Padre Fabiano | Do meu pôster do Che ao entendimento dos perigos do socialismo

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Nos anos de juventude, enquanto cursava a faculdade de História, tinha na parede do meu quarto um pôster bem grande de Che Guevara, o herói da Revolução Cubana. Lia com deleite as histórias dos jovens revolucionários Che e Fidel, por quatro anos lutaram contra o presidente Fulgencio Batista, que implantara uma ditadura que transformara a ilha caribenha no quintal dos imperialistas ianques. Até que em 01 de janeiro de 1959, Dr. Ernesto Guevara e os irmãos Castro tomaram o poder, e implantaram o socialismo em Cuba. 

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A primeira república socialista na América Latina; a poucos quilômetros dos EUA! Nossa! Que sonho! Desde então, Cuba passou a ser o paraíso de todos que viam no socialismo e no comunismo modelos econômicos mais justos que o capitalismo. O Jardim do Éden na terra. Após seu assassinato por soldados bolivianos, em 09 de outubro de 1967, Che Guevara tornou- se um verdadeiro mártir. A imagem do jovem revolucionário com barba e cabelos longos, olhando para o horizonte, percorreu o mundo e tornou-se um ícone para todo jovem que sonhasse com um mundo mais justo e mais fraterno. Durante anos sonhei em visitar Cuba, e, depois que assisti ao filme “Diários de motocicleta”, cujo livro comprei imediatamente depois, esse sonho ficou ainda mais forte.

Desde o último domingo, as notícias que nos chegam pelas mais diferentes plataformas de comunicação, não condizem com a imagem de “paraíso na terra.” Milhares de cubanos estão nas ruas, em mais de vinte cidades, protestando contra o governo, aos gritos de “abaixo a ditadura” e “pátria livre”. Ditadura??? Como assim? Mas Fidel e Che não libertaram Cuba da ditadura de direita de Fulgêncio Batista e devolveram a ilha à liberdade? Muito antes pelo contrário. 

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Cuba é uma república socialista, organizada segundo o modelo marxista-leninista, com Estado fortemente centralizado. Existe apenas um partido político oficial, o Partido Comunista de Cuba. Ora, se existe um único partido político oficial, ou seja, se existem outras agremiações políticas que atuam na clandestinidade, e somente o partido oficial pode participar do poder, já não se pode mais falar em democracia, que exige a possibilidade de participação de outras agremiações, de outros espectros políticos das decisões do país. 

A televisão é estatal, ou seja, é um órgão de propaganda do Estado, e não existem televisões privadas. Aliás, não existem empresas privadas em Cuba, todas as empresas que existiam na ilha foram estatizadas após a revolução de 59. Ocorrem eleições, contudo, o presidente do país não é eleito pelo voto direto, mas escolhido pela Assembleia. De 1965 a 2011, o presidente de Cuba foi Fidel Castro. Ou seja, o poder Executivo foi exercido pela mesma pessoa durante 47 anos! E ele escolheu seu sucessor, o vice-presidente, que é seu irmão, Raúl Castro. Podemos falar em dinastia Castro?

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O modelo comunista, associado ao embargo econômico imposto pelos EUA, colocou o povo cubano numa situação de grande pobreza, o que fez com que, ao longo dos anos, centenas de cubanos deixassem a ilha e fossem justamente para os EUA tentar uma vida melhor. Junto, a falta de liberdade imposto pelo regime comunista há décadas oprime a população. Recordemos a jornalista Yoani Sanchez, que através de seu blog denunciava as arbitrariedades do governo e que foi presa inúmeras vezes. 

Cubanos protestam contra a ditadura. Foto: AFP

Os cubanos cansaram, e há alguns dias estão nas ruas, exigindo liberdade. Protestos que se espalham por toda a ilha, e que vem sendo combatidos com truculência pelo governo. Um padre e um seminarista foram presos por desordem pública, sendo que o padre estava tentando proteger o povo, e o seminarista estava criticando a ditadura. 

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A utopia paradisíaca prometida pelo comunismo desmoronou. Isso acontece com todas as ideologias que prometem o paraíso na terra. Cuba nunca foi um paraíso, tampouco Fidel e Che foram heróis, mas sim revolucionários que implantaram um regime ditatorial, que tirou liberdades e direitos civis sob a bandeira do bem estar do povo e do combate ao imperialismo ianque.

 Eu acreditei nisso durante muito tempo, até que, conforme fui lendo e compreendendo a filosofia de Karl Marx, de Lenin, da Escola de Frankfurt e de outros teóricos do comunismo, e ver sua aplicação no Leste Europeu, na China, em Cuba, percebi suas limitações e perigos. Com isso não digo que o capitalismo selvagem seja um modelo melhor, muito antes pelo contrário, mas com certeza o comunismo não é resposta ao capitalismo. 

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Rezemos pelo povo cubano, que luta por liberdade e por independência de um regime que há  62 anos vem tirando sua liberdade e jogando-o na extrema pobreza. 

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