Há seis anos Acimar Silva era morto num crime que abalou Gravataí

Há seis anos Acimar Silva era morto num crime que abalou Gravataí
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Acimar assumiu a prefeitura em novembro de 2011. Até então, era vereador e foi eleito para o cargo executivo por votação indireta entre os colegas de Legislativo após a cassação de Rita Sanco.

Inaugurada no ano passado pelo ex-prefeito Marco Alba, a Estrada Prefeito Acimar Silva – que liga a Freeway a ERS-030 ‘cravou’ na história da cidade o nome de um dos mais afamados políticos que o Vale do Gravataí conheceu. Num dia nublado como hoje, mas há seis anos atrás, em 2015, familiares e amigos, por volta das 12h30, recebiam informações preliminares sobre uma tentativa de assalto sofrida pelo líder político.

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Não foi pouca a movimentação de pessoas que desciam a José Loureiro da Silva até o Hospital Dom João Becker. A entrada principal da casa da saúde era tomada pelas pessoas em uma intensa troca de informações, tentando entender o ocorrido. Nos rostos, os semblantes de preocupação. No entanto, não demorou muito para que o desespero, choros e gritos tomassem conta do ambiente, anunciando a morte de Acimar, aos 57 anos.

Dinâmica 

Mesmo sabendo que uma tentativa de assalto tirou a vida do ex-prefeito, eram diversas e confusas as informações sobre a dinâmica do crime. Investigadores da recém criada Delegacia de Homicídios de Gravataí se dirigiram até a residência do político, atualmente secretário da Agricultura para entender a tragédia, que a essa altura, por volta das 13h40 já percorria os principais noticiários, enlutando órgãos, entidades e CTGs da cidade.

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Na casa, no bairro Sítio Gaúcho, os agentes iniciaram as oitavas informais com vizinhos. As primeiras informações era de que um homem havia chamado Acimar no portão, em seguida invadido a casa, entrado em luta corporal com o político, e desferido os disparos. Pelo menos três assaltantes teriam participado da ação. 

Horas depois, ainda no dia do crime, um homem de aproximadamente 40 anos confirmou a participação de três criminosos na morte de Acimar. Ele havia sido abordado pelo trio que roubou seu veículo Ecosport para fugir pela ERS-030. Mais tarde a perícia encontraria marcas de sangue no banco do veículo roubado, recuperado horas depois, ainda no município. 

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Gravataí sem Acimar

A tarde e a noite foi movimentada na cidade. Era intenso o trabalho da polícia para conseguir o máximo de elementos que pudessem ajudar na elucidação e identificação dos suspeitos. Na delegacia e no hospital, o movimento era maior, principalmente de curiosos, mas também de amigos do político, que não acreditavam na sua morte. 

Na manhã do dia 16, mais um dia nublado e com uma pequena garoa, o clima era pesado. A população seguia anestesiada pela perda repentina de um dos maiores líderes políticos da cidade. No saguão da Prefeitura, o corpo de Acimar Silva era velado por centenas de pessoas. Uma estrutura havia sido montada em frente ao executivo e a rua permaneceu fechada durante todo o velório.

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Nas redes sociais, centenas de mensagens chegavam em memória dele. Ali também seus companheiros tradicionalistas perfilavam os cavalos, juntamente com o seu, sem ninguém montado, apenas carregando as botas e as vestimentas que um dia Acimar usou. Próximo das 13h o corpo do ex-prefeito foi colocado em cima do caminhão do Corpo de Bombeiros e levado até o cemitério da Morungava.

Investigações

O crime que mobilizou Gravataí também havia mexido com a polícia. Anderson Spier e Alencar Carraro, ambos delegados da cidade, uniram suas equipes na investigação sobre a morte do líder político. Após colher pelo menos cinco depoimentos eles já tinham entendido o ocorrido. 

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Vestido com um roupa de carteiro, um dos criminosos, com um pacote em mãos, chegou em frente a residência de Acimar e gritou que havia uma entrega em seu nome. Com o portão ainda aberto,  já que havia chego recentemente para almoçar pediu que o carteiro viesse até ele – característica de um político de origem humildade e que atendia a todos. 

Quando Acimar percebeu tratar-se de um assalto, entrou em luta corporal com o suspeito. Ao ver a briga, um dos comparsas que aguardava à espreita no lado de fora, tentou intervir. Três disparos foram ouvidos. Um atingiu Acimar. 

Retrato falado dos três suspeitos do crime.

A “chuva de ligações” e os primeiros suspeitos 

Durante meses os telefones da delegacia não paravam de tocar. No outro lado da linha centenas de ligações com informações e suposições sobre a morte de Acimar. Na época, segundo o delegado Alencar Carraro, todas as informações que chegavam eram averiguadas pelos investigadores. Muitas apontando políticos de Gravataí como mandantes da morte de Acimar, configurando um crime político. No entanto a polícia nunca confirmou os boatos. Ainda hoje muitos não acreditam que Acimar tenha sido morto em um latrocínio, e atribuem a morte dele a um jogo político, devido a sua ascensão.

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Passado os primeiros seis meses de investigação, a polícia já sabia que pelo menos quatro pessoas tinham participado, direta e indiretamente do crime. O primeiro criminoso foi preso cerca de três meses antes, após se envolver em uma troca de tiros com policiais militares de Porte Alegre. O homem, de 30 anos, era um velho conhecido da polícia, mas não tinha ligação com Gravataí.

A participação do preso com a morte de Acimar foi confirmada pela arma utilizada por ele, a mesma que teria ferido o líder político. A prisão também confirmou a tese de que o bando não atuava em Gravataí, e que o serviço pudesse ter sido indicado por alguém, mas não para matar Acimar, e sim para um assalto a sua residência.

Aguardando a condenação

No processo, que contém mais de mil folhas e que ainda aguarda a condenação dos acusados, dois homens são apontados como autores legítimos do crime. Ambos natural de Porto Alegre, aguardam o julgamento, e estão recolhidos no presídio central, conforme apurou a reportagem do Giro de Gravataí em 2019.

Escutas telefônicas, obtidas pela investigação por meio de autorização judicial, confirmaram que os criminosos foram os “cabeças” do crime, mas que teriam recebido informações privilegiadas de uma pessoa – até hoje nunca identificada. Conforme fontes consultadas, e que investigaram o caso na época, os criminosos – que dividiam suas atividades no camelódromo entre a venda de celulares roubados e a falsificação de documentos, teriam planejado o assalto, tendo em vista o poder aquisitivo de Acimar, mas sem conhecer ele.

•A reportagem buscou contato neste ano para saber do andamento do processo, mas por conta da pandemia, os acessos aos processos estão restritos. 

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