- Especial
- 8 de junho de 2021
Estadia, aluguel de pavilhão e sacos funerários: como Gravataí foi entreposto do roubo de R$ 130 milhões em Criciúma
Passados seis meses do maior assalto a banco da história de Santa Catarina, as polícias de pelo menos três estados ainda trocam informações sobre o roubo, orquestrado por no mínimo 30 criminosos, em sua grande maioria, integrantes da maior organização criminosa do país, o PCC. No entanto, nas primeiras horas de investigação do crime – que contou até mesmo com lives feitas pelos moradores de Criciúma, a polícia buscava localizar o paradeiro dos envolvidos em áreas próximas.
Esta seria a única chance para surpreender o bando, que armado com fuzis e metralhadoras amedrontou moradores na madrugada do primeiro dia de dezembro. Ao longo dos dias, a Polícia Civil de Santa Catarina foi confirmando as prisões de suspeitos do crime. No entanto, o dinheiro nunca foi localizado.
Estimava-se inicialmente que cerca de R$ 80 milhões haviam sido roubados, mas conforme o próprio Banco do Brasil, o valor levado foi de R$ 130 milhões. Apenas um milhão foi localizado, que foi a quantia jogada pelos criminosos na rua – tática para tumultuar o local do crime e ajudar na fuga.
Gravataí na linha
Durante os meses de investigação, 14 pessoas foram presas. Cinco delas no Rio Grande do Sul, inclusive um velho conhecido da polícia paulista. Márcio Geraldo Alves Ferreira, o Buda, de 34 anos, foi detido na Serra Gaúcha. Conhecido como General, o criminoso é um dos líderes da organização criminosa e braço direito do líder do PCC, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola.
No desmantelamento do bando, uma informação passara a circular entre as autoridades da segurança pública. Gravataí teria sido o entreposto dos criminosos. Durante a troca de informações, policiais militares do setor de inteligência do município passaram a filtrar as informações até que chegaram a um pavilhão, na Estrada dos Gravatás, no bairro Morada Gaúcha.
No local, os policiais realizaram buscas e identificaram no pátio um área com materiais que haviam sido queimados. Roupas, celulares e até mesmo capsulas de fuzil foram encontradas. A perícia foi chamada para coletar o material.
No interior do pavilhão, mais indícios da estadia dos criminosos na cidade. Um colchão, estoque de bebidas, sucos, águas e energéticos foram localizados. Além disso, um nootbook foi encontrado destruído. No local os policiais também recolheram documentos, entre eles a nota de um fabricante de sacos funerários. Na documentação, havia uma etiqueta com o número de lote 406.
A empresa informou à polícia que tal lote se referia à confecção de 700 unidades do produto, levantando mais suspeitas sobre o que a polícia já tinha, que o dinheiro pudesse ter sido enterrado. Um contrato de compra e venda, firmado em cartório, foi feito com o proprietário do imóvel.
O homem que fez a negociação é o mesmo que aparece nas investigações da polícia, mas que usa de diferentes identidades, e é considerado um exímio falsário. A suspeita é que ele também tenha alugado quartos de um hotel em Gravataí, às margens da ERS-118. No entanto, a polícia não informou se o local havia sido usado por mentores intelectuais do assalto, como o casal que teria planejado o crime, ou pelos chamados “linhas de frente” – que executaram o roubo na agência.