Funcionários esperam há sete anos por pagamento de dívida milionária em Cachoeirinha

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Mais de 230 pessoas foram dispensadas e o montante a ser pago é de aproximadamente R$ 4,5 milhões. Foto: Diário de Cachoeirinha/GES

Há mais de sete anos, ex-funcionários da Doormann Embalagens Plásticas, de Cachoeirinha, aguardam pelo pagamento das rescisões de uma dispensa coletiva. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas (Sindiquímica), mais de 230 pessoas foram demitidas, na época, e até hoje não receberam o valor. A dívida trabalhista da empresa seria de aproximadamente R$ 4,5 milhões.

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O presidente do Sindiquímica, Gelci Gonçalves Teixeira, destaca que a demissão em massa foi seguida pelo pedido de recuperação judicial da Doormann, que alegava não ter condições de efetuar os pagamentos em razão de uma grave crise econômica. Dados também divulgados pela Sentinela Administradora Judicial indicam que a recuperação foi concedida, porém a fábrica deveria pagar os colaboradores.

De 2015 para cá, todavia, os trabalhadores receberam cerca de um salário mínimo apenas. “Eles têm um patrimônio imenso, como não conseguem pagar? Ninguém recebeu, mas eles continuam faturando. Nós queremos o fim dessa novela”, diz um ex-funcionário que prefere não se identificar. O homem conta que trabalhou na firma por mais de duas décadas e sua rescisão ficaria em torno de R$ 75 mil.

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“Quando fomos demitidos saímos com uma mão na frente, a outra atrás. Não recebemos nada. Fazia um ano que não depositavam o Fundo de Garantia”, acrescenta o trabalhador, reforçando a indignação com o desrespeito aos direitos trabalhistas. Ele recorda que após os desligamentos foram feitas manifestações, mas “voz” não era dada ao grupo, o que desanimou a muitos.

Com o tempo, a esperança dos funcionários em obter a quantia devida foi diminuindo, mesmo assim eles afirmam que vão seguir na luta. “Temos fé em receber essa rescisão, mas estamos esperando que a justiça seja feita”, comenta César Félix, que se dedicou a organização por sete anos e meio e teria direito a receber por volta de R$ 32 mil.

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Lawrence de Mello, que foi colaborador da Doormann por três anos e meio, não consegue vislumbrar a situação com muito otimismo. “Estou precisando muito do valor que a empresa me deve, mas, sinceramente, não vejo que vá receber. Estamos nessa luta desde 2015 e nada. Estou desempregado. A Justiça Trabalhista só funciona no papel, na prática o trabalhador leva a pior”, desabafa.

Os trabalhadores que conversaram com o Giro de Gravataí foram unânimes ao dizer que não concordam com o cenário de falência relatado pela organização como justificativa para as demissões. “Impossível uma empresa que está trabalhando, produzindo bastante, não ter como pagar. É um descaso muito grande com a gente”, salienta Julian Dias da Costa Birkholz, que trabalhou no local por seis anos.

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“A dívida deles é astronômica. A Doormann só está funcionando por causa da recuperação judicial, dessa lei torta, que desfavorece os trabalhadores. Mas eles vão chegar a falência”, opina o presidente do Sindiquímica. Gelci argumenta que a empresa, que era líder no fornecimento de embalagens para o setor alimentício, tinha muito potencial para crescer, contudo, a própria administração teria levado a situação a esse ponto. “Chegaram a ter 500 colaboradores, hoje, pelo que soube, tem uns 25”, frisa.

Funcionária com passagem pelos departamentos de contabilidade e financeiro da Doormann, Shayana Marcos de Lima conta que saiu da empresa quando estava iniciando o processo de recuperação judicial, em 2015. “Fiz um pedido de rescisão indireta, porque estava há dois meses sem receber salário e benefícios. Desesperada, acabei aceitando um acordo para liberar o Fundo de Garantia e o resto com a recuperação judicial. Não deveria ter feito”, lamenta.

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Shayana trabalhou na fábrica por cinco anos e ressalta que as lembranças boas se restringem aos amigos, pois o relacionamento entre dirigentes e funcionários seria muito complicado. “Tanto que paralelamente a recuperação judicial há vários processos por danos morais”, aponta.

Na opinião da colaboradora, a Doormann tinha estrutura para dar mais lucro e liquidar a dívida trabalhista. “Por que parte do faturamento de hoje não é destinada aos que estão esperando para receber? Eles tinham condições de pagar. É uma questão muito triste. Vimos nossos colegas adoecendo, passando necessidade. Muitos dedicaram uma vida à empresa e já faleceram, sem aproveitar o que mereciam por tudo o que trabalharam”, diz.

O Giro de Gravataí entrou em contato com a Doormann Embalagens Plásticas, por telefone e e-mail, porém não obteve resposta até a finalização desta reportagem.

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