- Polícia
- 13 de maio de 2020
Gravataiense que perdeu o filho em assalto vai publicar livro para ajudar outras mães a enfrentar a dor
“O assassino não acordou pensando hoje vou matar, não funciona assim, alguma coisa muito antes aconteceu, para que este rapaz se perdesse, desde muito cedo, prova disso é sua extensa ficha criminal.” A frase é de Denise Dutra, mãe de Luciano Júnior Dutra de Carvalho, vítima de latrocínio em 2018, em Gravataí.
No início de agosto daquele ano, o jovem de 19 anos voltava do trabalho e foi abordado por assaltantes na Travessa Fraga. Na época, a comerciária concedeu uma entrevista ao repórter Renato Dornelles, um dos mais importantes jornalistas do Rio Grande do Sul, que estava na Zero Hora.
“Ele (Júnior) estava sempre cantando, com os fones no ouvido, ligados no celular. Parece que puxaram a mochila e o telefone dele. Acredito que ele estivesse distraído e tenha se assustado. Pensando que ia reagir, os assaltantes atiraram. O tiro pegou na cabeça, e eu perdi meu filho, por causa de um celular”, contou na entrevista.
Quando o luto de Denise estava próximo de completar um ano, Renato entrou em contato, queria publicar uma homenagem ao jovem. “Ele pediu para que eu enviasse alguns textos sobre o Júnior e sobre meu primeiro ano de luto”, revelou Denise. No entanto, duas semanas antes da data em que o material seria publicado, o repórter se desligou da empresa.
Renato não queria que os textos fossem perdidos, o esposo de Denise e pai de Júnior, Luciano Ricardo sugeriu a publicação de um livro. A ideia deu início à parceria entre a mãe e o jornalista. O fruto do trabalho está em fase final de produção e já tem título: Mãe, Amor e Justiça. A obra será publicada pela Editora Falange Produções, de Renato Dornelles e da também jornalista e documentarista Tatiana Sager.
À reportagem do Giro de Gravataí, Denise revelou que o texto está pronto, escrito por ela, tendo o, agora amigo, jornalista como editor. “Eu falo muito sobre a responsabilidade de educar um filho. Falo sobre porque está diferente um rapaz de 19 anos trabalhando e outro de 21 matando para roubar. O que deu errado?”, contou, explicando o que aborda na obra.
“Minha intenção com este livro é ajudar outras mães que, assim como eu, tiveram que enfrentar a dor de perder um filho, seja por uma doença,um acidente ou até mesmo pela violência como foi o meu caso. E tentar de alguma forma trazer conforto e esperança por dias melhores, poder estimular cada pessoa que ler meu livro a pensar, refletir por qual motivos estamos aqui, por qual motivo nascemos, porque que fomos escolhidos para ser pais. E mostrar que temos que lutar por justiça”, completou.
No texto, ela fala sobre o primeiro ano de luto, como enfrentou as questões jurídicas, as crises de pânico, ansiedade “e principalmente sobre o orgulho de ser mãe do Júnior”.
Além de editar o material, Renato Dornelles também é o responsável pelo prefácio. Denise também contou como é trabalhar com o jornalista. “Está sendo muito bom, acabamos ficando amigos, ele frequenta minha casa. E cada encontro com o Renato é um aprendizado. Quem acompanha o Renato sabe da importância dele não só na literatura gaúcha como no jornalismo como um todo”, analisou.
A previsão de lançamento é agosto deste ano, mês que marca dois anos da família sem Júnior, mas é possível que a data sofra alterações. Quem quiser pode acompanhar informações sobre o livro pelo perfil de Denise no Instagram: @denise_dutra.
A frase que abre esta reportagem foi extraída de uma postagem de Denise no Facebook, confira o texto na íntegra.
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