- Coronavírus
- 24 de setembro de 2020
Seis meses após o primeiro caso, Gravataí registra 94 novos infectados pelo coronavírus
Era julho e chovia em Gravataí na noite em que a cidade quase chegou ao tão temido colapso do sistema de saúde, sem ter condições de atender aos pacientes. A revelação foi feita pelo médico Antônio Carlos Weston, superintendente do Hospital Dom João Becker.
“Não sei precisar a data, mas foi uma noite chuvosa no mês de julho. Trabalhamos toda a noite e a madrugada, tentando remanejar os pacientes para outras unidades e evitar um colapso. Conseguimos o apoio da Santa Casa e do Hospital de Santo Antônio da Patrulha”, relembra o médico.
Este foi um dos tantos capítulos vividos no município desde o dia 24 de março, quando Gravataí teve o primeiro diagnóstico de covid-19 confirmado. Em seis meses, a cidade já teve 4.418 moradores infectados pelo novo coronavírus, sendo que 94 foram apenas entre ontem e hoje (24). Nesta quinta, também foi registrado mais um óbito, totalizando 128 desde o início da pandemia.
À reportagem do Giro de Gravataí, o Dr. Weston analisou o desenvolvimento da doença no município. “O que se observou foi um comportamento muito semelhante ao comportamento do Brasil e mais especificamente do Rio Grande do Sul como todo. Em março, abril e no começo de maio tivemos números relativamente baixos da doença. Isto se explica, e hoje podemos afirmar com mais certeza, a circulação do vírus foi menos intensa”, comentou.
O gestor do hospital da cidade, ressaltou que com a chegada do inverno e a queda nas temperaturas, o problema se agravou, de modo que a incidência em junho foi alta. Além do frio, Weston acredita que a falta de cuidados de parte da população também influencio no crescimento da pandemia.
“Uma parte das pessoas, naquela época, ainda não havia aderido ao hábito da utilização de máscaras, ao distanciamento social, usar o álcool, houve uma parcela de responsabilidade, desta falta de cuidado de uma parte das pessoas”, observou. “Mas não dá para generalizar, muita gente estava utilizando”.
“Será que essa medida fossem adotadas anteriormente, os números seriam menores? A reposta ainda não está definida, mas quanto menos prevenção, mais casos”, completou.
Neste período, o município recebeu investimentos, abriu novos leitos, teve a inauguração do hospital de campanha, mas mesmo assim, enfrentou dificuldades. “Hoje, dos 10 leitos do hospital de campanha, três estão ocupados. Já chegamos a ter 17”, revelou Weston.
Inicialmente, o Hospital de Campanha funcionaria apenas até o final de agosto, depois, foi prorrogado para o final de setembro e, por fim, para o final de outubro. Agora, o médico observa que a estrutura de saúde do município, somada à tendência de queda apresentada pelas contaminações da covid-19, indica que, mesmo sem os leitos do hospital provisório, os pacientes que forem contaminados poderão ser atendidos de modo satisfatório.
Weston explica que a curva descendente não é regular e em alguns momentos pode ter altas, mas é pouco provável que haja uma reversão na tendência de queda. Entretanto, o médico reforça que o problema ainda não terminou e não é hora de relaxar nas medidas para evitar o contágio.
“Os cuidados de prevenção, distanciamento social, uso de máscara, têm que continuar, nós vamos estar tranquilos quando chegar uma vacina ou um medicamento eficaz contra o vírus”, analisou.
O médico também elogiou o empenho dos profissionais da saúde. “Acho que o que tem que destacar é a dedicação comovente das equipes que atenderam estes pacientes. Não podemos esquecer que os profissionais da saúde arriscam as suas vidas quando atendem pacientes com covid. São heróis”, observou.