- Geral
- 9 de maio de 2021
Giro Colorado | O Inter em evolução
Por Nelson Dutra, jornalista convidado pelo Giro Colorado
Todo processo de mudança gera ansiedade pelo resultado imediato. Tem sido assim com Miguel Ramirez, que chegou a Porto Alegre para aplicar seu modelo de futebol posicional no Inter. E, em que pese a qualidade dos adversários, o treinador espanhol vem fazendo o dever de casa. Nesse sábado, bateu o Juventude nas semifinais por quatro a um e garantiu vaga na grande decisão do Campeonato Gaúcho.
Para alguns, o que vale é resultado. Porém, para fases avançadas da Libertadores e em partidas mais duras do Brasileirão, torna-se fundamental analisar o desempenho em campo. Sabemos que muitas vezes resultado e desempenho não andam de mão dadas.
O Inter de Ramirez joga com a bola no chão, com atletas trocando passes e poucas investidas pessoais, de busca de drible. Há que se atacar o espaço vazio, procurar vencer o adversário com superioridade numérica no terço de campo onde está a bola. Nesse cenário é preciso ter qualidade de passe, velocidade de execução e saber se colocar. Alguns jogadores, até então esquecidos, já assimilaram a ideia do treinador e vem ganhando espaço. Maurício, Nonato e Marcos Guilherme surgem como apostas de Ramirez. Invariavelmente estão entre os onze.
A vitória contra o Juventude mostrou um Inter com virtudes e defeitos, algo natural para um trabalho que está aí há pouco mais de dois meses. O primeiro gol, de Yuri Alberto (que é inconcebivelmente reserva), surge a partir de algo que não é jogo posicional. O gol é de contrataque, em transição rápida, algo que poderia se encaixar perfeitamente no esquema de Eduardo Coudet ou até no modelo reativo de Abel Braga. A partir dali, tudo se abriu, o Juventude teve que sair para o jogo, se expor. E o caminho colorado ficou mais fácil.
Grande Teste – Cabe dizer que ainda há muito o que fazer, caso o Inter realmente deseje brigar por coisas maiores em 2021. Com a missão de propor o jogo, o time ainda está lento na saída de bola. O sistema defensivo continua exposto e, via de regra, se vê em situações complicadas. Zé Gabriel segue insuficiente para ser considerado zagueiro titular. A articulação por vezes é pobre, inofensiva.
Falta o grande teste para Miguel Angel Ramirez. Já enfrentou o Grêmio, é verdade. E perdeu. Clássico sempre é um termômetro. Pode ser que a decisão do Gauchão seja em dois Grenais. Talvez aí, o espanhol nos dê uma mostra de onde o seu Internacional pode chegar nesse ano.
O torcedor tem o direito de sonhar. Basta controlar a ansiedade. E contar com a ajuda de um técnico que não queira colocar a teoria acima da prática.