Padre Fabiano | Páscoa em tempos de coronavírus

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Como cristão e como padre não posso deixar de falar de uma data especialíssima para o cristianismo: a Páscoa. Estamos celebrando mais uma Páscoa; mas, cada Páscoa é vivida como se fosse a primeira e também como se fosse a última. A celebração pascal de 2020 tem a peculiaridade de não podermos nos reunir nas igrejas para os costumeiros ritos da encenação da prisão, julgamento, crucificação e morte de Jesus, nem para relembrarmos sua ressurreição no domingo de manhã. Triste por um lado, mas também propício para uma reflexão mais solitária do que significa de fato a Páscoa.

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Páscoa e Natal são duas datas que me deixam nostálgico. Mas não me entendam mal, não acho ruim a nostalgia, pelo contrário. Fui no dicionário e encontrei a seguinte definição para o termo: Saudade de alguma coisa, de uma circunstância já passada ou de uma condição que (uma pessoa) deixou de possuir. Nostalgia é saudade. Só se sente saudade de algo que foi bom, só causa saudade aquilo ou aquele/aquela que nos fez bem de alguma forma, de algo que nos marcou positivamente. Não sentimos nostalgia da segunda guerra mundial, ou dos anos de chumbo. Eu sinto saudade da minha infância e juventude em Esteio, do CLJ, da vida na Paróquia Santo Inácio de Loyola – assim como sentirei nostalgia de Gravataí quando o bispo me enviar para outra missão. A Páscoa me deixa nostálgico, e isso é bom. Me traz recordações da infância e da juventude, quando eu era membro CLJ (Curso de Liderança Juvenil), e organizávamos a encenação da crucificação de Jesus, passávamos a madrugada da Sexta-feira Santa na igreja em oração, ajudávamos o padre a preparar a missa do Sábado de Aleluia. Tempo bom!

A Páscoa é o centro da espiritualidade cristã. É a festa mais importante da Igreja Católica, mais que o Natal. Não seria lógico o Natal – nascimento de Jesus – ser comemorado mais solenemente que a Páscoa, na qual recordamos a morte? Na lógica humana sim, mas Jesus rompeu todas as lógicas. Nós cristãos não celebramos a morte de Jesus, mas sua ressurreição, porque cremos que ele não ficou preso no túmulo, mas sim ressuscitou, e, com sua ressurreição, abriu para nós a possibilidade da vida eterna após nossa morte. Ou seja, nós cremos que Jesus de Nazaré, venceu a morte. A Bíblia apresenta o relato das aparições de Jesus aos seus discípulos após o Domingo de Pascoa: comia, podia ser tocado, tinha as marcas dos pregos que pregaram seus pés e suas mãos na cruz, bem como da lança que transpassou seu coração. Não era, portanto, um fantasma, mas uma pessoa com corpo, que não era, contudo, exatamente igual o corpo anterior à morte, pois não era reconhecido pelos seus Apóstolos: era o chamado corpo glorioso, ou seja, renovado, transformado. O mesmo corpo, porém transformado. Ressuscitar não significa voltar à vida, isso seria revivificar; ressuscitar significa dar um passo à frente.

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Esse ano estamos vivendo uma Páscoa diferente. O distanciamento social exigido pela pandemia do novo coronavírus está nos obrigando a abrirmos mão das celebrações comunitárias de Páscoa. Estamos em casa, assistindo tudo pela internet. Triste, muito triste. Rezar missa sem o povo, todos os dias, é triste. Estar rezando em plena Páscoa, numa igreja vazia – igreja na qual, anualmente, vem cerca de 600 pessoas para a Páscoa – é triste. Mas isso, de forma alguma, esvaziou o sentido da Páscoa. Pelo contrário: podemos olhar tudo que está acontecendo de forma espiritual; estamos todos no sepulcro. Estamos vivendo a noite da morte. Mas é necessário. É necessário passar pela cruz para chegar à Ressurreição. É necessário passar pela morte para se ganhar a vida eterna. Saímos da morte ressuscitados. Precisamos passar por isso para reavaliarmos toda a nossa vida, nossa forma de organizar a sociedade, nossa forma de viver. Sairemos deste tempo ressuscitados, com uma vida nova.

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