Artigo | A Barbárie Moderna

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Foto: Campanha Agência Brasil/Ilustração

Cristian Correa – Nos últimos dias, vimos que a violência contra a mulher tomou formas assustadoras, quantas foram ou ainda serão vítimas? Ninguém sabe. O que podemos prever é que a violência parece não encontrar formas de se apresentar, e nesses casos, fica nítido que, para o agressor, pouco importa o que irá acontecer, ele vai fazer e pronto.

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Independentemente do tipo: estupro, agressão física, violência psicológica ou a morte, seja qual for; não haverá limites, a cada dia nos surpreendemos com novos fatos e os mesmos personagens.

Há poucos dias, uma mulher, em trabalho de parto, foi covardemente violentada, sem a chance de qualquer tentativa de reação, lógico, quem imaginaria o que estaria por acontecer, nem nos piores pesadelos; além disso, a covardia do seu agressor ganhou força quando ele proibiu o pai do recém-nascido de entrar na sala do parto, o acesso paternal iria afastar qualquer garantia do cometimento do crime pelo médico, sim, um médico anestesista, homem cujo juramento traz preceitos de honestidade, fidelidade e tratar a todos por iguais e muito mais.

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Numa sociedade que há tempo está polarizada entre pretos e brancos, esquerda e direita, ricos e pobres; surge um homem branco, classe média alta, educado em colégio bilíngue; um médico que vai cometer o mais horrível dos crimes, num ato de covardia, que só não continuou, porque outras mulheres, desconfiadas e desprotegidas, resolveram utilizar de recursos tecnológicos para se proteger, culminando com o fim de uma temporada de primitivismo, ignorância e segurança, sim, segurança pois no conforto da sala de cirurgia, o médico achou que nunca seria descoberto, afinal de contas, essa não foi a primeira e nem seria a última, e ele jamais imaginou que o pegariam, acompanhado da áurea da impunidade que tantos acompanha.

Voltando para a Aldeia dos Anjos, tivemos um final de semana muito triste e violento, nesse find – como escrevemos nos aplicativos – não foi a violência do tráfico que tomou conta dos noticiários, mas, a de gênero, contra a mulher, aquela intimidadora, dominadora e possuidora, a que traz resquícios de um período colonial, onde toda mulher tinha seu dono e todo patrão tinha sua ama de leite. Mulheres que disseram um não para uma relação acabada, enfraquecida pelo tempo e resolveram dar um outro rumo.

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Mulheres que decidiram se cuidar e buscar outro carinho o que para alguns foi inadmissível, homens que não aceitaram o fim de um relacionamento arrastado, desgastado, desamoroso, costumeiro, vazio e empurrado com a barriga, ufa!!!, decidiram dar cabo à vida dessas mulheres, uma covardia sem tamanho que só oprime, violenta e tortura, até quando iremos aceitar tamanha selvageria e sentimento de posse como rotina. Se ela não quer, não tortura, não machuca, não persegue e não mata, deixa em paz e segue em paz.

Nesses dias de descanso, a região metropolitana foi palco de três assassinatos horríveis, três feminicídios. Mulheres que decidiram tomar outros rumos, tiveram suas vidas ceifadas, resolveram sair da posse e voar por conta, seguir suas vidas e abandonar lares violentos ou tóxicos, na maioria das vezes para proteger suas vidas e de seus filhos.

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Foram vítimas de arma de fogo, arma branca e asfixia, sim, nessa ordem, não sabemos ao certo o que ocorreu dentro ou fora desses lares, mas o que podemos afirmar é que: nada justifica tirar a vida de outro ser humano, principalmente se esse alguém for mulher, mãe e esposa, da mesma forma, nada justifica o estupro, a violação do corpo, pior ainda na condição de vulnerabilidade em que a parturiente se encontrava.

Quando as mulheres dizem que não tem sossego ou que não estão seguras em lugar algum, parcialmente podemos tentar entender, pois se no momento em que elas estão trazendo novas vidas, são ultrajadas e humilhadas, o que esperar quando estão sozinhas ou sofrem dentro de casa, quando não querem mais nada daquela relação, mas só querem viver. Respeito e consideração é o que devemos a elas, repensemo-nos como sociedade e como homens, até onde podemos levar esse estado de coisificação.

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