- Esporte
- 2 de maio de 2020
Juliano Piasentin | Não é o momento para pensar em retorno do futebol
Durante a semana, os 20 clubes da Série A se reuniram com a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) em uma videoconferência, a pauta era o retorno dos campeonatos estaduais e o planejamento para o Brasileirão 2020. Bom, os números de infectados pelo coronavírus já passam dos 90 mil no país e as mortes passaram das seis mil oficiais. Os números podem inclusive ser piores com novos testes sendo feitos. Com essas informações, seria o momento ideal para o retorno do futebol? A resposta é simples e objetiva, não.
Podemos concordar que o esporte vai trazer de volta o entretenimento perdido, porém vai trazer também as aglomerações em maior escala. Ou vocês acham que as pessoas vão assistir aos jogos sozinhas, mesmo de casa? Ninguém vai ir ao entorno dos estádios, fazer churrasco e sentir o clima da partida? Duvido que não.
Vamos ao caso da Alemanha, por exemplo. Os clubes da Bundesliga e Bundesliga 2 já estão treinando com medidas restritivas, o planejamento para o retorno das competições está sendo realizado e mesmo assim os Ultras, as torcida organizadas deles, são completamente contra o retorno e o motivo é que apesar dos portões fechados as aglomerações vão existir. A polícia também é contra, o contingente vai aumentar para evitar grupos de pessoas assistindo aos jogos nas ruas e no entorno dos estádios. Com isso, mais risco de contaminação, ou seja, o que adiantaria fechar os estádios. Os treinamentos são realizados em grupos pequenos e campos separados já que os CT’s são dos mais modernos do mundo. Apesar disso, três profissionais do Colônia, que disputa a primeira divisão foram infectados pela covid-19 e foram afastados do grupo.
Outros exemplos do velho continente: na França, a Ligue 1 foi encerrada e o PSG declarado o campeão da temporada 2019/2020; na Holanda, o campeonato nacional foi também encerrado e não houve campeão ou rebaixados; agora resta saber o destino da UEFA Champions League. A nossa vizinha, Argentina, cancelou as competições que seriam disputadas em 2020, o calendário será exclusivo de um possível retorno da Libertadores, outra preocupação dos Sul-Americanos.
No Brasil grande parte dos clubes pequenos, que atuam nos estaduais foram desmontados. O Pelotas, no Gauchão, rescindiu o contrato de quase todos os atletas. Em São Paulo, o Mirassol e o Santo André desmontaram completamente o seu time base, como será feito o retorno das competições para esses clubes? A CBF não deu respostas, apenas quer que todos retornem.
No nosso Rio Grande, a dupla GreNal prepara seu retorno para a próxima semana, já visando o Brasileirão, planejado para o dia 17 de maio pela CBF. Ambos já encomendaram e receberam testes de covid-19, todos vindos da Coréia do Sul e os outros, e os pequenos? Bom, os pequenos que se virem, devem pensar os dirigentes da dupla de gigantes da capital.
O presidente colorado Marcelo Medeiros chegou inclusive a dizer que se algum jogador não se sentir seguro em jogar e não quiser entrar em campo pode pedir demissão. Não é o momento de um retorno, o principal agora seria esperar, esperar e talvez mudar o formato do Brasileirão em 2020, ter a volta do mata-mata e assim encurtar nosso calendário. Jogar apenas o essencial a partir de julho e em junho optar por uma pré-temporada de 30 dias. Caso isso não ocorra, encerre o calendário e voltamos do zero em 2021, são as únicas opções que este humilde colunista enxerga no momento.
Eu amo o futebol, trabalho com isso há três anos e sinto falta, no entanto entendo o momento que vivemos e reafirmo, futebol agora não!