Redução no crime que assolou produtores rurais nos últimos cinco anos em Gravataí

Redução no crime que assolou produtores rurais nos últimos cinco anos em Gravataí
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Policiais na maior operação da história da Polícia Civil contra o Abigeato | Foto: Polícia Civil RS/Divulgação

O município de Gravataí, que conta com uma grande extensão rural, é rota e esconderijo fácil para quadrilhas especializadas nos crimes de abigeato – furto de animais. O delito, que normalmente é execução em áreas afastadas dos grandes centros, para muitos é desconhecido. Com a falta de testemunhas, câmeras de monitoramento nas zonas rurais, a prática se tornou quase imbatível nos últimos anos no RS, e também em Gravataí.

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De acordo com os dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Rio Grande do Sul, desde 2014 a prática tem sido corriqueira em regiões onde se concentram os maiores produtores de gado do RS, como; Bagé, Alegrete e Santana do Livramento.

Negócio lucrativo

Com a criação de grupos especializados no abate de animais o negócio se tornou lucrativo, já que o abate é feito no campo – normalmente na madrugada, sem nenhum tipo de custo, e vendido diretamente para o receptador – perfil traçado pela polícia de pequenos empresários, proprietários de mercados e açougues.

Ao despertar o interesse do lucro, facções também deslocaram membros e criaram um negócio à parte do ramo de origem, o tráfico de drogas. Com os ataques constantes em cidades da campanha e a explosão dos índices, algumas quadrilhas foram procurar novos alvos na região sul, criando ramificações em cidades da região metropolitana. Foi então que Gravataí se tornou o “x” do mapa.

Gravataí na rota

Em 2014, o crime de abigeato já aparecia no radar da polícia. Naquele ano, 93 casos foram registrados, colocando a Brigada Militar (BM) em alerta com a patrulha rural, começando uma aproximação com os produtores e empresários na região, afim de identificar as pessoas envolvidas no crime. No ano seguinte, ainda conforme os dados da SSP, a prática teve seus números elevados, saindo de 93 para 98. Em 2016, Gravataí entrou na lista vermelha da segurança após registrar 125 casos.

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Com o crescimento de um crime, que até então era desconhecido pela população, a Polícia Civil de Gravataí começou a monitorar e investigar os casos registrados na cidade, principalmente na região de divisa com o município de Glorinha e na Morungava. Por sua vez, a BM reforçou ainda mais o patrulhamento coletando informações, auxiliando os policiais civis.

Município era o reduto da quadrilha

Foto: Gabriel Siota Ganzer/Giro de Gravataí/Especial

Com os prejuízos constantes para os produtores rurais, a chefia de polícia adotou medidas e reforçou as investigações para combater as práticas nas cidades aonde tinham elevados índices. Foi em novembro do ano passado que cerca de 200 policiais da recém criada Delegacia de Polícia Especializada na Repressão aos Crimes Rurais e Abigeato (Decrab) desencadearam a Operação Patrulha, que tinha como alvo um grupo criminoso responsável por diversos roubos de gado em diferentes cidades da Região Metropolitana. Cerca de 100 mandados foram cumpridos na ação, nove deles em Gravataí.

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Conforme levantou a investigação, o grupo era oriundo de Sapucaia do Sul – cidade que faz divisa com o município. No entanto, aos poucos eles foram migrando e tomaram Gravataí como base das operações da quadrilha, atacando nas cidades de Canoas, Esteio e vendendo a carne fresca para receptadores, que segundo a polícia, seriam donos de comércios na cidade de Cachoeirinha.

A investigação teve início em maio, quando integrantes do grupo furtaram animais em uma fazenda no município de Santo Antônio da Patrulha, no Litoral. De acordo com o delegado Cristiano Ritta, responsável pela apuração, os ladrões atuam de Capão da Canoa, passando pela Região Metropolitana, até Camaquã, na Zona Sul. Para a polícia, esta é a maior organização criminosa que atua no Rio Grande do Sul neste tipo de crime e as ações são, praticamente, diárias.

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Sem dó

Foto: Polícia Civil-RS/Divulgação

Só em 2018 o bando é suspeito de pelo menos 500 crimes de abigeato em todo o estado. A operação era sempre a mesma. Invadiam as propriedades durante a noite, entre 4 a 8 pessoas e furtavam os animais. Na grande maioria das vezes, matavam eles no campo e carneavam ali mesmo. As partes mais rentáveis para a venda já eram colocadas no porta-malas dos veículos e transportadas para as residências. De lá, já armazenadas, eram vendidas. Ainda segundo a polícia, uma prática também adotada pelo bando era quebrar as patas dos animais para que os mesmos não ficassem agitados e tentassem correr. Armados, eles também aproveitavam a ocasião para furtar implementos agrícolas e demais mantimentos dos sítios.

Nova fase

Aliviados, produtores de Gravataí comemoram a redução dos índices. Embora a prática não tenha sido extinta, os crimes de abigeato tiveram redução significativa no primeiro trimestre. Apenas cinco casos foram registrados na cidade, tendo uma queda significativa comparado ao mesmo período dos anos anteriores.

Os canais de comunicação como o Whatsapp também ajudam para o monitoramento, já que grupos foram criados com policiais da região em uma supervisão diária. Empresário e produtores também investiram em segurança como a instalação de cercas elétricas e câmeras de videomonitoramento, afim de impedir que os casos voltem a ocorrer e auxiliando a polícia em investigações de outros crimes na região.

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