculino 25 de Julho de Porto Alegre percorreram o Brasil, Alemanha, França, Áustria, Luxemburgo e outros países. Hoje este mesmo coro é regido por seu filho Igor Ruschel. Ao fazer uma provocação no Facebook perguntando: Quem havia aprendido música com Ruschel? Recebi ligações, mensagens e uma dezena de relatos extremamente emocionantes, diversas pessoas com memórias de apresentações em Ivoti e até em algumas das catedrais mais famosas do mundo, como a Notre Dame de Paris, Catedral de Colônia e a Catedral de Luxemburgo.

Já dizia o próprio maestro:
-A arte é o meio indispensável para união do indivíduo com o todo, reflete a infinita capacidade humana para a associação, para circulação de ideias e experiência, […] (Agostinho Ruschel- Livro Gravataí no contexto Artístico e literário do RS. 1990).

Continua Depois da Publicidade
Maestro Ruschel regendo o Coral Icotron 1972
Professor Alexius e Banda Marcial Dom Feliciano anos 1988

A Banda Marcial do Dom Feliciano que foi fundada pela Irmã Cléssia, lá pelos anos 50, ganhou sua marca registrada em todo o estado anos depois sob a regência do Professor Alexius Folmann. A banda chegou a ter 85 pessoas ensaiando juntas. Em 1974, trouxe para Gravataí o Prêmio de Primeiro Lugar do Concurso de Bandas de Porto Alegre, natural de Cerro Largo. O mesmo foi maestro das Bandas Marciais de Carazinho (La Salle), Pelotas (Colégio Gonzaga) e em Porto Alegre (Colégio São João). Durante 38 anos regeu a Banda Marcial do Dom Feliciano, formando várias gerações de musicistas.

Família Follmann
Banda Marcial Dom Feliciano Bicampeã no Concurso em Rio Grande 1996

“Era uma alegria, a minha mãe se envolveu e nós os 3 filhos (Alexandra, César e Carina) também participamos da banda naturalmente, Sábado à noite e nas manhãs de Domingo, era só música, foi delicioso esse tempo.” (Carina Follmann).

Continua Depois da Publicidade

Ao pesquisar fotos para ilustrar a coluna, percebi a quantidade de jovens de distintas gerações em ensaios na casa dos Follmann, décadas recebendo alunos e músicos, como vizinho em qualquer horário que se passava na frente da casa, lá de dentro ouvia-se algumas notas, geralmente de instrumentos de sopro.

Nas palavras do próprio maestro Follmann:
-Para uns, a banda desperta suaves recordações de tempos passados, de coleguismo, viagens, festas, divertimento e para outro é um marco em suas vidas, com um significado muito abrangente em sua formação […] ( Alexius Folmann- Livro Gravataí no contexto Artístico e literário do RS. 1990).

Continua Depois da Publicidade
Lígia Ramos e o irmão na Banda Marcial Dom Feliciano anos 80.

“Para mim são duas pessoas que tive inspiração para vida, o Ruschel foi meu professor de didática da música no Magistério, um ícone do canto coral e o Professor Alexius foi meu professor de Matemática e maestro da Banda durante mais de duas décadas, convivi muito tempo com o Professor Alexius e o Coral Sogil Carlos Bina tem o DNA do professor. ” Professora Lígia Ramos- Regente do Coral Sogil Carlos Bina.

Agostinho, Igor e Rosani
Encontro e Corais de 1987.

Desde a criação, ensaios e desenvolvimento da técnica vocal, o regente Agostinho lidava com distintas idades e uma pluralidade enorme de variações vozes;  Evanir Marcos e a Rosa Maria Duarte que participaram do coral municipal argumentam o os momentos mais legas eram a viagens e apresentações nas cidades do interior.

Conforme a Sra. Ruschel:
-Nos conhecemos na casa dos meus pais quando ele fez um show na minha cidade, Igrejinha. O Igor nosso filho começou na música naturalmente, desde a gravidez ouvia música clássica para ele, depois, experimentava no teclado que tínhamos em casa, daí começou a tentar escrever partituras e o pai ajudava, entrou na banda marcial do Colégio Dom Feliciano e foi muito bem instruído pelo professor Alexius, que o ensinou diversos instrumentos de sopro/metais […] (Esposa Rosani Ruschel).

Continua Depois da Publicidade

Do vizinho Ruschel, a lembrança da serenidade e tranquilidade, fui e sou um privilegiado, pois ainda ecoa o potencial vocal de seu filho aqui em casa, os ensaios e as aulas de canto são um presente maravilhoso para os ouvidos de quem gosta de boa música.

E do vizinho professor Alexius a memória de um bom humor cotidiano, mexendo na sua pequena horta e todas as vezes que eu passava ele repetia a mesma frase: – E o colorado hein?

O legado de ambos para a sociedade Gravataiense e gaúcha é imensurável, os dois são exemplos da importância da educação musical. A música transforma, cura, deixa marcas na alma. Os dois mestres se retiraram dos palcos recentemente, partiram para plano espiritual, (Alexius em 2019 e Agostinho em 2021).

Suas sementes de arte e cultura foram regadas, frutificaram e deixaram algumas gerações de boas músicas e musicistas. Obrigado, Mestres.

Continua Depois da Publicidade
Continua Depois da Publicidade

Notícias Relacionadas

Ambev pausa a fabricação de cerveja para envasar água potável no RS

Ambev pausa a fabricação de cerveja para envasar água…

  A gigante do setor de bebidas, Ambev, anunciou a interrupção temporária na produção de cerveja em sua fábrica sediada em…
Rio Gravataí registra declínio gradual e baixa para 6,15m

Rio Gravataí registra declínio gradual e baixa para 6,15m

  Um novo boletim divulgado na manhã desta quarta-feira (08), divulgado pela Agência Nacional de Águas mostra que o nível do…
GM em Gravataí mantém produção suspensa por conta das chuvas no RS

GM em Gravataí mantém produção suspensa por conta das…

  A General Motors informou que a produção na fábrica de Gravataí, RS, está temporariamente suspensa, afetando a montagem dos modelos…