- Especial
- 13 de maio de 2021
Famílias protestam na Câmara após projeto que busca o fim das carroças em Gravataí
Um grupo de cerca de 70 pessoas se reuniu na frente da Câmara Municipal de Gravataí na tarde desta quinta-feira (13) em um ato de protesto contra um Projeto de Lei, protocolado pela vereadora e ativista da causa animal, Márcia Becker, que busca o fim das carroças em Gravataí. Em entrevista ao Giro de Gravataí, a vereadora explicou que o projeto não visa somente o fim das carroças, mas busca garantir outras formas de rendas para as famílias que dependem dos veículos de tração animal.
No entanto, o uso das carroças não se dá somente por conta do trabalho, como conta a moradora Daiane Melo, de 41 anos, moradora do bairro Rincão da Madalena. “Eu tenho um projeto solidário que eu uso a carroça pra ajudar o povo, faz seis anos isso já. A gente também não tem como esperar que venha dos outros. Então eu mesmo busco com a carroça as doações, levo para algumas pessoas, que se eu não fizer isso, eles não tem nem o que comer. Eu não posso puxar um carreta porque tenho problema no joelho e meu marido tem problema mental, inclusive é com a carroça que levo ele nos atendimentos”, disse a moradora à reportagem do Giro de Gravataí.
Já para a Patrícia Adriana Bitencourt, de 44 anos, o uso de carroças mantém sua família e agora também os seus filhos. “Eu tenho carroça desde que o meu esposo faleceu. Durante 14 anos eu puxei carrocinha e nunca ninguém me atacou na rua perguntando se estava difícil puxar, se estava sofrendo. Quando casei meu esposo me deu um cavalo e um carroça, na qual tenho até hoje e o cavalo é muito bem cuidado. O meu filho mais velho também já trabalha com carroça e este é o nosso sustento”, destacou.
Por conta da pandemia, o presidente da Câmara de Vereadores de Gravataí, Alan Vieira, promoveu um comissão com pelo menos cinco representantes do grupo para uma conversa na Casa Legislativa. “Eu com presidente tenho que ser o mais justo e isento. Assim como temos a vereadora que propôs o projeto, que eu também condenado veementemente os maus-tratos aos animais, nós temos que entender o lado da família trabalhadora que precisa colocar o pão para dentro de casa”, ressaltou o presidente.
O Projeto de Lei foi retirado da pauta e um grupo de trabalho, envolvendo representantes dos carroceiros, do Legislativo e do Executivo para debater o assunto.