Vinícius do Amaral | Igreja centenária aguarda tombamento

Vinícius do Amaral | Igreja centenária aguarda tombamento
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Igreja centenária aguarda tombamento. Foto: Divulgação

Antes da fundação da aldeia, a assistência religiosa de Gravataí era realizada pela capela de Viamão. Com a fundação do futuro aldeamento, determinou-se a construção de uma capela no que viria a ser a Aldeia de Nossa Senhora dos Anjos. Foi construída em 1760, pelos índios que residiam na capital (Viamão). E foi somente em 21 de dezembro de 1761 que a capela passou a ser denominada capela curada (somente se podia criar uma freguesia nos locais onde havia um povoado que contasse com a instalação de uma capela curada).

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Em 1759, foi nomeado pelo Bispo do Rio de Janeiro um padre para Gravataí. Na verdade eram dois freis, Rafael e Domingos da Purificação. Estes nomes não são nomes de batismo, pois seus nomes mudavam quando ficavam religiosos. Também consta nos registros o nome do padre Bernardo Lopes da Silva.

O primeiro batizado de Gravataí, está registrado no ano de 1765. E consta registrado assim: “Certifico que no livro primeiro, na folha primeira, no dia 15 de setembro foi batizado Joana. O celebrante foi frei Rafael. A menina veio das missões.”

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A capela nestes tempos era apenas uma pequena edificação feita de estuque (pau-a-pique)

O templo durou até 1774, quando foi derrubado e iniciada a construção da primeira igreja, por determinação de José Marcelino de Figueiredo, o governador da província, que contou com a mão de obra dos recém chegados indígenas da região das missões (1763). As dimensões eram as mesmas da atual, porém mais simples e sem as duas torres da atual fachada. Em 27 de outubro de 1777, dado por acabado e pronto o altar mor, foi feita a translação do Santíssimo Sacramento, até então, depositado no sacrário do altar lateral, “da parte do evangelho”. A cerimônia foi procedida com toda pompa, em procissão por dentro da Igreja, com a presença do próprio Governador Marcelino, além dos maiorais da terra e do povo em geral.

Fala-se que um grande temporal balanceou a antiga igreja, que como era de pau-a-pique, teve boa parte de sua edificação prejudicada. Somente em 1852 é que o vigário da freguesia, padre Francisco da Madre Deus e Canto nomeou uma comissão de obras para dar início á construção do novo templo, que ocorreu efetivamente em 1855. Entretanto, em 1858, quando estava próxima de ser concluída a obra, foi nomeada uma comissão de vistoria, que encontrou inúmeros defeitos no templo, determinando a paralisação das obras. Em 1871 nova comissão foi nomeada para dar andamento aos trabalhos, presidia pelo coronel André Machado de Moraes Sarmento, encarregado de angariar fundos para o custeio das obras. Como a verba não chegava para a conclusão das obras do templo, em 1887 ,a própria Irmandade do Santíssimo Sacramento tomou para si os encargos financeiros, contratando o empreiteiro José Carboni, que finalmente deu por concluída a tarefa em 1888.

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Procissão reuniu multidão em 1912. Foto: Divulgação

Por fim, mais uma reforma foi feita, a obra começou no ano de 2011 e chegou ao seu fim apenas neste ano de 2019, sendo gasto mais de R$ 1 milhão. A edificação está inventariada como patrimônio histórico da cidade. Mas a igreja ainda não consta como tombada como patrimônio, seu processo de tombamento ainda está em atividades.

Nome “Nossa Senhora dos Anjos”

Há os que colocam como hipótese o deslocamento das meninas indígenas das redução para essa região. Há quem diga que havia no local um cacique com o nome de “Anjo” e que por esse motivo teria originado a nominação da capela.

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Porém é muito provável que esses motivos sejam apenas lendas. Um motivo bem mais relevante e que seja o verdadeiro motivo para á dedicação á Nossa Senhora dos Anjos seja o fato de que entre os 10 primeiros párocos de Gravataí 9 deles eram Franciscanos.

O Cemitério

O cemitério ficava onde era localizada a casa canônica, permaneceu ali em utilização até 1855, quando a grande epidemia de cólera morbus que se abateu sobre o Rio Grande, causando 51 mortes na Aldeia, obrigou sua mudança para onde atualmente se encontra (parada 79). Destinava-se ao comum do povo (na época os índios), sendo as pessoas importantes sepultadas dentro da Igreja, como ocorreu com o primeiro Comandante da Vila. Antônio Pinto Carneiro, cujos restos foram inumados em 12 de junho de 1779, com missa de corpo presente.

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Os sinos missioneiros

Em 1831, vieram dois sinos maiores da redução de São João, das Missões, numa viajem de carreta de bois que durou seis meses, trazidos pelo senhor José Ângelo da Fonseca e que foram instalados numa pequena casa construída ao oeste da igreja.

Em 1956 o atual Pároco de Gravataí resolveu adquirir sinos novos para a Matriz, e os comprou da firma Irmãos Bellini Ltda, de Canoas. Alegava-se que os sinos antigos haviam perdido a sonoridade e que seus toques só eram ouvidos a pouca distância da Matriz. Também se falava que os sinos estariam rachados.

Chegou a ser feita uma vaquinha dos moradores para a compra dos sinos, mas como o dinheiro necessário não conseguiu ser arrecadado no prazo dado pela igreja, o sino acabou sendo vendido e derretido em um ferro velho, a razão de Cr80.00 o kg. Renderam no total Cr$ 60.000,00, cerca de 20% do preço dos novos sinos adquiridos.

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Consta que no final da vida o responsável confessou estar arrependido do que fizera.

– REFERÊNCIAS

– FLACH, Irineu. História da Paróquia Nossa Senhora dos Anjos. Raízes de Gravataí.

– FRABIS, Cristiano. Reforma Igreja Matriz Nossa Senhora dos Anjos (CREA RS). Gravataí, 16 de Novembro de 2011.

– MARTHA, Agostinho. Nossa Terra, Nossa Gente. Março de 2001.

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