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  • 19 de outubro de 2020

Padre Fabiano | Tristeza pela intolerância à Igreja Católica no Chile

Padre Fabiano | Tristeza pela intolerância à Igreja Católica no Chile
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“A cena da mulher comemorando dentro da igreja em chamas é icônica da desumanidade. Foto: Divulgação

Tristeza. Não encontro outras palavras para manifestar o que sinto ante os atos de vandalismo ocorridos ontem no Chile. Duas igrejas queimadas, destruídas, igrejas históricas, onde pessoas se encontravam para, pacificamente, celebrar sua fé, cultuar seu deus, alimentarem sua espiritualidade.

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Hoje pela manhã, quando abri o Facebook, vi uma inundação de imagens de incêndio de igrejas, um vídeo de uma torre caindo. Uma grande manifestação popular em comemoração ao primeiro aniversário das grandes manifestações sociais de outubro de 2019, e a uma semana do plebiscito para a nova Assembleia Constituinte, desembocaram numa onda de violência.

Cerca de 300 manifestantes encapuzados queimaram uma estação do metrô e duas igrejas, a Capela San Francisco de Borja, diretamente ligada aos Carabineros, a polícia chilena, e a Paróquia da Assunção. É possível ver os manifestantes comemorando quando a Igreja da Assunção desaba! A cena da mulher comemorando dentro da igreja em chamas é icônica da desumanidade, da falta de senso, da falta de qualquer tipo de racionalidade.

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Escrevo como padre, como cristão, como católico, como historiador. A presença da Igreja Católica foi uma constante na minha vida. Os melhores momentos que passei na minha adolescência e juventude foram na igreja, e foi na igreja que encontrei o sentido da minha vida, o que me faria feliz para o resto da vida. A igreja não é só um prédio, um templo, ela é um símbolo. Símbolo de fé, de transcendência, de comunhão, de suor, de lágrimas e de alegria.

Quando olho uma igreja, penso nas muitas pessoas que se empenharam para que ela esteja de pé, doando recursos financeiros e o próprio trabalho para que ela possa ser, hoje, um local de encontro e de oração. Quantas pessoas doaram seu sangue e seu suor para que a Igreja da Assunção no Chile fosse construída? Tudo isso foi destruído ontem.

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Talvez alguém argumente: “mas a Igreja Católica já foi conivente com a exploração, com a opressão, com a escravidão, etc, e por isso alguns grupos veem na destruição de igrejas uma forma de destruir esse passado ignomioso.” De forma alguma aceito ser julgado hoje, por erros de séculos anteriores ao meu. Sou padre, e não admito ser julgado por erros de padres do passado. Antes, eu rezo pelas almas de todos os católicos que, no passado, de alguma forma não foram fiéis à mensagem de Jesus Cristo, para que encontrem a redenção.

Recebi um comentário em minha timeline, comparando a violência contra as igrejas chilenas com o ato dos militares bolivianos após o “golpe” contra Evo Morales de cortar fora dos seus uniformes a Wiphala, que é a bandeira que representa a divindade de Pachamama. Não há comparação, porque não houve violência como a que foi vista ontem.

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O que temos visto é uma crescente onda de violência contra os cristãos. Só na Nigéria, cerca de 3.057 cristãos foram assassinados entre janeiro de 2016 e junho de 2020. Se olharmos para outros países, os números são mais alarmantes. Se olharmos para todo o século XX, veremos como o cristianismo foi violentado das mais diversas formas.

A partir da Revolução Russa de 1917, a ideologia comunista espalhou-se como rastilho de pólvora por todo o leste europeu e por alguns países da Ásia, como a China, onde perdura até hoje. O comunismo tem como base filosófica o marxismo, que é materialista, e cujo pai, Karl Marx, afirmava ser a religião o ópio do povo. Todos os regimes comunistas, fieis ao que pensava Marx, tentaram extirpar a religião de seus países, de forma violenta. Milhares de padres e freiras foram assassinados nos países da cortina de ferro. Na Alemanha nazista não foi diferente. Maximiliano Kolbe, José Kentenich, Edith Stein, só para citar alguns religiosos que foram para os campos de concentração. Só posso resumir como ódio à fé.

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No século da tolerância, da democracia, no século que se fala tanto em direitos humanos, em liberdade, onde está a liberdade dos católicos chilenos de terem sua igreja para celebrar? Eram igrejas históricas. A história do Chile foi destruída. Onde está a tolerância aos cristãos? Tolerância só para alguns? Tolerância só para os que pensam igual a mim? Espero que a ONU não demore em se manifestar, nem as principais autoridades do mundo, porque o que vimos ontem foi que ainda estamos muito longe de viver a tolerância e a paz, o que vimos ontem foi uma desumanidade.

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