- Esporte
- 11 de junho de 2020
Juliano Piasentin | Retorno do futebol europeu foi planejado; no Brasil é (muito) precipitado
O futebol na Europa retorna aos poucos, o Campeonato Alemão já retornou e hoje mais duas competições reiniciaram, o Campeonato Espanhol e a Copa Itália. Esse cenário parecia distante se pensarmos no surto de coronavírus nos países citados, no entanto tudo foi planejado e nada apressado. Os casos despencaram e a contaminação também, além disso todos protocolos de segurança são seguidos com rigidez.
No Brasil as coisas são completamente diferentes, o vírus se espalha com velocidade e a curva parece longe de diminuir, com isso pensar em futebol parece ser loucura. Porém não é o que pensam os dirigentes, principalmente no Rio de Janeiro onde o Flamengo aparenta estar em outro mundo e quer de todas as maneiras o retorno do Campeonato Carioca.
Uma insanidade total, já que o estado é o que mais tem enfrentado problemas com a covid-19, os óbitos sobem e as UTI’s estão cada vez mais lotadas. Vale lembrar que o Vasco, também carioca, teve 16 atletas profissionais diagnosticados com a doença. Depois da reabertura do comércio, o Rio Grande do Sul também começa a enfrentar problemas e mesmo assim a Federação Gaúcha de Futebol quer o retorno já no mês de julho. Mesmo que a dupla GreNal esteja treinando e conte com os protocolos de saúde adequados, ela é uma bolha, tem dinheiro e organização para que tudo ocorra dentro das necessidades. Já os clubes do interior, não. Eles carecem de estrutura e com isso podem se colocar em risco, além de levar o perigo para outras regiões.
Não adianta pensar em sedes únicas, o Rio Grande do Sul e o Brasil são enormes. Hoje não há nenhuma necessidade de ter pressa para que voltemos a ter uma partida de futebol. É necessária total cautela (já diria Celso Roth), mais do que nunca o planejamento é fundamental para que talvez em agosto possamos ter nosso amado esporte de volta.
Pensar e cogitar o retorno agora é uma total insanidade e irresponsabilidade, será que nunca vamos aprender com os europeus? Eles já possuem mais dinheiro, mais estrutura e agora também mais humanidade. Claro que sinto falta de um jogo ao vivo, da emoção e da adrenalina, só que agora é hora de concentrar tudo e todos os esforços contra apenas um adversário, o coronavírus.
Até tenho uma dica para rádios e televisões abertas preocupadas com audiência e parte comercial: transmitam os jogos sem torcida e sem graça de La Liga, Bundesliga, Premier League e Série A italiana. Chega de alienação, é hora de estarmos um ao lado do outro. E ao presidente do Flamengo, saia do mundo paralelo em que o senhor vive, obrigado.