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  • 22 de abril de 2020

“Fui chamado de ladrão e saí de lá com a minha esposa morta”, diz idoso antes de novo depoimento

“Fui chamado de ladrão e saí de lá com a minha esposa morta”, diz idoso antes de novo depoimento
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Foto: Gabriel Siota Ganzer/Giro de Gravataí/Especial

O vigilante Everaldo da Silva Fonseca, de 62 anos, que denunciou a equipe médica e seguranças terceirizados Hospital Dom João Becker por uma série de crimes após o episódio do sumiço do celular de uma técnica em enfermagem, prestou um novo depoimento na tarde desta quarta-feira (22), em Gravataí.

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Acompanhado de sua advogada, Eliane Chalmes, o idoso conversou com a reportagem do Giro de Gravataí e afirma ter sido agredido, após segundo ele, ter sido humilhado durante a procura do aparelho, que logo foi localizado em uma sala ao lado. O caso ganhou repercussão nacional e mobilizou centenas de órgãos, entidades e advogados.

Ainda abatido pela perda recente da esposa, ele busca justiça e trouxe detalhes ao novo depoimento. “Voltei pra falar algumas coisas que não lembrei na hora lá na outra delegacia. Parece que as vezes isso é um sonho, que não é verdade. Tá sendo bem difícil pra mim, perdi a minha companheira de longa data, namoramos, casamos e agora ela se foi, mas vendo aquele gente me acusando de uma coisa que eu não fiz”, contou o vigilante, morador do bairro Bonsucesso.

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O idoso, que ainda trabalha para sustentar a casa, relatou como foi a madrugada do fato e diz ter a certeza de que sua esposa faleceu em decorrência da confusão. “Eu desço do ônibus no Centro e faço 40 minutos caminhando até o meu serviço, ali num posto de gasolina. Agora eles tão dizendo ai que eu fui mal educado, que eu causei tudo isso. Eu sou pobre, não tenho nada, mas sou honesto. Vi sim minha esposa morrer ali, quando via a injustiça. Quem sofreu a injustiça na vida sabe do que eu to falando”, contou ele.

Foto: Gabriel Siota Ganzer/Giro de Gravataí/Especial

Os relatos do idoso vão além, durante a conversa, Everaldo disse que não se importaria com o racismo que alega ter sofrido, se sua esposa estivesse viva. “Cara, eu não daria bola pra isso, pode me chamar de preto, sujo, mas não de ladrão, sou honesto. E se me chamassem disso com minha mulher viva, eu não daria bola. Mas ela morreu, estava falando comigo, quando fui cercado e me acusaram. Depois vieram com lanche pra tentar me ganhar.

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Parece que eu to condenado, eu que fiz algo de errado. Eu corro risco. Mesmo sem condições de ir trabalhar, preciso ir, mas tenho até medo de passar ali pelo hospital. O que eu passei ali é coisa de cem anos atrás”, finalizou Everaldo, chamado pela advogada para ser ouvido pelo delegado Márcio Zachello, responsável pelo inquérito. Ainda conforme Zachello, se confirmadas as denúncias, pelo menos três crimes poderão ser configurados.

Além de Everaldo e seu auxílio jurídico, militantes da Frente Quilombola RS estiveram na delegacia e acompanharam a conversa do idoso com a reportagem. Conforme o advogado e um dos responsáveis pela Frente, Onir de Araújo, a entidade servirá como suporte para o idoso e sua advogada, principalmente pela denúncia de racismo.

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