- Polícia
- 9 de novembro de 2021
Polícia indicia dona de clínica de reabilitação por morte de skatista em Gravataí
A Polícia Civil remeteu ao Ministério Público (MP), na última semana, o inquérito que investigava a morte do skatista profissional Daniel Kauer, o Louva-Deus – referência no esporte nos anos 2000. O atleta, que era da Federação Gaúcha de Skatistas, tinha 41 anos e estava na Clínica Fenix há dois dias para tratar da dependência química. O local, na estrada Vanius Abilio dos Santos, no entanto, não tinha as licenças para trabalhar, funcionando de forma clandestina.
No dia 09 de julho, ele deu entrada, já sem vida, no Hospital Dom João Becker. Inicialmente as informações de pessoas que levaram Kauer até o hospital davam conta de que ele estava em um churrasco com amigos, mas não souberam precisar o que havia ocorrido. Durante a investigação da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), novas informações davam conta de que ele havia caído de uma escada, mas as lesões eram incompatíveis.
Durante a apuração a polícia coletou depoimentos de outros internos que revelaram detalhes sobre a morte de Louva-Deus. Conforme testemunhas, ele havia entrado em surto na noite de sua morte e precisou ser contido pelos próprios colegas, sendo que alguns deles também eram monitores na clínica.
Durante a contenção um golpe conhecido como mata-leão foi aplicado na vítima. Ainda conforme a investigação, eles então decidiram amarrar Kauer na cama, foi quando um dos monitores tentou aplicar novamente o golpe, asfixiando Daniel até a morte. Em depoimento eles informaram que durante contenção, remédios como calmantes também foram introduzidos na vítima, levantando também suspeitas de uma morte por overdose.
Apesar da boa estrutura física do local, o centro terapêutico de dependentes não possuía escopo técnico para o tratamento dos internos, o que contribuiu para a morte da vítima. Segundo o delegado Daniel Queiroz, elementos como estes foram cruciais para o entendimento de indiciar a proprietária e o companheiro, ambos de 43 anos.
‘’Nós indiciamos a proprietária do local e seu companheiro pelo crime de homicídio culposo e fraude processual. Embora não tenham sido os autores diretos da morte, a clandestinidade e a falta de profissionais técnicos na clínica contribuíram para a morte da vítima.
Eles minimamente tinham que ter pessoas qualificadas para trabalhar com estes reabilitados. São dependentes químicos, então é provável que surtos como estes ocorram. Além disso a clínica não possuía nenhuma documentação. Estavam trabalhando de forma clandestina. Já o crime de fraude processual foi pelo fato deles terem tentado atrapalhar a investigação, tentando dar um outro norte, tentando narrar uma outra história, com outro contexto’, explicou Queiroz.
O monitor e interno, apontado como o autor da morte de Kauer, se suicidou dias após o caso. A Clínica Fenix não está mais cadastrada no local. A reportagem do Giro de Gravataí tenta contato com os advogados de defesa do casal indiciado, mas até a publicação desta matéria, não obteve retorno.