• Geral
  • 7 de setembro de 2020

Padre Fabiano | Independência e vida!

Padre Fabiano | Independência e vida!
Continua Depois da Publicidade
Independência do Brasil,Pedro Américo,Gravuras, imagens antigas,independência.

Uma das caras lembranças que tenho da minha infância são os desfiles de 07 de setembro, primeiro na Escola Municipal Santo Inácio, onde iniciei minha vida escolar, e depois na Escola Estadual Augusto Meyer, ambas em Esteio. Para mim era um dia de festa, mesmo sem entender muito o que estava comemorando; gostava do desfile, da marcha, de cantar o hino.

Continua Depois da Publicidade

Conforme fui compreendendo o significado, conforme fui estudando a História (minha grande paixão), mais fui gostando. Durante a adolescência e a juventude, tive meus momentos de crítica exacerbada ao Brasil, desejando logo chegar o dia em que eu pudesse viver em terras estrangeiras – Estados Unidos ou algum país da Europa. Hoje, após a maturidade própria dos quarenta anos, sinto-me cada vez mais patriota.

Hoje, recordo não somente os desfiles de 07 de setembro, mas os 198 anos do fato recordado pelos desfiles: o Grito do Ipiranga, quando o Príncipe Regente Dom Pedro de Bragança, às margens do Riacho do Ipiranga, declarou que daquele momento em diante, o Brasil estava separado politicamente de Portugal. Era o início de uma nação independente politicamente, único país da América Latina que manteve a monarquia como sistema de governo, regime que perdurou por 67 anos.

Continua Depois da Publicidade

A independência brasileira não se deu por meio de guerra civil, com derramamento de sangue, mas foi articulada pelas elites das províncias, insatisfeitas com a tentativa de recolonização engendrada pelas Cortes portuguesas, que reduziria o Brasil à categoria de colônia, totalmente dependente de Portugal, perdendo  a autonomia ganha com a chegada da família real em março de 1808 e incrementada com a elevação do Brasil à categoria de Reino Unido a Portugal e Algarves.

Todos os tribunais, agências e repartições públicas foram fechados, desempregando milhares de juízes, advogados, meirinhos e burocratas. Milhares de famílias sem renda. Além disso, a figura internacional do Reino do Brasil foi suspensa, e todas a s províncias deveriam se reportar não mais ao Príncipe Regente, mas a Lisboa. Na prática, Dom Pedro deixava de ser governante e o Brasil voltava a ser colônia.

Continua Depois da Publicidade

Articulada pelas elites e levada a cabo pelo Príncipe Regente, D. Pedro, também insatisfeito com a maneira como estava sendo tratado pelas Cortes. Interesses políticos e econômicos, birra de um jovem que aspirava o poder? Pode ser. A verdade é que a situação política e econômica do Brasil seria bem diferente os decretos portugueses tivessem sido aceitos. Os historiadores não trabalham com “se”, mas me atrevo a dizer que, “se” Dom Pedro não tivesse gritado às margens do Ipiranga, hoje o Brasil não existiria, uma dúzia de republiquetas totalmente dominadas pelas potências estrangeiras.

Sim, o Brasil teve que indenizar Portugal pela independência, e, para tanto, endividou-se com a Inglaterra. Mas, seria muito pior. O processo de independência, mesmo sem guerra, foi difícil, contaminado por interesses ideológicos, políticos, econômicos, cheio de intrigas e politicagens. Mesmo, assim, foi necessário. O Brasil é hoje o país continental que é, pelo fato da independência ter sido conduzida pela família real.

Continua Depois da Publicidade

Sim, eu sou um patriota. Amo meu país e não penso em sair dele. Resignado? Conformado? Alienado? Não, otimista. Sim, sou um otimista. Não considero que o Brasil esteja bem, mas sou um otimista, mantenho a esperança, virtude que me vem da minha fé cristã. Hoje é dia festa, dia de comemorarmos o início do Brasil enquanto nação independente, autônoma.

Desde 1822, passamos da dependência de Portugal para a dependência da Inglaterra, depois dos Estados Unidos. E agora, em 2020? China? Ainda Estados Unidos? Não sei dizer. Tema para outra coluna. Precisamos de um novo grito do Ipiranga, que deverá ser dado por brasileiros ciosos de seu país, orgulhosos de sua bandeira, o símbolo augusto da paz, e de seu hino, patriotas de verdade, que não esperam ansiosamente o dia de morar em outro lugar, mas que, pelo contrário, aqui querem viver e aqui querem que seus restos mortais descansem, deitados eternamente em berço esplêndido.

Continua Depois da Publicidade

Uma figura não pode passar despercebida no processo de independência, por ter tido um papel importantíssimo no Grito:  D. Leopoldina, esposa de D. Pedro, primeira imperatriz do Brasil. Austríaca, assumiu a causa da independência, aconselhou muito seu marido. Em 13 de agosto de 1822 foi nomeada pelo esposo regente durante sua viagem a São Paulo.

No dia 02 de setembro de 1822, diante das últimas ordens vindas de Lisboa, reuniu o Conselho de Estado no Palácio São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Nesta reunião, os conselheiros, principalmente José Bonifácio de Andrada e Silva, entenderam que o melhor era romper os laços políticos com Portugal e proclamar a independência do Brasil. Transcrevo abaixo a carta enviada por Dona Leopoldina a Dom Pedro, recebida por este no dia 07 de setembro, por volta das 16:30,  às margens do Ipiranga:

Pedro, o Brasil está como um vulcão. Até no paço há revolucionários. As Cortes portuguesas ordenaram a vossa partida imediatamente, ameaçam-vos e humilham-vos. O Conselho de Estado aconselha-vos a ficar. Meu coração de mulher e esposa prevê desgraças se partirmos agora para Lisboa. Sabemos bem o que têm sofrido nossos pais.

Continua Depois da Publicidade

O rei e a rainha de Portugal não são mais reis, não governam mas são governados pelo despotismo das Cortes, que perseguem e humilham os soberanos a quem devem respeito. Chamberlain vos contará tudo o que sucede em Lisboa. O Brasil será em vossas mãos um grande país. O Brasil vos quer para monarca. Com o vosso apoio ele fará a separação. O pomo está maduro. Colhei-o já, senão apodrece.

Ainda é tempo de ouvirdes os conselhos do sábio que conheceu todas as cortes da Europa, que, além de vosso ministro fiel, é o maior de vossos amigos. Ouvi o conselho do vosso ministro, senão quiserdes ouvir o de vossa amiga. Já dissestes aqui o que ireis fazer em São Paulo. Fazei, pois. Tereis o apoio do Brasil inteiro e contra a vontade do povo brasileiro os soldados portugueses nada podem fazer. Leopoldina.

Hoje, 07 de setembro, como padre patriota que sou, elevo a Deus ação de graças pela independência do Brasil, e peço a Deus que abençoe muito nosso país, e liberte nosso povo das mais diversas opressões sob as quais ainda sofre. Peço a intercessão especial de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, em cuja antiga igreja, chamada basílica velha, Dom Pedro rezou em 22 de agosto de 1822, durante sua viagem do Rio de Janeiro a São Paulo, portanto, quinze dias antes da proclamação da Independência.

Indico alguns livros para compreender melhor o processo de independência:

“1822: Como um homem sábio, uma princesa triste e um escocês louco por dinheiro ajudaram Dom Pedro a criar o Brasil” – Laurentino Gomes, Globo Livros

“D.Pedro I: a história não contada” – Paulo Rezzutti, Editora Leya

“D. Leopoldina: a história não contada” – Paulo Rezzutti, Editora Leya

Continua Depois da Publicidade
Continua Depois da Publicidade

Notícias Relacionadas

Gravataí está entre as cinco cidades do RS com maior número de imóveis em leilão

Gravataí está entre as cinco cidades do RS com maior…

  Entre os meses de abril e julho, a Caixa Econômica Federal promoverá leilões para mais de 5 mil imóveis retomados…
Lula é eleito o novo presidente do Brasil

Lula é eleito o novo presidente do Brasil

O candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito o novo presidente do Brasil neste domingo (30). A vitória no…
Brasil é rebaixado em avaliação internacional sobre combate à corrupção

Brasil é rebaixado em avaliação internacional sobre combate à…

Um relatório global sobre medidas de combate à corrupção, produzido anualmente pela Transparência Internacional, organização sem fins lucrativos que acompanha o…