- Especial
- 28 de maio de 2022
Três meses depois, polícia busca localizar corpos para encerrar investigação de casal de Cachoeirinha
Três meses já se passaram desde o desaparecimento do casal Rubens e Marlene, moradores de Cachoeirinha. No entanto, mesmo que a polícia tenha indícios da morte dos dois, a dificuldade em localizar os corpos tem sido um problema para a investigação. Desde a prisão do neto de Rubens, Andrew Heger Ribas, de 28 anos, e de Cláudia de Almeida Heger, 51 – filha do idoso, a polícia realiza buscas em cidades da região na qual possui indícios de que os corpos tenham sido descartados.
Para o delegado Anderson Spier, responsável pela investigação, Rubens e Marlene foram retirados da residência deles, no dia 27 de fevereiro, no porta-malas do carro de Cláudia, que é visto nas imagens. A partir disso a investigação ainda busca elucidar o trajeto que eles fizeram até se livrarem dos corpos.
Ainda de acordo com Spier, que no dia 06 de maio conseguiu a prisão preventiva de Andrew e Cláudia, vídeos no celular do rapaz dão indícios de áreas onde os corpos poderiam ter sido deixados, ou até mesmo enterrados. Uma delas é uma gravação feita por ele na cidade de Parobé.
No dia 16 deste mês, um cão farejador encontrou um vestígio que pode ser das vítimas. Segundo o Corpo de Bombeiros, o cachorro indicou que sentiu um odor emitido por corpos em decomposição. No entanto, o faro ocorreu no porta-mala do veículo de Cláudia. As buscas em terrenos prosseguiram, mas não deram frutos.
Os dois, já presos, durante depoimento, negaram qualquer tipo de crime. Cláudia sustentou a versão dada desde os primeiros dias do desaparecimento. Ela levou o pai e a madrastra para passarem o feriado de Carnaval em sua casa, em Canoas. Durante o feriado ela se sentiu mal e procurou atendimento em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade, e quando retornou para casa não encontrou os dois.
A versão dela é verdadeira, conforme o advogado Rodrigo Schmttz, já que Cláudia possui o histórico e também provas de que esteve em atendimento. Para a polícia, Rubens e Marlene nunca chegaram à residência da filha. Mãe e filho seguem presos preventivamente. No dia da prisão a reportagem conversou com o advogado de defesa dos dois, que apontou uma série de incongruências entre as supostas provas apresentadas pela polícia e suas versões. Confira na íntegra:
“Agora, a partir da prisão dos dois, nós vamos ter acesso ao processo. Os dois estão extremamente abalados, não tem a menor ideia do que possa ter ocorrido. A minha cliente prestou depoimento por seis horas no último mês, contou como era a rotina, o relacionamento com o pai, deu acesso a tudo o que a investigação precisava.
A primeira informação que se tinha da polícia é de que não encontraram nada na casa do casal. Ai foram na casa da minha cliente e fizeram perícias na residência e no carro. Não acharam nada em ambos. Se o Rubens estava machucado, como não teria nenhuma mancha de sangue no carro se eles saíram juntos, todos no mesmo veículo?
Eles atestaram que nada havia sido encontrado na casa, e agora, muitos dias depois eles retornam com um laudo dizendo que tinha sangue do Rubens, que sabe se lá de quando é. O negócio é tão descabido que a prisão preventiva foi baseada no crime de homicídio, sabendo que no momento o que temos são duas pessoas desaparecidas. Fora isso não existem provas técnicas que eles possam ter cometido algum crime”, disse.
Sem elementos técnicos esse caso não se sustenta, mas o dano já foi causado. Minha cliente tá ali, presa, precisa tomar insulina agora às 19h, o material está na casa dela, eu não tenho chave, na delegacia só pode entrar remédio com receita. Ela vai passar mal. Quando tudo isso se resolver, quando provarem a inocência será tarde demais. Indenização nenhuma no mundo repara esse trauma”, enfatizou ele.