- Geral
- 15 de junho de 2020
Nem vereador, nem detento; Antônio é um pai em busca do auxílio emergencial
Enquanto o Governo Federal investiga as denúncias de militares, brasileiros que estão no estrangeiro e até detentos que estão recebendo o auxílio emergencial, Antônio Sérgio Audino, de 55 anos, segue lutando para conseguir a ajuda que faz tanta falta. Beneficiário do Bolsa Família, ele é pai de três meninas com quem vive na casa da companheira, no Loteamento Breno Garcia, um conjunto habitacional do modelo Minha Casa Minha Vida, construído para mais de 2 mil famílias que foram retiradas de áreas consideradas de risco no município.
Corretor de imóveis autônomo, ele já encontrava dificuldades no mercado de trabalho antes mesmo da pandemia. Com a crise causada pelo coronavírus a situação se agravou ainda mais. “Estou fazendo bicos quando posso. Com minhas filhas por casa, sem aula, não posso deixar elas sozinhas. Tenho gêmeas de 10 anos e uma adolescente de 14”, explicou.
“Posso te garantir que a minha renda hoje é zero” afirmou, o pai de família que integra o grupo de risco da covid-19 por conta da hepatite C. A pandemia também afetou o trabalho da companheira, que atua como diarista e viu a demanda por seus serviços cair muito. “Ainda bem que alguns amigos me ajudam com alimentos”, comentou o corretor, que completa 56 anos na próxima quinta-feira (18).
A situação da família poderia ser amenizada se Antônio estivesse recebendo os R$ 600 do auxílio emergencial. Mas o que deveria ser um alívio virou mais uma dor de cabeça. Ele encaminhou o pedido logo que o programa começou, mas no momento de receber, só estavam disponíveis os R$ 123,00 do Bolsa Família. Ligando para o telefone disponibilizado pelo Governo Federal para informações, Antônio era informado que não havia sido selecionado, mas não era informado sobre o motivo.
“Então, muitos dias depois, foi justificado através sistema do Ministério da Cidadania que eu tinha cargo de agente político e tinha salário, e uma pessoa da família já tinha recebido”, contou. De fato, ele foi candidato a vereador em 2016, mas não foi eleito e também não ficou entre os suplentes.
“Fui na Receita Federal, está tudo certo. Cartório Eleitoral, tudo certo. E na Câmara peguei uma certidão que não ocupo cargo eletivo naquele órgão”, contou. Após todo este trabalho, o sistema apontava que o requerimento estava retido para processamento adicional.
No início deste mês, ligou novamente para o Dataprev e teve outro susto. Agora, Antônio constava como detento. Uma nova jornada teve início, com as certidões criminais federal e estadual em mãos, foi ao Correio, onde recebeu a informação que deveria procurar a Caixa. No banco, a resposta foi que seria com o Dataprev que conseguiria contornar a situação. O protocolo encaminhado tem um prazo de 30 a 60 dias para ser respondido. Enquanto isso, a Antônio e sua família aguardam o reconhecimento do direito ao auxílio que, como diz o nome, tem um caráter de emergência.