- Especial
- 15 de outubro de 2020
Escolas de Gravataí e região protestam contra o retorno das aulas e responsabilizam Leite pela vida de professores e alunos
Um grupo de diretoras e representantes das escolas públicas estaduais de Gravataí e região realizaram um protesto na manhã desta quinta-feira (15) por conta do retorno das aulas presenciais, anunciada ontem (14) pelo governador Eduardo Leite. Com uma faixa com os dizeres; “Leite caloteiro e genocida”, eles protestaram em frente a 28ª Coordenadoria Regional de Educação, com sede em Gravataí.
Conforme o CPERS Sindicato, um termo de responsabilidade foi endereçado ao governador para que ele se responsabilize ” pela vida e a saúde da categoria e dos educandos(as)”, diz trecho do documento.
Em agosto deste ano, um outro documento assinado pelos representantes de 20 escolas de Gravataí, Cachoeirinha e Viamão também foi entregue na 28ª Coordenadoria Regional de Educação, atestando o repúdio pelo retorno das atividades escolares. Nesta semana, o governador Eduardo Leite voltou a anunciar a retomada gradual das aulas presenciais, o que também não agradou o sindicato, que divulgou uma nota de repúdio.
Leia na íntegra
Diante da confirmação do calendário nesta tarde, o CPERS mantém seu posicionamento: o retorno às aulas presenciais é prematuro e irresponsável. A imensa maioria das escolas sequer recebeu os EPIs prometidos. Faltam profissionais, faltam recursos financeiros, falta estrutura e organização. Falta seriedade e respeito à vida.
Diversos estados, como São Paulo, governado por um colega de partido de Eduardo Leite (PSDB), anunciaram a realização de testes em massa antes da reabertura das escolas. Aqui a hipótese sequer é discutida.
É vergonhoso assistir o governador exibindo o artigo da Constituição sobre o direito à educação para justificar a retomada. O seu governo acaba de fechar seiscentas (600) turmas de EJA, efetivamente negando este direito a dezenas de milhares de jovens e adultos.
Desde que assumiu o Piratini, sua única política para a área é a da tesoura: cortar, enxugar, excluir. Ademais, se respeitasse a Constituição Estadual, honraria a promessa de campanha e faria o mínimo: pagar em dia quem educa.
Eduardo Leite também declara que profissionais pertencentes ao grupo de risco devem continuar em teletrabalho, mas empurra contratados(as)`para as escolas ao ameaçá-los com a dispensa após 15 dias de atestado. Para muitos, será preciso escolher entre o emprego ou a vida.
O governador mente, ainda, ao dizer que as entidades de classe foram consultadas. Primeiro porque o CPERS jamais recebeu qualquer convite formal para contribuir ao tema. Segundo; os resultados da consulta online do governo – que excluiu o maior Sindicato do estado – foram desrespeitados.
Também causa estranheza a falta de critérios do secretário Faisal Karam, que afirma: “muitos professores com mais de 60 anos ligaram pedindo para voltar ao trabalho pois não aguentam mais ficar em casa”. Nenhum embasamento ou dado concreto é apresentado para endossar esta curiosa percepção pessoal.
Como é de conhecimento público, as pesquisas realizadas até aqui demonstram que os gaúchos são amplamente contrários à volta das aulas presenciais. O retorno, portanto, não atende às necessidades ou ao desejo da comunidade escolar, mas aos interesses de agentes privados que valorizam o lucro acima da vida. Este não é um governo confiável. Suas promessas e suas palavras são vazias.
Ao contrário do governador, nós temos compromisso e responsabilidade com a educação. Jamais deixamos de cumprir nossas obrigações. Apesar da sobrecarga, da exclusão, do cansaço, dos salários atrasados e cortados, do desrespeito e da falta de reconhecimento, nós preferimos viver. A educação escolhe a vida.
Conclamamos a sociedade a se manifestar em todos os espaços possíveis, pressionando vereadores e prefeitos, eleitos ou candidatos, em defesa da vida.
Pedimos que resistam; não levem seus filhos às escolas, não assinem o termo de responsabilidade exigido pelo governo, não troquem um futuro possível por uma ilusão de normalidade. Não carreguem esta culpa para o resto da vida.
Escolas fechadas, vidas preservadas.