Giovani de Oliveira | Morre Maradona, morre um pouco do futebol e da América Latina

Giovani de Oliveira | Morre Maradona, morre um pouco do futebol e da América Latina
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Foto: APF/Divulgação

Hoje (25) morreu Maradona. Mas não morreu sozinho, levou consigo um pouco de tudo o que representa o futebol, não apenas para a Argentina, mas para o mundo. Antes vale lembrar que o esporte bretão sempre foi muito mais do que um jogo. Não é o esporte mais popular do mundo de graça, é também uma arma de resistência. Em 1942, um time soviético, formado por prisioneiros de guerra, resistiu e não entregou o jogo à propaganda nazista. Impuseram uma derrota ao selecionado de Hitler, mesmo sob a ameaça de perder a vida.

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Trago este exemplo, para lembrar a importância do futebol, muito maior do que uma simples disputa esportiva. E o Diego? Onde Maradona entra nesta história? Não vou entrar em polêmica vazia, comparando o argentino com o Pelé. Quero apenas falar sobre o que Diego representa. Diego é o maior símbolo da Argentina e também um dos maiores da América Latina. Vejam, não falei um símbolo do futebol da América, é um símbolo do povo do continente. A maior das explicações para o que eu digo, está na foto que ilustra está coluna. Maradona destruindo a Inglaterra.

Se as histórias de nossos países são marcadas pelo sofrimento, exploração e colonização, a Terra da Rainha tem parte fundamental no sangue que ainda corre em nossas veias abertas. Para o povo argentino, uma chaga é o domínio inglês sobre as Ilhas Malvinas. E quando tentaram retomar o território, os ingleses, donos da maior esquadra do mundo venceram a guerra. Uma ferida gigante no orgulho argentino e uma mostra da supremacia dos antigos colonizadores sobre os sofridos e subdesenvolvidos povos da América Latina.

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Na Copa, Diego não devolveu a ilha à sua pátria, mas pôde encher seu povo como o orgulho. Se nenhum latino-americano é capaz de vencer os donos do mundo no poderio militar, no mano a mano, demos o troco. Muitos questionarão o gol de mão, a corrupção, a malandragem. Bem, não vou defender a falta de ética. Ainda que seja importante ver a malandragem como algo próprio de qualquer Macunaíma, mesmo que não brasileiro, mas nascido na América pobre. A malandragem, por vezes, é a resistência do oprimido.

Mas existe um gol maior do que aquele que Maradona fez auxiliado pela “Mano de Dios”, para mim, o maior símbolo, é aquele que foi eleito o gol mais bonito da história das Copas. Diego, um argentino, de origem pobre, com falhas, com erros, deixou a Inglaterra inteira no chão.

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Se nenhum povo localizado entre o México e o encontro dos Oceanos Atlântico e Pacífico poderia vencer os navios ingleses. Nenhum europeu, nenhum inglês, nem toda a legião de beatlemaníacos, nem a rainha, nem os cavaleiros da Távola redonda, conseguiu parar Diego Armando Maradona. O maior de todos os argentinos driblou a miséria, driblou a exploração, o exército e a seleção inglesa, antes de chutar a bola para o fundo da rede.

Aquele gol, o mais bonita já marcado em uma Copa do Mundo, representa o futebol é representa a resistência da América Latina.

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