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  • 25 de abril de 2020

Padre Fabiano | Parabéns pra você…Brasil

Padre Fabiano | Parabéns pra você…Brasil
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Primeira missa celebrada no Brasil. Pintura: Victor Meirelles/ Domínio Público

 

A semana que passou tivemos um dia de festa – apesar de todas as confusões protagonizadas pelo Presidente e pelo ex-ministro da Justiça! Há exatos 520 anos, num longínquo 22 de abril de 1500, uma quinta feira, treze caravelas comandadas por Pedro Álvares Cabral, em nome do rei de Portugal Dom Manuel I, chegavam onde hoje é a cidade de Porto Seguro, dando início à história da ocupação portuguesa do que seria o país do futebol.

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Primeira pergunta: festejar o quê? E por que nessa data? Os ocupantes originários da Ilha de Vera Cruz, os índios – nome dado aos nativos pelos portugueses porque pensavam ter chegado às Índias – estavam aqui bem tranquilos, vivendo da terra, cultuando seus deuses, até que os lusitanos chegaram, trazendo doenças até então inexistentes, exploração da terra, especialmente o pau-brasil, escravidão, corrupção, morte. Roubaram a terra que não era deles.

Bom, sinceramente falando, você e eu só temos direito de fazer esse questionamento ou essa reclamação se formos índios sangue-puro, se, ao desenharmos nossa árvore genealógica, estivermos diretamente ligados, por parte de pai e mãe, a alguma das centenas de tribos guarani ou charrua que habitavam os pagos gaúchos há centenas de milhares de anos, e se em nosso DNA não haver nenhum traço de sangue português, alemão, italiano, francês, ou de qualquer outra etnia que por aqui esteve após 1500. Não é o meu caso. Minha avó paterna era indígena, mas desconfio que não era pura; minha mãe, uma descendente de imigrantes advindos da região do Hunsrick, na Alemanha. Agora, se no seu sangue tem algum traço luso, como no meu, agradeça o fato do Reino de Camões ter enviado as caravelas e por aqui estado por cerca de trezentos anos.

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Não quero com isso impedir o pensamento crítico e dizer que a colonização de terras do hemisfério sul pela países europeus seja algo justificável. O estudo da história serve para que não cometamos os mesmos erros do passado. Contudo, eu não me atreveria a entrar numa máquina do tempo, voltar a 1500 e tentar impedir o descobrimento, porque gosto de estar aqui, gosto de viver e gosto de viver no Brasil.

Sim, gosto de viver no Brasil, e estou feliz com o dia de hoje, com o aniversário oficial do Brasil. Uso o termo oficial porque o descobrimento não foi uma surpresa para os comandantes das embarcações, nem se defende mais a hipótese absurda de que os navios aqui chegaram porque se perderam. Basta ver que, ao “perderem-se”, por coincidência ou por providência divina, chegaram justamente nas terras que já lhes pertenciam por direito pelo Tratado de Tordesilhas, assinado oito anos antes. Então, o 22 de abril de 1500 foi na verdade uma expedição oficial. Coisas da política internacional da época que não convém tratar nesse artigo. Deixo para uma próxima.

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A história do Brasil, ao longo desses 520 anos, está repleta de momentos complicados, tristes até. Mas também temos bonitos momentos a serem celebrados: o processo de independência, que, apesar de ter sido um movimento organizado pelas elites coloniais, tornou o Brasil um país independente, a República, que tirou o Brasil de um sistema de governo obsoleto que não respondia mais à realidade, a abolição da escravatura, a redemocratização, as conquistas no futebol, Airton Senna, entre outros. O Brasil é um país maravilhoso, do qual me orgulho, com uma natureza exuberante, um povo alegre, lutador, vencedor. Parabéns, Brasil!

O dia 22 de abril é uma data histórica também para nossa cidade de Gravataí. Há 86 anos eram inaugurados os primeiros quinze quilômetros da estrada de concreto armado, chamada na época ERS 117, que fazia parte de uma obra maior que ligava Porto Alegre a Osório, partindo da ponte de Cachoeirinha e passando por Gravataí e indo até Santo Antônio da Patrulha. Esses primeiros quinze quilômetros terminavam no centro de Gravataí e foram inaugurados em 22 de abril de 1934, com uma grande festa que contou com a presença de várias autoridades. Mais tarde, a estrada foi Venâncio Aires; em 1964 foi rebatizada General Flores da Cunha, em homenagem ao Interventor Federal responsável pela obra, e, na década de 80, o trecho entre a divisa com Cachoeirinha e o centro de Gravataí, foi rebatizada como Dorival Cândido Luz de Oliveira, homenagem ao prefeito que governou Gravataí por duas vezes nos anos de chumbo – entre 1964 e 1968 e 1972 e 1976, e que morreu num trágico acidente de carro no dia 20 de dezembro de 1984. Parabéns pra você, Avenidas Dorival e Flores da Cunha!

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