- Polícia
- 5 de maio de 2020
Liberação de criminosos pode estar por trás do retorno dos assassinatos em Gravataí, apontam responsáveis pela segurança
O alerta dado há pelo menos um mês aos agentes de segurança pública de Gravataí apontava a saída de pelo menos três presos que atuam em facções que disputam o tráfico de drogas no município. A liberdade deles, por conta da pandemia de coronavírus, fez com que a polícia redobrasse a atuação e o monitoramento em bairros conflagrados pelo tráfico. Mesmo assim, os últimos assassinatos ocorridos no município, são característicos da guerra entre os grupos criminosos, e podem ser a resposta da liberdade dos acusados.
Desde o dia 23 de maio, quando um jovem morreu e outros dois ficaram baleados no Morro do Coco, os homicídios cresceram. Agora em maio, Gravataí já havia registrado três assassinatos em três dias. Dois deles ocorridos no bairro Bonsucesso e na parada 100 da ERS-020. As duas vítimas foram alvejadas a tiros por homens armados. O terceiro crime foi registrado na noite deste último domingo (03), no bairro Vila Rica.
Mesmo sem a investigação concluída dos casos, o delegado Eduardo do Amaral, perguntado sobre o possível retorno da onda de homicídios em Gravataí, disse os cinco últimos crimes apurados pela delegacia em Gravataí tem ligação com o tráfico de drogas, e acredita na relação com a saída de criminosos do sistema prisional.
“As investigações estão em andamento, então não podemos confirmar. O que sabemos é que os casos estão relacionados ao tráfico. E sim, acreditamos que esteja relacionado com a saída destes criminosos. Um deles, que não vamos revelar, é suspeito do crime. O modo de atuação deles, com armas pesadas, com camisetas da Polícia Civil, tudo isso já é característico de determinadas facções que atuam aqui.
Identificamos também nesse conjunto de mortes a investida de uma facção criminosa daqui de Gravataí que quer expandir ainda mais sua atuação. Com isso, os grupos acabam cometendo assassinatos cada vez mais brutais, com disparos no rosto, sinais de violência. Tudo isso para mostrar o poder”, destacou o delegado Amaral.
Sinal aceso na BM
Responsável pelo policiamento ostensivo de Gravataí, o major Luis Felipe Neves também acredita que uma possível nova onda de assassinatos tenha relação com a saída de líderes do sistema prisional, e garante que ações mais ofensivas serão realizadas para coibir o avanço do crime organizado.
“Trabalhamos com algumas hipóteses. Essa é uma delas, a soltura de alguns membros de facção em Gravataí e que estão fazendo um acerto de contas. Não temos a certeza, mas sabemos da guerra entre grupos criminosos. Os números chamam a atenção, tendo em vista que vínhamos com índices de criminalidade baixos, incluindo o de homicídio, que comparado ao ano passado, teve uma drástica redução. Posso dizer que ascendemos a luz amarela aqui. Hoje já tivemos uma reunião com a Polícia Civil e vamos desencadear algumas operações. Identificamos o problema e agora aonde decorrer da situação vamos buscar a solução”, disse Neves.
A liberação de presos
Entre os dias 18 e 27 de março foram concedidas 1.878 decisões de liberdade provisória, revogações de prisão preventiva, prisão domiciliar e medida cautelar para presos do estado. Conforme o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS), o número corresponde a 4,47% do total de 42 mil pessoas encarceradas no RS.
Além da justificativa de resguardar a saúde de presos que integram o grupo de risco, como idosos e doentes crônicos, a Corregedora-Geral do Tribunal de Justiça do RS, Vanderlei Teresinha Tremeia Kubiak aponta “que a maioria dos presos postos em prisão domiciliar cumpria pena em regimes aberto e semiaberto, com direito a trabalho externo e saídas temporárias, ou seja, já conviviam em sociedade”, apontou a corregedora.