- Especial
- 29 de julho de 2021
”Se eu tivesse voz, gritaria pelas ruas para que elas larguem estes que não as respeitam ”
Foi condenado a 18 anos e seis meses de prisão o mestre de capoeira Alberto Thomas Marques, de 42 anos, acusado de matar a esposa a facadas na casa onde o casal vivia, no bairro Moradas do Bosque, em Cachoeirinha. O crime ocorreu no dia 22 de dezembro de 2018, e chocou a comunidade pela brutalidade. Luciana Silva Guareze foi morta na frente da filha.
Vizinhos que ouviram os pedidos de socorro da vítima tentaram intervir, mas sem sucesso. Alberto ainda cortou os pulsos e o abdômen, quando presenciou a presença dos policiais militares, ele ainda se trancou em casa e acionou os botões de gás do fogão. Após negociações com a BM, ele se entregou e foi encaminhado ao Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre.
Dois anos anos após o crime, a Justiça marcou o Júri Popular do caso de Luciana. A audiência iniciou às 09h da manhã desta terça-feira (27), no Fórum de Cachoeirinha, e se estendeu até as 19h30, quando os jurados dariam sequência no dia seguinte. Nesta quarta-feira (28) Alberto Thomas Marques foi condenado. Já preso há dois anos, ele deverá cumprir cerca de 16 anos da pena.
Sentença não agradou
Mobilizados desde a época do crime, familiares e amigos de Luciana iniciaram campanhas nas redes sociais pedindo que o caso fosse para Júri. Uma página no Facebook foi criada e passou a compartilhar casos semelhantes ao de Luciana, buscando também alertar as mulheres em relacionamentos abusivos.
Para a tia da vítima, Bete Rosa, a sentença é injusta e retrata um drama vivido por muitas das mulheres. ‘’É tão difícil falar, a vida é tão injusta. O mundo é dirigido por homens, feito por homens, então as mulheres ficam sempre vulneráveis. Eles fazem o que querem, casam, usam, abusam, fazem miséria e acabam matando, como aconteceu com a minha sobrinha.
Esse assassino vai ficou bem pouco tempo preso. A pena dele foi de 18 anos e seis meses, mas já estava preso há mais de dois anos, a pena é pequena, e agora ainda dizem que ele está trabalhando lá. Na rua nunca trabalhou’’ desabafou ela.
É muito triste passar por isso, seu eu tivesse voz eu faria encontros com mulheres e gritaríamos nas ruas para elas largarem estes machistas, que não as respeitam. Aconteceu com a minha sobrinha, e pode acontecer com qualquer uma’’, ressaltou Bete.
A reportagem do Giro de Gravataí tenta contato com o advogado de Alberto.