- Especial
- 25 de novembro de 2020
Polícia prende em Gravataí suspeito de integrar rede russa de venda de crianças para exploração sexual na Europa
Foi em 2018, quando a Polícia Federal descobriu que um homem, residente em São Paulo, negociava com criminosos russos a venda de sua própria sobrinha, na época sem a idade revelada. Conversas flagradas durante a investigação revelaram apenas um dos planos de um mega esquema de venda e exploração sexual de crianças, em uma conexão entre o Brasil e países europeus.
Na época, o plano não aconteceu, mas segundo a polícia, a ideia era levar a criança até o parque da Disney Europa e simular a perda da menina, que seria levada pelos criminosos. Desde então, policiais mergulharam no submundo da rede e começaram a mapear o movimento e a interação de brasileiros na Deep e Dark Web.
Foi lá que os policiais confirmaram a existência de uma rede sólida e bem financiada de criminosos sexuais, que reproduziam, vendiam e compravam vídeos de crianças em situações de vulnerabilidade sexual. O segundo passo foi mapear os brasileiros e descobrir seus endereços, afim de desmantelar o grupo.
Black Dolphin e prisão em Gravataí
Nome de uma das cadeias mais severas do mundo, localizada na cidade de Orenburg, na Rússia, a Back Dolphin ilustrou o nome da operação desencadeada em quatro estados brasileiros. Foi durante um monitoramento ao grupo que as autoridades foram afrontadas. Um dos chefes dizia que as leis brasileiras eram ridículas e que apenas a Black Dolphin poderia detê-los.
Na manhã desta quarta-feira (25), policiais civis e peritos criminais dos estados cumpriram cinco mandados de prisão contra os alvos, além de 222 cumprimentos de mandados de busca em 85 endereços de membros e pessoas ligadas à rede. Um dos principais alvos no país foi preso pela produção e venda de pornografia infantil. Ele foi detido em São José do Rio Preto.
No Rio Grande do Sul as ações ocorreram em Gravataí, Porto Alegre, Pelotas, Rio Grande, Santa Rosa, Três de Maio, Frederico Westphalen, Soledade e Carazinho. Conforme fontes consultadas pela reportagem do Giro de Gravataí, um dos IPs rastreados pela polícia apontou para um endereço de Gravataí. O alvo, um homem de 37 anos, funcionário de uma empresa de telefonia, morador do centro da cidade, foi preso em flagrante. Em um de seus aparelhos eletrônicos os policiais encontraram duas fotos com conteúdo de pedofilia, além de um HD.
Conforme a delegada Karina Heineck, responsável pela Delegacia da Mulher de Gravataí e que acompanhou a operação nesta manhã (25), o segundo mandado de busca foi cumprido em uma residência no bairro São Jerônimo. O homem também é apontado como um dos ‘navegadores’ da rede. Ele também não teve sua identidade revelada.
Ainda segundo a delegada, estes crimes são mais corriqueiros do que se imagina. “Estes crimes, embora não aparecem, pois utilizam de outras redes, são corriqueiros. Esse esquema desarticulado hoje mostra que eles tinham uma rede muito bem estruturada, incluindo um servidor virtual, o que dificulta ainda mais a investigação”, destacou ela. Ao todo, 35 pessoas foram presas em todo o pais.