15 anos depois, caso de criança raptada em Gravataí para uma rede de exploração segue sem solução

15 anos depois, caso de criança raptada em Gravataí para uma rede de exploração segue sem solução
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Adão Ribeiro Ruood (fundo), preso em Gravataí. Ao lado, a única fotografia de Graziela. Foto Luciano Bergamaschi.

Foi no dia 10 de março de 2006 que um caso de desaparecimento aterrorizou os moradores da região da Morada do Vale II, em Gravataí. O sumiço de uma criança de 11 anos, enquanto ia para a escola Alberto Pasqualine, colocou as forças policiais em alerta na região. Áreas descampadas, locais abandonados e até mesmo comunidades mais distantes foram revistadas afim de localizar a menina loira, de olhos verdes, Graziela de Souza Godoy Pereira.

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Cerca de 24 horas depois das buscas por parte da Brigada Militar (BM), a Polícia Civil de Gravataí já iniciava as investigações, sabendo da gravidade do caso, já que os policiais monitoravam e trocavam informações com outras delegacias sobre uma suposta rede de tráfico e exploração de crianças que tinha como alvo os menores da Região Metropolitana.

Logo nos primeiros dias, sem vestígios ou pistas que pudessem levar ao seu paradeiro, os investigadores concluíram que Graziela era uma das vítimas raptadas pelo suposto grupo. Dias se passaram até que um caso semelhante ao da menina entrasse na mira dos agentes da 2ª DP. Uma criança de 12 anos, moradora de Gravataí, havia sido localizada pelo Conselho Tutelar de Minas Gerais.

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Aos conselheiros, ela relatou ter sido levada do município para o interior de Minas com a promessa de se tornar modelo. O caso foi parar na mesa dos investigadores, no município, que meses depois, desarticularam uma rede de exploração sexual e tráfico de bebês que agia em Gravataí e demais cidades da região. Ainda durante a investigação, a polícia chegou a prender preventivamente o padrasto de Graziela, sob acusação de ter facilitado a venda da menina para o grupo criminoso – que utilizava de casas alugadas na cidade para deixar as meninas até que fossem levadas para fora do estado.

Com o resgate da outra menina, a polícia prendeu um casal, na época suspeito de oferecer valores pelas crianças na região, principalmente em Gravataí e Canoas. Adão Ribeiro Rood, na época com 34 anos e Sandra Campos, com 29 anos, foram responsáveis, segundo a polícia, pela compra de pelo menos 30 crianças durante dois anos na Grande Porto Alegre. Ainda conforme apurou a investigação, as crianças eram levadas para cidades no interior de São Paulo, e de lá, iam juntas até a cidade de Delta, região de Uberaba – reduto dos aliciadores.

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Casal confirmou a compra 

Em entrevista ao jornal Zero Hora, na época da prisão, Adão confessou ter levado Graziela de Gravataí para a cidade de Ribeirão Preto, interior de São Paulo. O valor pago pela menina teria sido de R$ 600,00. Ainda segundo ele, Graziela foi entregue à Sandra, que a levou para Delta junto com um ‘leva’ de outras meninas, que posteriormente, seriam obrigadas a se prostituirem na cidade mineira.

Ainda em 2007, quando as polícias civis dos dois estados e o Ministério Público (MP) derrubaram o esquema, existiam as suspeitas de que algumas das crianças teriam sido encaminhadas para prostituição no exterior, e não descartavam o possível envolvimento de traficante de órgãos no esquema descoberto.

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15 anos sem Graziela

Mais de quinze anos se passaram e Graziela não foi localizada. De acordo com pessoas ligadas ao caso, a menina sofria de problemas psicológicos o que teria facilitado a sua ida com o casal. Buscas foram feitas em todo o estado de Minas Gerais, mas nenhuma jovem com suas características foi localizada. Para alguns investigadores consultados, ela pode ter sido levada para fora do Brasil. Em agosto de 2017, a reportagem do Giro de Gravataí localizou os parentes de Graziela, incluindo a mãe, que hoje reside no litoral gaúcho, mas ninguém retornou aos pedidos de entrevista.

Extra

Em depoimento à polícia, a adolescente resgatada afirmou que ficou detida em um casebre com pés e mãos amarrados e que no mesmo local estavam outras duas garotas -de 14 e 15 anos- que foram enviadas para a região Nordeste, onde seriam “leiloadas” em uma boate.

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Ainda segundo a polícia grande parte das adolescentes aliciadas são mantidas em clubes privados onde são exploradas sexualmente e, muitas vezes, estimuladas ao consumo de drogas.

“Essas meninas ficam nessas casas até o dia em que os exploradores julgarem que elas são interessantes. Depois disso, elas são obrigadas a virarem prostitutas de rua para sobreviver e manter o vício das drogas. Temos registros de uma menina que foi levada de casa aos 5 anos de idade, há 18 anos. Imagine como é a vida dela hoje?”, contou na época o chefe de investigação Adilson Silva.

Dias depois da prisão dos aliciadores vir a público, a moradora de Gravataí, Loreni Machado, 54, procurou a polícia para perguntar se foi o casal (Adão e Sandra) que havia sequestrado sua neta. A adolescente de 14 anos teria desaparecido no dia 25 de janeiro de 2006, em uma rua onde ficava um dos cativeiros do casal.

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