- Especial
- 15 de setembro de 2023
Orgulho gaúcho em Gravataí | Tradição na área esportiva
Embora o Brasil seja reconhecido como “o país do futebol”, no Rio Grande do Sul há outros esportes que se destacam e remetem ao tradicionalismo, caso da bocha, truco, tava, tetarfe, entre outros. Em Gravataí, há muitos exemplos de atletas que ganharam destaque estadual nessas modalidades, como Luciano Romero, Fátima Lopes e Ires de Oliveira.
Dentre conquistas, um amor
Filho de chilenos que amavam a cultura do Sul, Luciano Romero, de 42 anos, foi criado num ambiente tradicionalista. Em 1998, no extinto Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Pialo da Saudade, tudo começou. Com a chegada de alguns homens que trouxeram uma variação do jogo de truco, Luciano se viu interessado demais no jogo, que até então lhe era desconhecido.
“Lembro quando tio Ito, Seu Fontoura e Olívio apareceram com um baralho espanhol e um monte de sementes no CTG. Eles passaram um polígrafo com umas três páginas para os mais veteranos entenderem e eu fiquei curioso com aquilo. Como não entendi nada de primeira, acabei deixando de lado, mas quando meus amigos começaram a jogar tive que pedir para que me explicassem. O resumo da história é que eu nunca mais parei de jogar”, conta Luciano.
Um ano após aprender como se jogava truco cego, Luciano começou a participar de torneios, na modalidade trios. O gosto pelo o esporte o levou até mesmo para campeonatos em Santa Catarina e Mato Grosso, onde conquistou o pódio no Rodeio Crioulo Nacional de Campeões. Títulos no Torneio de Carlos Barbosa e no ranking estadual de truco também fazem parte do currículo na área esportiva.
Apesar destas vitórias e destaques, o atleta revela que sua maior conquista com o esporte foi ter encontrado sua esposa. “Eu a conheci graças ao truco. Na época, eu fazia parte do Departamento de Truco Cego no MTG e fui escalado para organizar um torneio em Camaquã, onde tive a honra de conhecê-la. Já estamos casados há 12 anos e temos dois filhos”, relata.
Do casamento aos torneios de tava
Ao contrário do tradicionalista Luciano Romero, foi o próprio casamento que fez com que Fátima Lopes conhecesse e se interessasse pelos jogos de tava. Em 2011, após acompanhar o marido, Elmar Lopes, em alguns torneios e rodeios que tinham jogos tradicionalistas, a mulher se viu muito interessada na modalidade. Após aprender as regras do “jogo de osso” com seu cônjuge, eles formaram uma equipe de tava para poder participar do Aberto, em 2013, que reuniu 30 regiões tradicionalistas nas partidas.
“Eu lembro que não tinha ido com a intenção de ganhar, afinal as chances eram bem raras e eu estava no meio dos melhores jogadores do estado. Mas teve um momento em que me falaram que eu estava liderando a pontuação. Não achei que fosse verdade, para mim era brincadeira. Mas quando terminou o jogo e vi o resultado, chorei de emoção, afinal eu havia acabado de me tornar a primeira mulher campeã de tava no Rio Grande do Sul. Pra mim, isso é motivo de orgulho até hoje!”, destaca Fátima.
Da substituição ao título de campeã
Há cerca de 20 anos, durante os festejos da Semana Farroupilha em Gravataí, um dos atletas que iria disputar o Torneio de Bocha Campeira pelo CTG Tropeiro dos Pampas, faltou. Como a entidade precisava de um representante na disputa, a própria patroa do CTG na época, precisou substituir o jogador. E foi assim que a carreira esportiva iniciou na vida de Ires de Oliveira.
“Eu não sabia jogar nada. O pessoal é que teve que me ajudar lá na hora e foram vários professores até eu entender e pegar o jeito. Para conseguir alguma premiação e algum título demorou bastante também, mas, mesmo assim, não parei mais de jogar. Com o tempo fui me aperfeiçoando na bocha campeira e na bocha sul-americana e hoje tenho vários troféus. Inclusive, ao lado das minhas amigas e parceiras Noemi e Noeli. Meu trio é o atual campeão municipal de bocha campeira”, relata.
Foto de capa – Outra personalidade com importantes contribuições para os esportes tradicionalistas em Gravataí é Antônio Ferreira. Ele é o atual coordenador do Departamento de Esportes na Subcoordenadoria do Vale e jogador de tetarfe. Após a regulamentação da modalidade pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho, em 2001, Antônio conquistou vários títulos e premiações em torneios estaduais. Contudo, para ele, a maior conquista são as amizades, as parcerias e a propagação do conhecimento para as pessoas, através das palestras e oficinas realizadas na cidade.
