- Especial
- 28 de setembro de 2023
Delegado que inventou falso ritual satânico em Gravataí perderá a aposentadoria
Por decisão unânime, o Conselho Superior da Polícia Civil encerrou o processo administrativo envolvendo o delegado de polícia Moacir Fermino. O julgamento ocorreu na última terça-feira (26), no Palácio da Polícia, na Capital. O caso, que remonta a 2017, girou em torno da falsa alegação de um ritual satânico em Gravataí que resultou na prisão injusta de inocentes. Relembre aqui.
Além disso, o imaginário de Firmino também prejudicou as investigações relacionadas à descoberta de dois corpos de crianças que haviam sido esquartejadas e deixadas às margens de uma estrada na Lomba Grande.
Durante o julgamento, oito conselheiros votaram a favor da revogação da aposentadoria do servidor, bem como de sua exclusão oficial do quadro da instituição. Além disso, Moacir Fermino enfrenta acusações criminais relacionadas ao episódio.
O incidente teve início quando Moacir Fermino assumiu a liderança da investigação sobre a descoberta dos corpos, localizados na cidade de Novo Hamburgo. Em questão de dias, Fermino convocou uma coletiva de imprensa afirmando ter resolvido o crime, alegando seu envolvimento com rituais satânicos e sacrifícios de crianças. As provas eram “revelações divinas” recebidas por ele.
De acordo com as investigações, alegava-se que empresários haviam encomendado um ritual satânico que resultou no sacrifício das crianças, levando à prisão de cinco indivíduos. No entanto, posteriormente, a própria polícia reconheceu que tudo não passava de uma farsa. Suspeita-se que o delegado tenha fabricado esse caso para ganhar notoriedade dentro da igreja à qual estava associado.
Após o escândalo, Moacir Fermino foi destituído de suas funções de investigação e, em 2020, foi condenado em primeira instância pela Justiça a uma pena de seis anos de prisão por crimes de falsidade ideológica e corrupção ativa de testemunha. No entanto, o delegado permanece em liberdade e se aposentou recebendo um salário considerável.
De acordo com os dados do Portal Transparência, em agosto deste ano, ele recebeu uma remuneração bruta no valor de R$ 30,1 mil. Com a recomendação do conselho, a decisão de revogação da aposentadoria é de competência do governo gaúcho. O caso permanece em aberto na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa de Novo Hamburgo, sem elucidação.