- Esporte
- 11 de abril de 2021
Giro Colorado | Dourado, Heitor e Nonato erraram feio, não podemos passar pano
Circula nas redes sociais uma foto de Rodrigo Dourado, Heitor e Nonato, com outras pessoas em uma lancha. Os outros fotografados são as esposas e namoradas dos atletas, além de amigos e familiares do nosso capitão. No total, cinco homens e cinco mulheres, em uma imagem com um belo cenário catarinense. Estão de folga, não seria nada demais, se não estivéssemos vivendo uma pandemia, com hospitais lotados e óbitos da casa dos três ou quatro mil diariamente.
Como repórter, minha função é apurar e narrar os fatos. Neste espaço, como colunista, tenho a obrigação de opinar. Não vou julgar o caráter, pedir punição ou execrar ninguém, não é a minha função. Mas também não posso ser omisso quando atletas colorados parecem desconsiderar o cenário em que vivemos.
Se na legenda da foto, postada como um story no Instagram, revela que eles estão “colecionando dias memoráveis”, a sociedade vive dias de tragédia. Conversando com um amigo, também jornalista, ele argumentou “os três jogadores convivem diariamente e também têm convívio com as suas esposas. Assim como os familiares do Dourado”. Entendo, mas discordo. A ideia de nos mantermos isolados, é exatamente para romper com a rede de contaminação.
Embora os jogadores sejam testados frequentemente, nada impede que um deles tenha sido infectado no último dia da folga. Mais fácil ainda é que qualquer uma das outras pessoas, que não são submetidas a tantos testes possa estar infectada. O contato entre os três colorados durante treinos e jogos não pode ser argumento.
Pense o seguinte, se você está trabalhando de modo presencial (o que é a realidade de muitos), você tem contato frequente com seus colegas e também com as pessoas que moram com você. Seguindo a lógica do convívio entre os jogadores, por que não marcar um churrasco da firma? Afinal, no local só estarão colegas e suas famílias, não é?
Torço muito para que todos que estão na foto cheguem em suas casas e permaneçam saudáveis. Enfrentei a covid-19 com um quadro leve. Não precisei ser hospitalizado, mas não desejo que ninguém viva dias como os que vivi, muito menos que enfrente a doença em seu modo grave. Mas, existe uma questão matemática. Quanto mais uma pessoas se expõe, maior é a possibilidade de contaminação.
Sendo assim, qualquer exposição desnecessária, é uma irresponsabilidade. Qualquer um que saia de casa, pegue um ônibus para trabalhar, passe o dia no emprego e volte para casa estará se expondo ao longo do dia, mas por necessidade. Saídas para baladas ou passeios de lancha, não são necessárias. As pessoas naquela lancha voltarão para as suas casas, irão no mercado, pegarão elevadores, conviverão com outros, que não aproveitaram um dia de sol com os amigos, porque o momento não é para isso.
Quando Jean Pyerre foi filmado em um pagode com amigos, as críticas foram severas. Os três jogadores do Inter cometeram o mesmo erro, não respeitaram o isolamento, deram um mal exemplo, se expuseram de forma desnecessária, colocando em risco também a saúde de outros. A cor da camisa que vestem não pode ser o critério do que é certo e o que é errado.