- Polícia
- 14 de junho de 2022
Mãe procura há dois anos pelo filho desaparecido em Gravataí
Há exatamente dois anos e cinco meses Cristina não vê o filho, Everton Pacheco. Foi no dia 14 de janeiro de 2020 a última vez que a moradora do Parque Olinda, em Gravataí conversou com o rapaz que tinha 19 anos na época. Desde então, a mãe busca por respostas junto com a Polícia Civil, tendo, inclusive, escapado de uma emboscada.
Cristina lembra que o filho trabalhou desde os 14 anos. Aos 19, começou a namorar uma menina da mesma idade e saiu de casa. Poucos dias antes de desaparecer, o relacionamento acabou e ele voltou a morar com a mãe. Foi quando ela descobriu que o rapaz havia também deixado o emprego na Transcal e estava fazendo tele-entrega de drogas.
No dia 14, Everton saiu. Por volta das 20h, Cristina mandou uma mensagem e obteve resposta. Mais tarde, em torno de 21h, uma nova mensagem, desta vez, lida, mas sem retorno. Pouco mais tarde, um grupo de pessoas que ela não conhecia esteve na casa perguntando se o jovem estava em casa. “Pediram para avisar se chegasse, mas ele já tinha sumido e eles estavam atrás”, analisa.
Horas depois, próximo à meia-noite uma mulher esteve na residência. “Perguntou se eu era a mãe do Everton e se eu sabia o que ele fazia”. A resposta foi positiva para as duas perguntas. “Me disse: pegaram ele. Eu desmaiei”, recorda. A visitante contou que um outro amigo havia encontrado a moto do rapaz, perto de uma farmácia, na parada 72. o veículo estava em perfeitas condições, indicando que não havia sofrido uma queda. A chave estava na ignição.
Cilada para a mãe e informações falsas
Dias depois, já com o desaparecimento registrado, uma emboscada foi armada para a mãe que procurava seu filho. Áudios chegaram pelo seu celular, informando que Everton estaria na Vila Rica. Chegando ao local indicado, Cristina teve seu carro cercado por três homens. O grupo foi abordado pelos agentes da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa, que já estavam preparados para a situação.
Na época, pouco depois de reportagens terem divulgado o desaparecimento, policiais acreditaram que as mensagens tinham o objetivo de levar Cristina ao endereço para assaltá-la e que não teriam relação real com Everton. No mesmo período, uma mulher enviou mensagens acusando seu ex-companheiro de ser o responsável pelo sumiço do rapaz, o que não se confirmou e a denunciante acabou sendo indiciada.
Em agosto do ano passado, com a prisão de um dos principais gerentes do tráfico, surgiram informações de que o corpo de Everton estava enterrado em um sítio. A Polícia Civil e os Bombeiros estiveram no local, mas não encontraram nenhuma pista.
“Eu não durmo, não como”
Passados quase dois anos e meio, Cristina continua buscando respostas sobre o que pode ter acontecido com seu filho. “Para alguns é só mais um, o tal do CPF cancelado. Para mim, é o meu filho. Sempre vai ser meu filho. Eu não durmo, eu não como. Não consigo trabalhar, quero chorar em paz, quero correr atrás, é desesperador”, relata.
“Não importa o que ele fazia ou não. Eu preciso fazer um agito para descobrir onde está. Ou se alguém faz alguma denúncia anônima”, suplica a mãe.