- Especial
- 13 de maio de 2022
Medo do pai e cárcere de funcionários; quem é o jovem preso suspeito do desaparecimento de casal em Cachoeirinha
Preso preventivamente na última sexta-feira (10), apontado como autor do desaparecimento do casal de Cachoeirinha Rubens e Marlene, o jovem Andrew Heger Ribas, de 28 anos, já havia sido preso em 2016 quando manteve em cárcere privado onze funcionários de uma construtora pertencente ao seu pai, o empresário Jandir Ribas.
Na época, segundo a polícia, dois funcionários haviam sido rendidos quando chegavam na empresa, por volta das 8h. Na medida que outros ingressavam para mais um dia de trabalho eram trancafiados no local. Um cerco policial foi montado na época e após duas horas conseguiram adentrar ao local e terminar com cárcere.
O jovem foi preso em flagrante e levado para a Delegacia de Pronto Atendimento. Segundo o delegado Fernando Matzenbacher Siqueira, que atendeu a ocorrência na época, a polícia suspeitava que o sequestro havia sido motivado por conflitos familiares.
Redes sociais
Em redes sociais, um ano antes, o jovem fazia desabafos e pedia ajuda de personalidades nacionais, as quais seu pai teria relações por ser um homem de negócios. Na maioria das vezes acusava-o de tentar matá-lo, igualmente com sua mãe, Cláudia Almeida Heger, de 51 anos. Em outra rede social, no mesmo ano, Andrew detalhou as agressões psicológicas que sofria, definindo seu pai como “um homem arrogante, mesquinho, prepotente e cruel”.
Em um dos episódios de violência ele narra que o pai teria tentado matar sua mãe a empurrando das escadas, e que o mesmo teria lhe ameaçado com uma arma. Na época Andrew era estudante de Engenharia, em uma universidade dos Estados Unidos, país que a família mantinha estadia, e até mesmo sociedade em empresas. Uma delas, de taxi aéreo, era administrada pela mãe de Andrew.
O episódio de ameaça ao rapaz teria ocorrido durante suas férias. Segundo Cláudia e um laudo psíquico esse caso pode ter afetado a condição psicológica de Andrew. Naquela mesma época, 2015, em meio à brigas constantes, a mãe do rapaz decidiu se separar do empresário, voltando a residir no Brasil.
Laudo atesta esquizofrenia
Conforme um laudo pericial psiquiátrico, Andrew foi diagnosticado com esquizofrenia após uma série de eventos desde o dia que mãe e filho afirmam terem sido atentados pelo empresário. Em um dos episódios Andrew teria desaparecido de casa por 24 horas, e foi encontrado desorientado, retirando palavras de que seu pai tentou matar sua mãe.
Anterior a isso, segundo o relato da mãe, ele era um jovem estudioso, tímido, que tinha namorada e não apresenta indícios de anormalidades psicológicas. Além disso, não fazia o uso de qualquer tipo de substancia, lícita ou ilícita.
Em março de 2019 a mãe de Andrew foi nomeada curadora provisória no seu processo de interdição, que atesta que o jovem possui incapacidade total, esquizofrenia crônica, permanente e sem cura. Durante uma avaliação com um perito, Andrew foi descrito como uma pessoa sem ação, alheio ao mundo externo e que só desenvolvia ações com a ajuda da mãe.
Advogado rebate acusações
“É visível que ele está incapacitado. A relação ao pai dele sempre foi conturbada, foi um abandono, nunca tiveram relação na verdade, inclusive ele contesta uma união estável que mantinha com a mãe do Andrew. A Cláudia, depois que se separou dele, criou um ONG para tratar da violência doméstica sofrida por mulheres, principalmente neste contexto em que ela vivia.
A mãe do Andrew era uma mulher pobre, passou a ter uma vida milionária, morava fora do país, não tinha porque abrir mão de uma vida luxuosa dessas. As agressões psicológicas que ela sofria eram muito graves, esgotou ela, por isso decidiu dar um basta com tudo, se separando do pai do Andrew.
Por óbvio, a família dela, esta que a acusa, se beneficiava dos luxos, já que muitos eram bancados por ela quando ainda era milionária. Então não aceitaram que da noite pro dia ela largasse tudo aquilo”, destacou Rodrigo Schmitt advogado de defesa dos dois, presos atualmente em Guaíba e Sapucaia do Sul.
Sobre o caso
Andrew e a mãe foram presos preventivamente pelo crime de homicídio e ocultação de cadáver. Segundo a polícia, os dois premeditaram a morte de Rubens e Marlene por conta da relação conturbada de pai e filha. Para a prisão, a polícia informou que um laudo do IGP feito na residência deu positivo para respingos de sangue de Rubens em um dos cômodos, e que segundo o delegado responsável pelo caso, Anderson Spier, teriam sido oriundos de uma pancada na cabeça, reforçando indícios de que ele e a companheira foram mortos a pauladas.
A prova técnica é contestada pelo advogado; “Agora que tive acesso ao processo. O delegado supõe, supõe, mas não prova nada. O sangue encontrado na parede é compatível com o do filho de Rubens, o Clovis, que foi quem forneceu material genético para confronto, até porque não tem como fazer do Rubens, que está desaparecido. Então a polícia não tem a certeza, eles trabalham com probabilidade. Fora isso as acusações são infundadas, não existe prova alguma. Sigo confirmando a inocência do Andrew e de sua mãe”, enfatiza.
Contraponto
A reportagem do Giro de Gravataí procura pela defesa do empresário Jandir Ribas, citado nesta reportagem. O espaço está aberto para manifestações e contrapontos.