Exclusivo | Polícia investiga esquema criminoso de venda de túmulos no Cemitério Municipal de Gravataí

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A Polícia Civil de Gravataí investiga um esquema criminoso que pode ter lesado cerca de 40 contribuintes e faturado mais de R$ 200 mil reais em pelo menos três anos em Gravataí. Durante dois meses, a reportagem do Giro de Gravataí apurou as denúncias sobre a venda de túmulos no Cemitério Municipal, na área central da cidade. Pelo menos três pessoas faziam parte do esquema que vendia sepulturas para aqueles que já procuravam um lugar no campo-santo ou até mesmo para quem precisava enterrar um ente.

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Comércio ocorria principalmente nas chamadas ‘gavetas’. Foto: Giro de Gravataí/Especial

De acordo com o delegado responsável pela investigação, Márcio Zachello, diversos casos estão sendo apurados para saber se houve a venda indevida dos túmulos, o que leva a investigação a enquadrar o caso no crime de peculato (desvio de dinheiro público). “De fato, existe uma investigação, na qual estamos apurando estas vendas irregulares. Ainda estamos em processo de apuração para saber se os valores cobrados eram correspondentes as taxas ou se havia algum tipo de desvio”, disse Zachello.

O suposto esquema

Ainda conforme apurado, o Cemitério Municipal, com cerca de 7 mil túmulos e duas mil ‘gavetas’, não comporta mais novos falecidos. Para pessoas de baixa renda, através do pagamento das taxas, num total que não ultrapassava mil reais, era possível realizar o enterro no cemitério do Rincão, também municipal, e que ainda dispõe de espaços.

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Entretanto, no Centro, o recebimento de novos ‘inquilinos da vida eterna’ não estava totalmente vetado. Uma funcionária concursada da Prefeitura de Gravataí, outro servidor não identificado pela reportagem e um ex-funcionário da empresa Mecanicapina – terceirizada e responsável pela manutenção dos cemitérios municipais, são suspeitos da prática.

Foto: Giro de Gravataí/Especial

Juntos, encontraram uma forma de ganhar dinheiro no comércio de sepulturas. A forma de pagamento adotada pelo grupo foge do modelo implantado pela prefeitura (realizado através de boletos), e era feita em forma de depósitos em uma conta particular, o que acabou chamando a atenção das vítimas da fraude. Em um dos casos, R$ 9 mil teriam sido cobrados para que o homem tivesse assegurado em seu nome um dos túmulos, mas que na verdade já pertenciam a outra pessoa.

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Depois do pagamento, o serviço mais fácil era feito. Um túmulo abandonado ou então com a ossada da pessoa enterrada era limpo e ficava à disposição do novo comprador. O resumo era duas famílias, sem ligação alguma, com a mesma sepultura. Ainda segundo testemunhas, a fraude ocorria principalmente nas gavetas, já que muitas estão abandonadas, possuindo apenas um número de identificação.

Funcionária está afastada

Consultado, o titular da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSU) de Gravataí, Paulo Garcia, confirmou ter conhecimento do fato, e que pediu o afastamento da administradora investigada. “Recebemos a denúncia sobre a irregularidade. Informamos à Polícia Civil, que está investigando, e optamos pelo afastamento da responsável até que termine o Processo Administrativo Disciplina (PAD) e a apuração da Polícia Civil”, disse ele.

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“Foi uma forma que acharam de ganhar dinheiro. Tá tudo cheio aqui, se não tiver a titularidade do túmulo, não consegue enterrar. As pessoas vinham aqui querendo comprar para futuramente usar. Quando isso acontecia, eles passavam para ela (ex-fiscal) e ela negociava a venda, contou uma pessoa ouvida pela reportagem.

O que diz a empresa

Através do gerente Juliano Soares, a empresa Mecanicapina, que presta serviços de manutenção nos cemitérios de Gravataí informou que colabora com a investigação da Polícia Civil, mas não confirma o desligamento do funcionário por conta da suposta fraude. “O funcionário pediu as contas no mês de abril, mas nada relacionado a este fato. Não estava de acordo com a política da empresa e foi embora. Referente às vendas, ficamos sabendo e estamos à disposição da polícia. A Mecanicapina tem o interesse de esclarecer estes fatos, e estamos em total colaboração, igualmente com a Prefeitura”, disse Juliano.

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A reportagem do Giro de Gravataí optou por não divulgar os nomes dos investigados até o fechamento do inquérito policial. Com isso, nenhum advogado de defesa foi ouvido até o momento.

Você sabe de algo? A Polícia Civil recebe denúncias anônimas pelo telefone (51) 3488-5733. A 1ª Delegacia de Polícia de Gravataí funciona na rua Carlos Linck, 57 – Centro de Gravataí. 

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