- Geral
- 30 de dezembro de 2020
Dr. Antônio Weston | 2020: Um ano que nunca esqueceremos
Entender o que aconteceu em 2020 foi o grande desafio para todos. Desde o início, quando apenas ouvíamos falar de uma doença em um país distante, até o final do ano, no momento que já sabíamos tudo o que havia ocorrido, foram muitos momentos que encheram o nosso cotidiano de notícias novas e quase sempre ruins.
Vi muitos pacientes positivados. Vi bastante sofrimento, mas o que mais presenciei este ano foi o sentimento generalizado de medo das pessoas. Não tiro a razão delas, motivos havia de sobra. O momento mais difícil foi quando fui chamado para ver uma colega de profissão que veio a falecer por uma complicação comum do COVID-19, uma embolia. Ela ainda estava consciente quando a vi e pôde me reconhecer. Ela sabia que não estava bem e balbuciou algo como “acho que chegou a minha hora”. Eu disse que não, que iríamos fazer de tudo para ela sair daquela situação. Não conseguimos e mais uma vez, como já sabia muito bem, percebi que não podemos curar sempre, embora a busca incessante pela recuperação do paciente seja o nosso compromisso.
Nunca quis entrar na discussão de culpados, medidas mais ou menos restritivas, abrir, fechar, limitar. Fui responsável por muitas decisões que envolveram estratégias de condução da melhor sistemática possível de atendimento para estas pessoas. Portanto, estava muito mais focado em soluções. Sempre pensei que era mais produtivo.
Entendo que o verdadeiro inimigo em uma pandemia é o vírus. É somente ele que tem que ser combatido. Por isto sempre acreditei que a polarização ou a politização das opiniões é infrutífera e desgastante. Todos procuraram fazer o melhor. Houve acertos e erros, mas completamente justificados pela urgência dos fatos e pelo desconhecimento de uma doença nova que tomou de assalto o planeta inteiro, em uma velocidade espantosa.
Jamais esqueceremos 2020. Se chegamos até aqui com vida e com saúde já ganhamos este ano. Melhor ainda se ficar o aprendizado de que a vida e a saúde são os nossos bens mais preciosos.
ANTÔNIO CARLOS WESTON
Superintendente do Hospital Dom João Becker