Amon Costa | Dois séculos enfrentando pedágio

Amon Costa | Dois séculos enfrentando pedágio
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Gravataí sempre esteve no meio do caminho de todos os lugares, no tempo do Império, os impostos eram arrecadados em postos de vigilância militar colocados em lugares estratégicos, as taxas eram anuais ou dependiam muito da carga transportada, principalmente os tropeiros com seu gado. O primeiro registro é de 1803 quando o Capitão da Aldeia, Antônio Moraes Sarmento, já reclamava da passagem clandestina em rotas alternativas que desviavam do posto oficial de cobrança de pedágio na ponte do Passo do Ferreiros.

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Os carreteiros eram os que mais pagavam pedágio

Da mesma forma, outro ponto importante de cobrança de pedágio, foi logo após a construção da ponte de pedra de Cachoeirinha em 1835, incendiada pelos revolucionários farroupilhas e reconstruída em 1845, era lugar de passagem de todo tipo de comércio e de quem vinha de São Leopoldo, Taquara, Gravataí, Santo Antônio da Patrulha bem como de toda serra.

Em 1851 há registros de cartas, reclamações e ponderações ao poder público reclamando a cobrança abusiva, pois nas estações chuvosas as carretas e carroças atolavam na várzea do rio Gravataí.

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Com a emancipação de Gravataí em 1880, a arrecadação do município caiu muito, as estradas em épocas de chuvas ficavam intransitáveis pelo peso das carretas de boi, muitos produtores do interior do município preferiam usar as estradas da Lomba Grande; a solução encontrada em 1894 foi criar uma lei onde todo proprietário deveria pagar pedágio para manutenção das estradas, seis mil contos de réis.

Monumento na Praça Eng. Leonel Brizola para inauguração da Rodovia em 1934.

Na gestão do Governador Flores da Cunha e do Prefeito José Loureiro da Silva, foi inaugurada em 22 de abril de 1934, a primeira rodovia pavimentada do Estado ligando o centro de Gravataí, passando por Cachoeirinha até Porto Alegre.

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A estrada pavimentada foi inicialmente batizada de Estrada Cristóvão Pereira de Abreu, uma homenagem ao tropeiro que no século XIX abriu caminhos e estradas; essa mais tarde foi renomeada como Av. Flores da Cunha e mais uma vez rebatizada de Av. Dorival C. de Oliveira.

Essa pavimentação permitiu um grande desenvolvimento comercial, de serviços e do transporte coletivo entre o centro de Gravataí, Cachoeirinha e Porto Alegre.

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Ticket de pedágio entre Gravataí e Porto Alegre em 15 de julho de 1937- Arquivo Câmara de Vereadores Gravataí.

O pedágio ocorreu até 1941, seu valor variava segundo o veículo, caminhão de carga, ônibus, automóvel, carreta de quatro ou duas rodas e tropas de gado.

Na gestão de Getúlio Vargas, foi criado o DAER, e diversas iniciativas de pavimentações ocorreram, como a construção da ERS-20 que foi fundamental para estabelecer uma relação comercial com os Campos de Cima da Serra, Taquara, São Francisco de Paula e Cambará do Sul. Foi caminho fundamental para o ciclo e exploração do pinheiro (Araucárias) no século XIX, onde está localizada Morungava e possuía um ponto de cobrança de pedágios aos tropeiros e carreteiros.

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Festividades da Inauguração da BR 290-Freeway- Porto Alegre – Osório. 1973

Uma das obras mais emblemáticas da história de Gravataí, estabeleceu o declínio e parte da destruição do histórico bairro do Passo das Canoas, os moradores do bairro se viram obrigados a ceder espaço à construção de prédios em nome do progresso. A nova rodovia também causou prejuízos para pequenos comerciantes e vendedores que tinham um considerável movimento na estrada velha (ERS-30). No entanto, a BR-290 (Rodovia Osvaldo Aranha) que liga Porto Alegre à Osório foi inaugurada em 26 de setembro de 1973 e estabeleceu um novo dinamismo econômico aliado à construção do Distrito Industrial de Gravataí.

Antigamente, a ida para o litoral poderia demorar até 6 horas, com a construção da BR-290, o mesmo trecho era realizado em aproximadamente 1h30min. Pouco tempo depois de inaugurada, o governo federal iniciou a cobrança de pedágio a fim de arrecadar recursos para a manutenção da via. Em 1997, a famosa Freeway, que corta o nosso município de ponta a ponta foi concedida via licitação, à concessionária Concepa, que administrou a rodovia durante 21 anos, encerrados somente em 2017.

Depois de anos de mobilização na cidade e estudos técnicos realizados, a praça de pedágio que onerava diretamente a maioria da população de Gravataí, trocou de lugar, na meia-noite de Sábado do dia 15 de agosto de 2020, deslocou-se para o quilômetro 60, na divisa com o município de Glorinha, Gravataienses que faziam o deslocamento diário para Porto Alegre tiveram um alívio no bolso, porém, passaram a pagar quatro vezes a tarifa ao deslocarem-se para o litoral.

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A ERS-118, foi inaugurada no final dos anos 1960, a moderna rodovia que foi batizada com nome do famoso poeta gaúcho Mario Quintana, já naquela época foi projetada para o transporte da crescente industrialização e trânsito ligando as cidades de Sapucaia do Sul, Esteio, Cachoeirinha, Gravataí e Viamão.

Imagens da proposta inicial da criação de praças de pedágio na Região Metropolitana 2021

O governador, de forma irônica, resgata o pedágio do tempo de Dom Pedro II ao colocar uma praça de cobrança em Morungava no km 22 da ERS-020, naquela época Imperial o espírito persistente dos carreteiros fez com que muito da economia rural de Gravataí buscasse traçar novos caminhos comerciais e desvios para São Leopoldo e Novo Hamburgo.

No que diz respeito à ERS-118, depois de mais de 30 anos para sua duplicação e vultosos recursos públicos, a rodovia está plenamente trafegável, com uma crescente ocupação industrial e um grande parque de logística, a rodovia como se projetava lá nos anos 1960, seria um eixo importante para o desenvolvimento da região.

Outdoor na Rodovia ERS-118, da campanha – RS 118 sem pedágio.

O Governador Eduardo Leite – PSDB, conseguiu uma façanha inédita na Gravataí dos dias de hoje, uniu a mais alta elite empresarial da cidade e os trabalhadores mais humildes, do conservador mais reacionário ao libertário radical, políticos de esquerda e de direita, todos unidos contra o cercamento de pedágios que Gravataí poderá ter!

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