Amon Costa | Um século de Barbosão

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Prédio inaugurado em 1935 no alto da Av. Loureiro da Silva

O título da coluna soa um tanto informal demais, porém, tenho justificativas para essa liberdade em chamar a minha escola do coração, o Barbosa Rodrigues, de Barbosão! Até porque nem sempre foi assim que o colégio foi chamado; durante muito tempo ele possuía outro nome: Clemente Pinto.

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A escola que nasceu em 1922, levou inicialmente o nome de Alfredo Clemente Pinto que nasceu em Porto Alegre em 1854 e foi um famoso educador que por mais de 40 anos dedicou-se ao magistério, jornalista, escritor de diversas obras e político, eleito deputado estadual do final do século XIX.

O primeiro, Clemente Pinto e sua principal obra publicada.
Botânico Barbosa Rodrigues 1911.

Barbosa Rodrigues, o nome do homenageado botânico, que em 1890 tornou-se diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, o qual dirigiu até sua morte. Publicou uma obra de vasta extensão e uma de suas mais importantes contribuições; foi seu trabalho sobre orquídeas, em três volumes, Genera et species orchidearum novarum (1877/1881).

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Pairam duas teorias sobre os dois nomes distintos para a escola a primeira: Gravataí na década de 40 era a cidade das orquídeas, havia a sociedade especializada no tema, SOGRA (Sociedade Orquidófila de Gravataí) com encontros estaduais e nacionais sobre o tema e por este motivo a homenagem; por outro lado, a escola originalmente chamava-se Clemente Pinto e depois da era Getúlio Vargas (1930- 1945) muitas instituições mudaram de nome, sem que as decisões passassem pela aldeia.

Segundo as pesquisas de Agostinho Martha, em seu livro Nossa Terra, Nossa Gente, o começo da escola abarcou três aulas, com os seguintes educadores: Clotilde Linck Rosa, Ernesto Gomes Ferreira e Áurea Selli Barbosa (Dona Didi), como a primeira diretora. Nos anos seguintes e a partir da criação do grupo escolar, vieram de Porto Alegre as professoras: Maria Endres, Angelina e Elfa Freda.

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O prédio atual da escola foi inaugurado em setembro de 1935, ainda com o nome de Clemente Pinto, que veio a ser substituído em 1950.

Rosemary Kroeff de Farias, foi de aluna à professora na escola.
O estudioso aluno Claudio Wurlitzer em 1962.

Bah, só alegrias. Polícia e ladrão no pátio, ouvir Francisco Alves cantando “criança feliz” na biblioteca, ser expulso do jardim de infância e depois ser alfabetizado pela mãe Rosemary Kroeff de Faria Silva . Todas as profes até a quarta série, os colegas, a Ana Maria que veio de Angola e ficamos todos fascinados, a massinha e a sopa de merenda, o “puxado” de madeira (acho que era uma brizoleta). Arthur de Faria, músico e filho da Profª Rosinha.

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Palco do salão de eventos da escola.
Professora Maria Fonseca fazendo a leitura no jardim da escola.

Estudei até a quarta série. Adorava as aulas. Recordo do prédio e o pátio e achava tudo enorme. A prof. Márcia, de Educação Física que brigava comigo porque tinha medo da bola, amava a biblioteca. O primeiro livro que peguei para ler foi Memórias de um Cabo de vassoura. Tanto que hoje, sou professora em escolas municipais em Gravataí e Cachoeirinha e dou aula em ambas para turminhas de 3⁰ ano. Ciclos passando de mãe para filha. Ótimas recordações. Odete Moraes Rangel.

O irmão da professora e ex-diretora Cristina Martins, a nossa Kika, o aluno “Goda” Adriano Martins comenta: Lembro do Jardim de infância com Profª Nilza Vera, depois veio a Profª Rosinha, teatro de fantoches no salão, festas juninas com vira latas, jogo de argolas, grande fogueira, muita pipoca, quentão, pinhão, enfim, dona Maria servia a merenda, tinha até dentista, saudade que fica, muito bom.

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Os anos 1970 marcaram a universalização do ensino fundamental, pois até o ano de 1971 tinham as difíceis provas para acessar o ginásio (o famoso exame de admissão) e que muitos jovens não conseguiam vagas para estudar. O salão do colégio era o local sagrado de ensaios teatrais, formaturas e shows de talento, o Barbosa sempre foi um celeiro de talentos culturais da cidade, uma escola pública de excelência naqueles anos 1970, 80 e dos anos 1990.

Na galeria das ex-diretoras, várias educadoras que marcaram seu tempo: Marcia Dornelles, Cristina Martins.
Aurea Gomes, Zeli Maria Ramos, Isaura Fonseca Ferreiras e Adelaide Linck.

Os anos 80 e 90 de Angelina, Márcia, Rosinha, Kika e tantas outras pessoas, tiveram uma marca muito simbólica das lutas sindicais, a escola viveu uma intensa politização com a abertura democrática, o movimento das diretas já, a elaboração da Constituição em 1988, o Estatuto da Criança e do Adolescente, tudo isso, criando uma nova etapa na educação.

Como fui estudante da escola nos anos 90, lancei uma provocação nas redes sociais, para que as pessoas deixassem depoimentos sobre as suas memórias da escola, algo ou alguém que tenham lhes marcado; foram centenas de comentários muito emocionantes.

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Muitos lembraram com carinho das professoras: Maria Fonseca, Amélia, Edy Job, Maria Luiza Gomes, Ana Gleci, Zita, Vilma Andrioli, Glaci, Lizette Donga, Ana Lúcia Oliveira, Zena Scharmm, Soeny Constante, Regina Linck, Nammi, Onyra, Eloisa Chiavaro, Nilza Vera Brambila , Fausta, Tereza, D. Ofélia que foi diretora e outras tantas inesquecíveis educadoras. Além das pessoas citadas aqui, temos ainda meus Profes, que depois tornaram-se gestores desta grande escola: Gerson Schoen e Silvia Freitas.

É impossível citar os nomes de todos os educadores que já pisaram naquele solo sagrado da educação; no entanto, para representar todos estes profissionais marcantes, vou fazer uma escolha muito particular, afinal, como uma das educadoras mais importantes da história da escola e da cidade como um todo, a Professora Rosemary de Kroeff Farias da Silva, a Rosinha, de estudante à professora, alfabetizou boa parte da geração das pessoas que hoje são jovens de 50 ou mais e tornou-se uma exemplar professora de história no ensino médio, implantado no final dos anos 80, início dos 90. Na certeza de fazer jus à homenagem que dedico a coluna dessa semana: Rosinha e Barbosa, obrigado professora e escola que deixaram suas digitais em nossas almas!

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