Padre Fabiano | Dai-nos a bênção, ó Mãe querida, Nossa Senhora Aparecida

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Santuário Nacional de Aparecida. Foto: Especial/Aparecida.

Esse é, com certeza, um dos refrões mais cantados no Brasil. A devoção a Nossa Senhora Aparecida e as peregrinações à Aparecida do Norte há muito ultrapassaram o âmbito religioso, e fazem parte da cultura popular brasileira, quiçá do patrimônio histórico-cultural brasileiro. Eu já estive no Santuário Nacional de Aparecida algumas vezes, como seminarista e como padre. 

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O que sinto cada vez que vou lá é indescritível; a presença de Deus em cada missa, em cada terço, no olhar de cada peregrino que lá vai para pedir ou agradecer. A sala dos milagres, repleta de relatos de graças alcançadas por intercessão de Nossa Senhora Aparecida é fascinante, e são uma expressão da fé simples do nosso povo simples. No Santuário Nacional, que é um patrimônio brasileiro, a existência de Deus se torna, para mim, indubitável.  

O que me encanta em Aparecida é a história do encontro da imagem – não poderia ser diferente para um padre apaixonado por história. Em 1717, Pedro Miguel de Almeida Portugal, conde de Assumar e governante da capitania de São Paulo e Minas do Ouro, estava de passagem pela cidade de Guaratinguetá.

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O povo decidiu fazer uma festa para homenagear o governante e, embora não fosse temporada de pesca, foram ao Rio Paraíba pescar para oferecerem peixes ao ilustre visitante. Os pescadores Domingos Garcia, João Alves e Filipe Pedroso rezaram para a Virgem Maria para que conseguissem uma boa pesca. Depois de muito tentar e nada conseguir, já estavam quase desistindo quando resolveram descer o rio e chegaram ao Porto de Itaguaçu. 

João Alves jogou a rede e apanhou o corpo de uma imagem da Virgem Maria, sem cabeça. Ao lançar novamente a rede, apanhou a cabeça da imagem, que foi colocada num lenço. Recuperadas as duas partes da imagem, esta ficou, repentinamente, muito pesada, e os pescadores apanharam tantos peixes, que a embarcação quase afundou. Era uma imagem de Nossa Senhora da Conceição, enegrecida pelo muito tempo que devia estar no rio. 

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Filipe Pedroso levou a imagem para sua casa, onde as pessoas do vilarejo se reuniam para rezar. A devoção foi crescendo, e começaram a surgir relatos de milagres. Por volta de 1734, o pároco de Guaratinguetá construiu uma capela no alto do morro dos Coqueiros, aberta à visitação pública a partir de 1745. A capela foi construída com a ajuda do filho de Filipe Pedroso. O número de fiéis não parava de aumentar, nem os relatos de milagres. Em 1834, foi iniciada a construção de uma igreja maior, a atual Basílica Velha, solenemente inaugurada e benzida em 08 de dezembro de 1888.

Em outubro de 1894, chegara a Aparecida os padres da Congregação dos Redentoristas para trabalharem no atendimento aos romeiros que cotidianamente iam ao lugar ver a “imagem milagreira”. Em 1908, a igreja recebeu o título de Basílica Menor; em 1928, a vila que surgida no alto do morro dos Coqueiros emancipou-se de Guaratinguetá e passou a chamar-se Aparecida. 

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Em 1930, o Papa Pio XI proclamou Nossa Senhora Aparecida Rainha e Padroeira do Brasil. Em 1955 teve início a construção da Basílica Nova, projetada pelo arquiteto Benedito Calixto. Foi consagrada em 04 de julho de 1980 pelo Papa João Paulo II em sua primeira visita ao Brasil. Tem 173 metros de comprimento por 168 de largura, e a cúpula com 70 metros de altura, e tem formato de cruz grega. A Lei nº 6802 de 30 de junho de 1980 decretou o 12 de outubro feriado nacional, e a República Brasileira reconheceu Nossa Senhora como padroeira do Brasil.

Em 1822, Dom Pedro I visitou a capela em honra a Nossa Senhora Aparecida, e sua neta, a Princesa Isabel, em duas ocasiões: em 1868, e vinte anos depois, em 1888. Na primeira vez, foi pedir para a Virgem Aparecida a graça da gravidez; na segunda vez, foi agradecer por ter tido filhos saudáveis, oferecendo à imagem, como pagamento da promessa, uma coroa de ouro cravejada de diamantes e rubis. Em 1904, a imagem foi coroada com essa coroa, além do manto anil, bordado em ouro e pedrarias. 

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Esse sucinto relato histórico mostra como Nossa Senhora Aparecida faz parte da história do Brasil, sendo totalmente legítimo o título de Padroeira e Rainha do Brasil. Não há como negar sua importância para o povo católico brasileiro. Muitas paróquias e capelas foram dedicadas a Mãe Aparecida, assim como muitas mulheres tem no nome ou Maria ou Aparecida, ou ambos. 

O encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida segue o padrão das aparições marianas reconhecidas pela Igreja: as pessoas a quem foi destinada a aparição eram pessoas simples, das classes mais baixas da população. Em Aparecida, um fator vem somar-se a isso: uma imagem negra num país escravagista. Maria aparecendo para os pequenos, como em Guadalupe, Salette e Fátima. Essa é a lógica de Deus. 

Dai-nos a bênção, ó Mãe querida, Nossa Senhora Aparecida”.

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