“Teremos dias muito difíceis pela frente” analisa superintendente do Hospital Dom João Becker

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Doutor Antônio Weston salientou a importância de restringir a circulação de pessoas. Foto: Divulgação

Com a classificação de Gravataí, Cachoeirinha, Glorinha e outras cidades de 11 regiões gaúchas sob a bandeira preta, a situação dos hospitais gaúchos ganhou ainda mais destaque. A reportagem do Giro de Gravataí conversou com o superintendente do Hospital Dom João Becker, Antônio Weston, para compreender o real quadro dos atendimentos e quais são os possíveis cenários para o futuro próximo.

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Giro de Gravataí: Qual é a situação do Hospital Dom João Becker e do Hospital de Campanha neste momento?

Antônio Weston: Em relação ao Hospital, nós temos uma situação de lotação máxima, tanto na Emergência do SUS – não covid, quanto no hospital de campanha (exclusivo para o atendimento a pacientes com covid). Nós temos observado nos últimos dias, a procura ao hospital de campanha aumentou de forma significativa, tanto para pacientes mais graves, quanto para consultas de quadros respiratórios. Temos um quadro de ocupação máxima, também na enfermaria, onde passamos de 12 para 18 leitos, abrimos um novo espaço, e na UTI covid também temos lotação máxima. A UTI, na verdade, tem se mantido cheia desde o início da pandemia

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Giro de Gravataí: Este crescimento da demanda é bastante recente, correto?

Antônio Weston: A ocupação cresceu muito rápido na última semana. Nós já notávamos, na semana anterior, um aumento, mas nesta semana foi mais rápido. Tivemos dias em que havia uma espera relativamente grande, de horas para que os pacientes fossem atendidos. Não queríamos que isso acontecesse, mas ocorreu devido a uma grande demanda em um período de tempo muito curto.

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Giro de Gravataí: Além da abertura de leitos, existem profissionais suficientes para este crescimento do atendimento?

Antônio Weston: Nós aumentamos o contingente de profissionais, tanto de médicos e profissionais de enfermagem, mas mesmo assim nós continuamos com este quadro de superlotação. O que acontece, cabe salientar, é que, desde o início da pandemia, talvez nós estejamos passando pelo pior momento em termos de número de consultas, pressão sob o sistema hospitalar.

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Apesar do cansaço e do desgaste dos profissionais, nós sempre contamos com o esforço e a dedicação de todos. Os profissionais do Becker são incansáveis no atendimento à população, o que faz com que o hospital seja fundamental no combate. Não tenho dúvidas que o hospital tem sido um gigante no combate à pandemia da covid-19. Todo o tempo, sete dias por semana, natal, ano novo, carnaval, os profissionais têm sido de uma resistência admirável.

Giro de Gravataí: É correto afirmar que este crescimento ainda não é reflexo do carnaval? Neste caso, a tendência é de um agravamento do quadro?

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Antônio Weston: Sim, até pelo número de dias que decorre. O que acontece? Os efeitos provenientes de festas ou aglomerações que ocorreram no carnaval, devem começar a ser sentidos a partir da semana que vem. Por isso que os números referentes ao aumento da incidência da doença não permitem que nós estejamos otimistas com os próximos dias. É muito provável, diria que é mais provável que nós tenhamos dias muito difíceis pela frente. Acredito que as próximas duas semanas serão muito difíceis no sistema de saúde brasileiro como um todo.

Giro de Gravataí: Sendo assim, as medidas que serão tomadas pelos governos estadual e municipal também devem demorar a impactar na situação?

Antônio Weston: Toda e qualquer resposta a medidas restritivas de circulação de pessoas, ela acaba vindo em média, 15 dias após serem tomadas. Por quê? O que se sabe é que o chamado período de encubação do vírus, isto é, entre a pessoas ter contato com o vírus e desenvolver os sintomas é de 10 a 15 dias. Então, é esperado que os efeitos comecem a ser sentidos a a partir de 15 dias.

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Giro de Gravataí: Existe alguma recomendação que possa ser dada à população?

Antônio Weston: A melhor orientação neste momento é evitar ao máximo a circulação de pessoas, evitando deslocamentos desnecessários, procurando restringir ao máximo esta circulação. Eu não vou entrar em termos como lockdown, que aí é medida de governo. Mas uma restrição à circulação de pessoas é o ideal, além das medidas que já sabemos, distanciamento social, uso de máscaras, lavar as mãos frequentemente.

Esta semana foi surreal e vamos ter dias muito difíceis pela frente. Então, eu gostaria, se tu me permitir, de encerrar esta entrevista colocando um agradecimento público aos colaboradores do Hospital Dom João Becker, que têm sido heroicos, arriscando a própria vida em prol dos pacientes. Gostaria de terminar a nossa entrevista dizendo que é comovente o que eu tenho visto, a dedicação, o esforço.

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