- Polícia
- 18 de janeiro de 2023
Ligação com Cartel de Sinaloa e vida luxuosa nos EUA; gravataiense era o barão da cocaína
Fernando Luiz Doval Júnior, que era considerado o foragido “número 1” do Rio Grande do Sul e foi preso na última segunda-feira (16/1), é natural de Gravataí. A Polícia Civil efetuou a prisão no Rio de Janeiro, durante a Operação Blindspot, realizada pela 3ª Delegacia de Investigação do Narcotráfico (DIN), do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc).
Na ocasião, o homem foi capturado em um restaurante de alto padrão localizado na Barra da Tijuca e transportado de volta ao estado por meio do avião da Polícia Civil. Desde o início do ano passado o homem estava escondido em Orlando, na Flórida. Tinha retornado ao Brasil há cerca de uma semana e estava em um condomínio de luxo na zona leste da capital carioca.
Segundo o delegado Gabriel Borges, responsável pela operação, o investigado começou no mundo do crime há pouco mais de uma década, praticando estelionatos e se aproximando de grandes lideranças em razão de vínculos parentais. Pelo seu conhecimento e articulação, rapidamente ascendeu no mundo do crime.
O investigado era piloto de corrida automobilística e de aeronaves, e com isso ingressou no esquema de tráfico internacional de drogas, principalmente no transporte de cocaína de países produtores, como Peru e Bolívia, ao estado do Rio Grande do Sul. Em sua atuação como piloto, participou de corridas em Viamão.
Em 2021, Fernando foi alvo de uma investigação do Denarc, sendo preso por operar aeronaves que traziam cocaína ao RS. Em 2022, foi um dos principais alvos da operação Kraken, deflagrada pela 1ª Delegacia de Polícia de Sapucaia do Sul, em que mais de 1.300 policiais comprimiram 1.368 ordens judiciais contra a maior organização criminosa do Sul do país, na qual o investigado exerce papel de liderança.
Nas investigações também foi descoberto que o gravataiense coordenava o esquema logístico de distribuição de cocaína via aérea no RS, além de transportar e traficar armas de fogo de guerra. Os policiais apuraram que ele utilizava rotas e pistas clandestinas para a remessa da cocaína, fazendo até mesmo sobrevoos com aeronaves carregadas com drogas em cima de casas prisionais.
De acordo com a Polícia Civil, o investigado também operava um grande esquema de lavagem de dinheiro com a utilização de pedras preciosas, buscando por vezes diamantes e esmeraldas na Europa e na Índia. Fernando tinha ainda conexão com o Cartel Mexicano de Sinaloa, em que um dos seus contatos transportava cocaína pela América do Sul e Central com a utilização de um submarino.
Foi após obter uma ordem judicial de soltura, em 2022, que o gaúcho fugiu do país, se aliou a um americano e montou uma empresa de aluguéis de veículos na Flórida, utilizada para lavagem de dinheiro. Lá, levava uma vida de muito luxo, fazendo viagens em barcos de alto padrão e frequentando locais de encontro de celebridades.
Com alta capacidade financeira, o investigado passou a integrar a cúpula do grupo criminoso, sendo inserido, recentemente, no alerta vermelho da Interpol, que permite que criminosos de repercussão internacional sejam capturados no exterior. No entanto, as tentativas de capturá-lo no exterior não tiveram êxito.