- Polícia
- 15 de novembro de 2019
Polícia tem um novo ‘quebra-cabeça’ a ser resolvido em Gravataí; a lista de dúvidas do crime
Na conversa de elevador, na roda de Chimarrão, no saguão da Prefeitura e até mesmo na igreja. Todos os assuntos levavam a um só: “Que estranho aquele negócio da mulher do cemitério né?!”, comentou uma mulher na fila do banco. A outra respondeu: “Estranho é pouco, isso ai não é coisa de gente normal”, complementou. Uma outra se atravessa na conversa: “Eu vi, comentei com meu marido, uma loucura só”, disse.
Assim foi a semana em Gravataí sobre o crime que chocou o Estado. O corpo de uma mulher, sepultada há um dia estava fora do caixão, e foi encontrada semi-nua em uma espécie de clareira na mata que cerca o Cemitério Municipal do Rincão da Madalena. Ao decorrer das horas, dúvidas já surgiam, tornando o caso ainda mais abstruso.
Para a Polícia Civil, as dúvidas também eram as mesmas;
– Quem fez a ligação anônima para a família afirmando que o corpo estava fora do caixão e que iriam tapar com terra novamente?
– Como era possível fazer tudo aquilo sem ser visto?
– Porque o corpo foi levado até o matagal?
– O criminoso tinha conhecimento da área e conhecia a clareira para aonde levará o corpo?
– O que as cruzes e ar árvores pintadas indicam sobre o crime?
– Se alguém queria abafar o caso, é porque já aconteceu outras vezes e assim havia sido feito?
– O autor sabia do funeral, acompanhou?
– Foi uma vítima aleatória?
Todas as dúvidas são contestadas pela polícia, que iniciou no mesmo dia as oitivas com familiares, amigos e funcionários da empresa terceirizada que prestas serviços à Prefeitura de Gravataí nos cemitérios municipais.
Um dia antes de pedir aposentadoria, o então delegado da 1ª Delegacia de Polícia, que investigava o crime, cravou: “Foi alguém que conhecia o local”. Na terça-feira (12), o delegado Gustavo Bermudes assumiu as investigações sobre o crime.
Um ritual é improvável, mas não está descartado
Os investigadores realizam agora um levantamento sobre a vida da vítima afim de encontrar algum tipo de pista que leve ao autor do crime. Diligências também são feitas no cemitério aonde ocorreu a violação, afim de identificar se outros casos já ocorreram no local.
Conforme fontes consultadas, embora o corpo da vítima tenha sido localizado em uma área preparada para rituais, eles acreditam que o crime não tenha relação com algum tipo de culto. “Pelas características e objetos encontrados, a área é usada para rituais, mas o corpo dela não estava no contexto de tudo aquilo. Desconheço rituais, mas acredito que se fosse, teriam velas, ou o corpo teria sido alinhado, em fim, me parece que foi arrastado até ali. Acredito que não seja essa a linha, mas não se descarta né”, disse um investigador.
Atividades noturnas nos cemitérios são constantes
As dúvidas para o crime seriam reduzidas se os policiais conseguissem informações sobre as pessoas que entraram e saíram do cemitério nas horas após o sepultamento. Entretanto, as atividades noturnas são normais em cemitérios.
“Na madrugada tem muita gente que vem pra fazer esses trabalhos de religião e coisa. No do Centro ainda tem como ter um controle, aqui é muito afastado, um breu total. Fica difícil controlar quem vaga por aqui”, contou um funcionário da empresa terceirizada, que por questões de segurança, preferiu o anonimato.
No dia 29 de agosto, um incêndio atingiu a administração do Cemitério Municipal do Centro. Durante as investigações, que também ficaram à cargo da 1ª DP, os investigadores apuravam se o incêndio, confirmado mais tarde como criminoso, partiu de um grupo que foi na madrugada ao local para realizar rituais, e acabaram sendo expulsos. A investigação segue.
O crime no Rincão é tratado como vilipêndio a cadáver. Laudos do Instituto Geral de Perícias (IGP) são aguardados para saber se ela foi vítima de necrofilia.